João Pessoa, 25 de agosto de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A adultização de crianças e adolescentes se caracteriza quando os jovens são expostos a comportamentos, responsabilidades ou experiências que pertencem ao mundo dos adultos, antes mesmo de estarem prontos fisicamente e psicologicamente para isso. Esse atropelamento das fases do desenvolvimento do ser humano, acelerando comportamentos, assumindo agendas cheias de compromissos, usando roupas ou maquiagens que imitam os adultos e exposição exagerada às redes sociais, com acesso a conteúdos destinados a adultos, é o que caracteriza a denominada adultização de crianças e adolescentes.
Este fenômeno, muito comum na sociedade contemporânea, tem sido alicerçado, especialmente pela atual cultura capitalista, hedonista e imediatista vigente, e, sem sombra de dúvidas, compromete seriamente o desenvolvimento emocional, social e cognitivo destes jovens,
O assunto em comento, tem sido pautado exaustivamente na imprensa brasileira, e foi despertado pelas denúncias partidas do influenciador digital paranaense, “Felca”, que chamou a atenção da sociedade e autoridades sobre atuação e conduta de um outro “influencer” / dançarino”, residente aqui no estado da Paraíba, o qual, segundo afirma o denunciante e também o ministério público deste estado, estaria praticando condutas ilegais, como: exploração de menores de idade, tráfico de pessoas, exposição de imagens de cunho erótico/sexual desses jovens, contando para tanto, por vezes, com a conivência e possível participação direta ou indireta de alguns familiares destas vítimas.
É importante alertar que, a promoção da adultização indevida, maléfica e às vezes até ilegal, de crianças e adolescentes, não é exclusividade da mídia e ou de influenciadores digitais, o estímulo e apoio a esta prática geralmente começa, mesmo que inconscientemente, no ambiente familiar. È comum que esses jovens sofram pressão para se comportarem como adultos, afastando-se das brincadeiras e atividades relativas à faixa etária dos mesmos, e que são indispensáveis e essenciais para a evolução psicofísica e, consequentemente, o bom desenvolvimento emocional, laboral e social. Com este citado atropelamento de fases desenvolvimentais, as crianças e adolescentes começam a se preocupar prematuramente com coisas como aparência física, ganho financeiro, status social etc., perdendo momentos preciosos para a construção do bem viver.
Assim, é importante que pais e mães estejam sempre comprometidos com essa proteção às suas crias. A obrigação primeira de educar crianças e adolescentes com hábitos éticos, morais, de saúde, socialização etc., pertence aos pais e familiares. Infelizmente, muitos desses seres em formação, em especial os adolescentes, têm tido sua formação social e educativa alicerçada não pelos bons exemplos e conselhos da família, e sim por aqueles advindos de pessoas outras, sem nenhum compromisso com a boa educação e formação dos seres humanos, mas com a preparação de indivíduos vazios de senso crítico, autoestima e fraternidade social, em que a aparência cuidadosamente preparada artificialmente e publicada nas redes sociais tem mais importância que a essência real e incompleta das pessoas.
Portanto, pais e mães, não sejam os primeiros a adultizar suas crianças e adolescentes. Respeitem o ciclo natural do desenvolvimento destes. Fiquem atentos e vigilantes não apenas ao que acessam nas redes sociais, mas também ao excesso de tempo a estas dedicado e a quem são suas companhias no dia a dia. Alguns sinais como: isolamento social, segredos exagerados, preocupações excessivas com as tarefas de adultos, comportamento sexualizado e prematuro, foco desproporcional em relação a status social e aparência etc., podem ser alertas de adultização destas crianças e adolescentes.
Cuide bem da sua cria, ajude-a a ficar longe das pressões da adultização, não delegue ou negligencie esta responsabilidade que é sua. Não deixe morrer emocionalmente, fisicamente e prematuramente a criança e o adolescente que você pôs no mundo e tanto ama!.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
BOLETIM MÉDICO - 25/08/2025