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João Medeiros é pediatra e presidente da Academia Paraibana de Medicina. E-mail: [email protected]

Venci a COVID!

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publicado em 31/12/2020 às 07h50

Após vários meses abordando esse tema, pensava que já havia esgotado o assunto que permeia o noticiário pelo mundo afora.

Desde a descrição dos primeiros casos na Província de Wuhan, na China, em dezembro do ano passado, não se fala em outra coisa. A descoberta do coronavírus, suas características, sua virulência e a capacidade de replicação no interior das células, desde logo foram identificadas.

A doença, em princípio, aparentemente endêmica assumiu proporções epidêmicas, e rapidamente pandêmicas. Nenhum país do globo, pobres ou ricos, escapou à sanha do malfeitor; e, aliás, curiosamente , países mais pobres do continente Africano, talvez mercê da força divina, têm logrado taxas de mortalidade nitidamente mais baixas.

Desde logo travou-se acirrada luta na busca de medicamentos capazes de refrear a multiplicação viral e reverter a famosa tempestade inflamatória de citocinas , que caracteriza a fase mais temível da enfermidade. Drogas antigas , com indicação off label, passaram a ser consideradas no arsenal terapêutico disponível, numa busca desenfreada pela cura, pela minimização desse mal atroz. Certamente nunca se produziram tantos trabalhos científicos sobre determinado tema, em tão pouco tempo.

Rapidamente, no mundo inteiro, houve grandes mudanças no sistema de saúde, numa tentativa de garantir a assistência a todos, sobretudo os pacientes mais graves, que necessitavam de ventilação mecânica, suporte circulatório e renal. E não raro constataram-se filas de espera – a escolha de Sofia – em face da saturação da capacidade de atendimento da rede pública. Neste particular, há que se louvar em nosso meio o esforço no sentido de garantir a todos um tratamento equânime.

Enfrentamos agora a fase mais promissora, quando as vacinas começam a ser liberadas e aplicadas: certamente uma luz no final do túnel, a esperança de que possamos banir da face da terra esse inimigo avassalador que implica graves repercussões sobre a morbimortalidade das pessoas, sobre o emocional dos indivíduos e a situação econômico-financeira das nações. É momento de união, de solidariedade e de adesão à imunização em massa, em detrimento de quaisquer interesses políticos e mesquinhos.

Nesse contexto, não esperava que pudesse empunhar a bandeira daqueles que apregoam a mensagem- Venci a COVID! Sim, e assim o faço no desejo incontido de transmitir a todos que passam por momentos difíceis, e a seus familiares, a mensagem de fé e de esperança. A doença é grave, mas a mortalidade atualmente é inferior a 3%.

Na condição de médico estive do outro lado do atendimento; de esculápio, passei a ser paciente, assimilando todos os temores de um leigo, acrescidos da ansiedade e do sofrimento inerentes à doença física e emocional, conhecendo todos os seus meandros e complicações. Considero-me um abençoado por Deus, porque contraí uma forma relativamente moderada, apesar de fazer parte do grupo de risco, e recebi tratamento domiciliar. Além do desconforto físico, é uma doença avassaladora, compromete seriamente o emocional. A possibilidade iminente de evoluir para um quadro mais grave, inclusive necessitando ventilação mecânica é assustadora. Acompanhar a evolução ( e o óbito) de inúmeras pessoas, sobretudo amigos e colegas é por demais estressante. A mídia, por outro lado, não fala de outra coisa!

E nessa hora, sentimos o quanto a empatia e a solidariedade são importantes, e não unicamente o arsenal terapêutico disponível. A doença é grave, mas ganhos significativos foram obtidos em termos de redução da mortalidade. Um olhar de otimismo e esperança se vislumbra no horizonte. Não negligenciemos as medidas protetivas. As vacinas estão aí!

Vamos vencer! EU VENCI A COVID!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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