João Pessoa, 29 de março de 2014 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Um em cada cinco adultos britânicos recusaria um convite para ir a um casamento gay, revela uma nova pesquisa de opinião.
O levantamento foi feito pela Radio 5 live, da BBC, com 1.007 pessoas, antes da entrada em vigor, neste sábado (29), de uma lei que legaliza a união entre pessoas do mesmo sexo na Inglaterra e no País de Gales.
Do total de entrevistados, 68% se mostraram a favor da legalização do casamento gay, enquanto que 26% disseram se opôr à nova lei.
A pesquisa também mostrou que os homens são duas vezes mais suscetíveis a declinar de um convite para ir a um casamento homossexual do que as mulheres.
Um ativista de direitos gay afirmou que as atitudes das pessoas foram ‘incrivelmente positivas’.
Um porta-voz para lésbiscas, gays e bissexuais da ONG Stonewall reiterou a importância de que quatro em cada cinco pessoas aceitariam um convite para ir a um casamento gay.
‘Fanático ou intolerante’
Representantes da Igreja Católica, no entanto, receberam com desconfiança os resultados da pesquisa.
Segundo eles, o levantamento não reflete a realidade, uma vez que as pessoas se sentem desconfortáveis ao falarem abertamente sobre seus verdadeiros sentimentos quanto ao casamento.
‘Como a Igreja, nós amamos aqueles que buscam uma união homossexual, mas nosso amor por eles exige que falemos (com eles) sobre o verdadeiro significado do casamento’, disse o padre Edmund Montgomery, da diocese de Shrewsbury, em Manchester.
‘Tenho certeza de que para este um quinto dos entrevistados, não foi fácil falar abertamente que não gostaria de ir a um casamento gay. Mas eles tiveram a integridade de fazê-lo’, acrescentou.
‘Na nossa cultura moderna, está ficando incrivelmente difícil ter um debate aberto sem ser chamado de fanático ou intolerante’.
‘É irônico que aqueles que defendam a tolerância não sejam tolerantes com aqueles que discordam de suas convicções’.
Para Montgomery, muitas pessoas participariam mesmo a contragosto de um casamento gay sob pena de não serem taxadas de ‘extremistas’.
Ele acrescentou que o governo não deveria interferir em assuntos religiosos.
A pesquisa sugere, entretanto, que uma proporção substancial dos entrevistados observa com reservas a união entre pessoas do mesmo sexo – 58% dos entrevistados acham que o casamento gay é diferente da união heterossexual.
Marco divisório
Entre os que afirmaram que não iriam a um casamento gay, 29% eram homens e 16% mulheres.
A pesquisa também revelou que o apoio ao casamento gay é maior entre pessoas mais jovens.
Cerca de 80% dos entrevistados entre 18 e 34 anos se mostraram a favor da união homossexual, comparado a uma taxa de 44% acima de 65 anos.
As mulheres também demonstraram maior receptividade, com 75% delas apoiando a união homossexual contra 61% dos homens.
Mais da metade das pessoas entrevistadas afirmou não considerar homofóbico quem se opõe à lei que permite o casamento gay.
A ONG Stonewall disse entender que que nem todo mundo apoia a união homossexual, mas afirmou que a lei não afetaria quem se opõe à medida.
‘Casais de mesmo sexo estão vivendo relacionamento amorosos e comprometidos e o mundo não acabou por causa disso’, afirmou o porta-voz da entidade.
Ele afirmou que a prevalência das uniões civis foi um fator ‘incrivelmente importante’ para pavimentar o caminho rumo ao casamento gay.
‘Esse é um marco decisório e, pela primeira vez, um jovem gay poderá ter o seu relacionamento avalizado da mesma forma do que o de seus pais’, afirmou o porta-voz.
‘Como ativistas e parlamentares afirmaram no passado, a primeira coisa que os pais dizem a um filho ou a uma filha que se declara gay é ‘Você nunca poderá casar’. Agora eles sabem que podem’, concluiu.
G1
NA ONU - 23/09/2025