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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

O nome dela é Chica Britto

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publicado em 18/08/2020 às 07h00
atualizado em 18/08/2020 às 06h01

Não, não vou quebrar nossos pratos e xícaras assinados por Romero Britto, até porque são de plástico e é onde comemos feijão, arroz, cozido, pirão, saladas e tomamos café. Ou, o chá das 5. Nem me surpreendeu a atitude da mulher que quebrou uma das peças do artista na frente dele. Pow! Na pandemia tem acontecido de tudo, inclusive, uma quebradeira geral.

Já era, uma peça de porcelana e, aos gritos, a mulher dizia: “Nunca mais vá a meu restaurante, nem ofenda minha equipe. Eu te respeitava”. Isso dela dizer eu te respeitava, é muito forte. Talvez, a falta de respeito do artista com os funcionários do restaurante, tenha soado pior do que o ato de jogar no chão uma obra de arte, presente do maridão de Chica de Brito. Insignificativo? Que nada. E vazo ruim se quebra?

São conhecidas e facilmente virilizadas as loucuras das pessoas, os chamados surtos, na maior parte, “monocromos” – ou quase, já que a loucura não tem cor. Nessas imagens que circularam o mundo, predominam uma porrada frequentemente imitada, (a lista dos enlouquecidos cresce dia após dia) Obrigado, Internet!

Quanto a mim, que não sou todo mundo, vejo a confusão como atos aloprados ou fracassados – com pleno conhecimento de que sucesso e fracasso se bicam, mais do que nunca, se admitirmos, na esteira de Freud, que o ato falho é o único ato que pode ser bem-sucedido sem fracasso. Bom, nem tanto. Freud não explica nada.

Por essa cena desenfreada, por essa busca do inatingível – aí onde se determina o infinito particular de cada um, o umbigo, do material ou do insuperável -o artista Romero Brito não esperava. A cara dele, o autorretrato embasbacado, como uma emergência e um retraimento. Que delírio. Se oriente, rapaz!

Falando em se orientar, o melhor é a gente se impor, essa é a maior lição que podemos dar. Não deixe que ninguém mande em você ou se meta na sua vida. A sacada é se impor, se a dose não resolver, faça um “BO” online.

Voltando ao tema, a mulher que tem um restaurante próximo ao ateliê do artista em Miami, disse que ele reservou vinte lugares para tomar café, que custa oito dólares. Vejamos a tradução: “Você foi ao meu restaurante e reservou para vinte pessoas para tomar café da manhã a um preço de US$ 8, o que é barato, e nos pediu desconto. Você humilhou o meu pessoal, pediu para desligar a música, pediu a eles que não falassem (…) Foi humilhante! Para uma pessoa honesta e respeitável, você carece de humildade. Exijo que você nunca mais volte ao meu restaurante.”.

Tem gente que adora humilhar garçom, entregador de pizza, diaristas, o diabo a 4. Mas Romero é luxento e está na cara que ele não conhece a lei de Chico Brito. Nesse episódio, de Chica Brito, a destemida.

Aí onde não estou, na arenga da dupla, no bateu, levou, eu conto ou vocês terminam? Eu nunca estou por dentro mesmo dos acontecimentos eu fico só na beirinha.

Kapetadas

1 – A ilustração do texto é de Rodrigo Botero.
2 – Se acaso me quiseres sou dessas mulheres que só leem Nietzsche.
3 – O que Tim Maia mais adorava em Nietzsche era o Eterno Retorno.
3 – Som na caixa: “Acha-se com o direito, de querer me humilhar. Quem és tu?. Quem foste tu?. Não és nada”, de Mauro Duarte

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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