João Pessoa, 29 de julho de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
AnnMaria De Mars é conhecida por ter sido a primeira mulher na história dos Estados Unidos a conquistar um título mundial no judô, em 1984. O feito no esporte rendeu frutos, a fez famosa, mas hoje ela é conhecida por outro feito. Ela gerou a lutador de MMA mais dominante que a modalidade já viu, Ronda Rousey. No Rio de Janeiro para acompanhar a filha em sua sexta defesa de cinturão, que acontece neste sábado, pelo UFC 190, contra Bethe Correia, AnnMaria tirou um tempo para falar sobre suas expectativas para o confronto enquanto passava pela entrada do hotel onde está hospedada.
Aos 56 anos, a mãe de Ronda, que apesar de não treinar mais com tanta frequência ainda tem um trabalho que tome muito de seu tempo – ela faz parte de uma empresa que desenvolve games – mas ainda assim faz questão de marcar presença nas apresentações da filha em sua trajetória no MMA, algo que ela não pôde fazer, por exemplo, nas participações de Rousey no Pan-Americanos de 2007 e no mundial de judô do mesmo ano, onde sua cria conquistou uma medalha de ouro e uma de prata, respectivamente.
– Essa é na verdade a minha primeira vez no Brasil. Nunca tinha vindo aqui antes. No Pan e no mundial eu estava em casa trabalhando muito. , trabalho em uma empresa de softwares, faço videogames. Tenho que trabalhar. Quando ela era mais nova eu tinha de trabalhar muito para poder pagar tudo. Mas agora o UFC paga tudo, então é ótimo – brincou.
Ao ser questionada sobre suas expectativa para a luta e o desejo de Ronda em prolongar o combate para aplicar uma surra duradoura na rival Bethe, a mãe diz que gostaria de ver a filha quebrando o braço da rival caso queira se vingar de alguma provocação da brasileira que a tenha abalado.
– Falei a ela que essa (prolongar a luta) é a ideia mais estúpida. Se ela quer dar seu recado, pegue o braço dela e torça até 45º para trás. Isso mandaria uma mensagem. Aí tudo estaria acabado e nós poderíamos crescer. Eu e as irmãs dela falamos a mesma coisa, temos muitos argumentos a respeito – explicou.
Confira um bate-papo com AnnMaria De Mars, mãe de Ronda Rousey
Você ficou tão ofendida quanto Ronda com o comentário polêmico feito pela Bethe Correia?
É um tópico muito sensível. É tipo… Ela enfrentou Cat Zingano, o marido dela faleceu (também por suicídio, assim como o pai de Ronda). Ronda nunca falou nada sobre isso. Você pode falar coisas, mas tem algumas coisas que não se fala. Não se ultrapassa o limite, não se traz isso à tona. Não se usa isso para chamar atenção ou fazer a luta mais empolgante.
Você diria que tornar a luta pessoal foi uma má ideia de Bethe?
Acho que no início foi uma boa ideia, pois qualquer pessoa que seja um competidor deve pensar que é melhor que seus rivais. Não é errado você pensar: “Eu sou a melhor do mundo”, pois você acredita nisso de qualquer jeito. Claro que acho que ninguém é capaz de bater Ronda, mas como competidor você tem de acreditar em si. Com essa parte foi “ok”. Mas acho que ela foi longe demais. No começo, falar sobre as amigas e tudo mais… As pessoas fazem isso.
A Ronda já te falou algo sobre isso?
Ela apenas me diz: “Não se preocupe, eu vou vencer. Seja em dez minutos ou dez segundos”. Já falei que dez segundos seria melhor, pois estou velha (risos).
Parece ser importante para Ronda que a família a veja batendo em Bethe. Também é importante para a família ver isso?Que tipo de conselhos você dá a ela?
Ela chegou até aqui com o judô e não pode se esquecer disso. Muitas dessas garotas querem o que você tem, então não tente provar um ponto finalizando ou nocauteando alguém. Lembre-se de onde você veio. E então elas vão lembrar de você.
É sempre importante para nós estar com ela, até para Jennifer, que nunca pode participar de nada, ela está vindo. Isso se tornou mais pessoal, pois Ronda e Jennifer tem o mesmo pai. Mas mesmo que não viéssemos para a luta, estamos juntas depois. Não imaginávamos que ela seria grande e durona. Ela era a bebê de nossa família. Ela sempre será nosso bebê. Então eu e as outras três irmãs estamos sempre preocupadas em protegê-la. E quando tudo acaba ficamos aliviadas e podemos relaxar.
Você já teve alguma rival de quem não gostasse assim?
Alguém que eu realmente não gostava? (…) Eu não gostava de nenhuma das minhas rivais, Ronda é muito mais legal do que eu. Eu odiava todas elas. Queria quebrar o braço de todas que enfrentava. Depois, quando se tem filhos se fica mais calma (risos).
Qual o seu palpite para a luta de sábado?Qual a expectativa para tirar uns dias de férias no Brasil após a luta?
Estou muito empolgada em passar um tempo com as minhas meninas, pois eu nunca tiro um tempo de férias. Temos um grupo de tecnologia com o qual estamos trabalhando, um novo game está vindo aí, então trabalho o tempo todo. Quase não fico com elas. Aí penso quando terei a chance de ficar com todas as minhas meninas juntas? Estou muito animada. Ouvi que Copacabana é muito bonito. Sei que vou ficar na praia por um tempo e depois trabalhar o resto, mas será legal. Ja fui a muitos lugares com Ronda, acabei trabalhando, mas agora vamos descansar e curtir.
Falei para ela acabar com uma chave de braço. Tivemos essa conversa, falei: “Sabe de uma coisa, não tenta fazer a vontade das pessoas. Não seja estúpida, não tente provar nada e não tente sair dando socos.”. Ela respondeu: “Mãe, eu juro, eu tento a chave de braço, mas às vezes nocauteio no meio do caminho”.
Lancenet
Em João Pessoa - 08/11/2024