João Pessoa, 12 de agosto de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A vida do ser humano, seja no aspecto individual ou social, nada mais é do que uma cadeia única de processos de aprendizagem. Assim sendo, a educação humana não é moldada apenas de maneira formal nos bancos escolares estudando inúmeras disciplinas, mas principalmente, pelo aspecto informal, por meio da imitação, da convivência com a família, os amigos, o meio ambiente em que convive, e os modelos de cultura vigentes na comunidade.
Com o advento da internet e, consequentemente, das redes sociais, o acesso às informações se tornou muito mais ágil e fácil, com isto, a sociedade contemporânea tem acesso a uma gama interminável de muitas informações, sejam estas verdadeiras ou não, educadoras ou de cunho deseducador, negativo e até mesmo alienante, e desta forma, nem sempre o acúmulo de informações significa conhecimento educativo.
As informações educativas para crianças e adolescentes antes eram transmitidas essencialmente pelos pais e educadores escolares e, nestas lições, as crianças e os jovens aprendiam, não apenas a fazer coisas e entender as coisas, mas a serem seres humanos éticos, saudáveis e socializantes, mas na atualidade quem assumiu este lugar foram as mídias formais e informais patrocinadas pelas empresas, legais ou não, cujo objetivo é apenas o lucro financeiro e quase nunca a educação de pessoas saudáveis, independentes e bem informadas. Os chamados “influenciadore(a)s digitais” estão cada vez mais assumindo o lugar dos antigos educadores, com seus apelos bem ensaiados e alienantes, e assim, contribuindo para a formação de jovens forjados e alicerçados em uma cultura consumista ao extremo, em que quase tudo é descartável, desde o copo para beber água até as relações familiares e sociais. Além disto, as mensagens transmitidas por esses novos formadores de opinião, na maioria das vezes são de pouca ou nenhuma utilidade para a construção de seres humanos bem informados, ordeiros, éticos e verdadeiramente humanos no sentido literal da palavra. Como diz o Dr. Luis Henrique Beust, consultor internacional em educação para a paz, “…o conhecimento, por si só, pode ser perigoso. Se for imperfeito, ou incompleto, será causa de sofrimento, e melhor seria não tê-lo…”.
O conhecimento, inclusive científico, só é construtivo, quando é compartilhado com a sociedade promovendo benefícios, enquanto que aquele que fica restrito ao portador das informações ou que, mesmo sendo socializado, nada contribui para o bem estar e engrandecimento dos seres humanos, constitui-se na melhor das hipóteses, apenas em palavras que começam e terminam em simples palavras.
O poeta inglês William Wordsworth é autor de uma sábia frase que diz: “A criança é o pai do homem”. Isso significa que, mais do que o destino da espécie, o destino pessoal de cada ser humano está na dependência de uma boa educação. Esta determina o grau no qual os potenciais inatos de cada pessoa serão explorados e utilizados para o seu próprio proveito e para o benefício da sociedade. Ou seja, a medida da autorrealização de cada indivíduo está ligada indissoluvelmente ao tipo de educação que lhe é concedida. Nas palavras de Jean Piaget, “… a meta principal da educação é criar homens capazes de fazer coisas novas e não apenas repetir o que outras gerações fizeram…”.
O modelo cultural consumista vigente na sociedade moderna, em que o processo dito progressista visa apenas à materialização, racionalização e mecanização de tudo, em detrimento de um ser humano pensante, crítico, limitado e falível, está promovendo a desumanização do ser humano e a “humanização” das coisas.
Deve-se admitir ainda, que, praticamente todas as “tribulações” que a sociedade enfrenta, têm como causa a ação humana, ou seja, nós seres humanos na grande maioria das vezes é que somos os causadores dos nossos problemas. Também é fato que as nossas crenças, sentimentos, paradigmas culturais, pessoais e coletivos, influenciam na maneira que enxergamos e ou enfrentamos as adversidades.
Assim, para se construir uma sociedade mais humana, sadia, e menos escrava da prodigalidade reinante, onde as pessoas valem o que têm e não o que são, será necessário redesenharmos o modelo cultural de esbanjamento em vigor, pois tal comportamento acarreta muito mais prejuízos à sociedade que o uso indevido dos diversos tipos de drogas isoladamente.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
VÍDEO - 08/08/2025