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Uma Eleição de Paradoxos e Lições

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publicado em 03/12/2018 às 09h05
atualizado em 03/12/2018 às 09h06

A eleição da OAB Seccional Paraíba, realizada na última quarta-feira, 28, consagrou a recondução de Paulo Maia ao comando dos destinos da instituição por mais três anos.

A vitória não veio com facilidade. Ao contrário, seus adversários recorreram a sofismas para tentar macular sua imagem e a de sua gestão. Por fim, acabaram mais o ajudando do que atrapalhando, numa disputa que foi marcada por paradoxos.

A ascensão de Paulo Maia em 2015 representou uma ruptura com o modelo tradicional de aparelhamento da OAB com os grandes escritórios. Com Maia, a jovem advocacia ganhou um espaço que nunca teve, renovando os rostos e dando dinamismo as comissões. Trazendo inovação na prestação dos serviços, ações de empreendedorismo e de capacitação que são marcas acentuadas de sua gestão.

Os resultados tiveram significados tão grandiosos para a advocacia, que os oponentes foram forçados a praticar todo tipo de contorcionismo retórico para tentar desconstruí-la.

Analisemos Sheyner Ásfora.

O candidato pela Chapa 2, até a véspera da inscrição das candidaturas era dado como certo no posto de vice da chapa de Paulo Maia, visto por ele como uma figura operosa, honesta e competente. Mudou de ideia e de discurso. Ao optar por se lançar candidato – não antes de tentar buscar guarida na Chapa de Carlos Fábio –, da noite para o dia, passou a denunciar a suposta “falta de transparência” daquilo que passou a chamar de “caixa-preta” da OAB.

Áfora, só não percebera, entretanto, que ao empunhar de forma tão agressiva a espada dessa narrativa, expôs não apenas seu opositor, mas a própria instituição, que saiu com a imagem arranhada perante a sociedade. Uma conta cara que a advocacia irá lhe cobrar em parcelas robustas, a primeira foi agora.

Diante da realidade, seus argumentos foram vistos como um paradoxo pelos advogados. Não era para menos. Como acreditar na existência de uma “caixa preta” se quem a denuncia utiliza dados que estão disponíveis no portal da transparência da própria OAB? A ferramenta, atualizada trimestralmente, traz, entre outras coisas, o gasto com passagens, como as 2 utilizadas pela ABRACRIM – entidade presidida pelo oposicionista qualquer prestação de contas – em evento recente.

No seu turno, Carlos Fábio (Chapa 5), foi outro que, sem perceber, entrou em um paradoxo temporal. Sua crítica à mudança de posição de Paulo Maia quanto à candidatura a reeleição esbarrava no próprio discurso. O presidente REELEITO da Caixa de Assistência dos Advogados, ironicamente emprestava apoio à REELEIÇÃO (consolidada) do atual presidente da Subseção de Campina Grande, Jairo de Oliveira. Tamanha ironia foi motivo de graça entre os colegas da região da Borborema durante toda campanha.

A chapa 5 ainda produziria outras aberrações.

O uso irresponsável de uma denúncia infundada de assédio contra o secretário geral da OAB, Assis Almeida (um gigante neste processo), levou o nível da disputa para o esgoto, mas também deu a gestão a possibilidade de esclarecer os fatos reais e a recompor a verdade.

O maniqueísmo da chapa ainda produziu um garrancho publicitário que chamou atenção de todos. Uma peça depreciativa comparava os candidatos a conselheiro federal da chapa 5 com os da chapa 1, a vergonha causada pela peça se estendia a legenda que fazia referência aos “melhores do mercado”. A infeliz referência a mercantilização da advocacia ganhou repercussão negativa local e internacional.

Entre os “melhores do mercado” estava um candidato ao conselheiro federal que vem a ser advogado da Associação dos Magistrados da Paraíba, algo que em suma não seria um óbice, se o colega se limitasse a apenas advogar para entidade, mas, no momento em que se colocou na disputa por um cargo na Ordem, a perspectiva de uma vitória (que não veio) criou um paradoxo em torno de si: Quem ele defenderá quando os interesses entrarem em conflito?

Bem, no episódio do fechamento das comarcas em diversas regiões do estado, o então candidato a conselheiro, defendeu publicamente a extinção dos órgãos, acompanhando o entendimento da entidade da magistratura em detrimento do posicionamento contrário da OAB/PB em defesa da advocacia e da sociedade.

Tamanhas dissonâncias foram percebidas pela advocacia paraibana que se pôs a analisar e optou pela continuidade do serviço que vem sendo prestado por Paulo Maia.

A expressiva vitória de Paulo Maia (com a diferença de 1133 votos) deixou lições para todos…

Sheyner aprendeu a lição de que não vale tudo pelo poder. A OAB/PB é maior do que quaisquer ambições, por mais legitimas e atraentes que elas possam parecer.

Para Carlos Fábio, a lição que fica é a mesma de Sheyner, somada a compreensão de que ciclos se encerram. Após 12 anos, é difícil que o dele não tenha se encerrado.

Professor, Maia, também tirou lições desta peleja.

Ao revisar o posicionamento de não reeleição feito na eleição passada, Paulo entrou na disputa apresentando certa fragilidade no discurso. Porém, o acirramento dos adversários em outros temas acabou encobrindo esse debate e ele teve a oportunidade de se justificar e crescer com suas respostas seguras e a prestação de contas do mandato.

Reeleito, Maia aprendeu uma lição muito importante: quem se dispõe a exercer mandato de representação – popular ou de classe – tem, na maioria das vezes, sua vontade individual posta em segundo plano, o que redobra a responsabilidade sobre aquilo que se diz e que se faz.

A advocacia lhe deu a oportunidade de levar essa lição para toda a vida.

É isso… na eleição dos paradoxos deu Paulo, de novo.

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