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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

O julgamento de Fouquet

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publicado em 08/06/2025 ás 07h00
atualizado em 08/06/2025 ás 08h35

Olhando de longe, a figura de Nícolas Fouquet está em todas as partes do mundo. Seu julgamento, que começou em 3 de março de 1662, foi marcado por milhares de processos e debates. A acusação, liderada por Pierre Séguier, apresentou 120 artigos de acusação contra Fouquet. 

A prisão aconteceu um ano antes, em setembro de 1661, planejada por Jean-Baptiste Colbert, o novo ministro das finanças da França, que abocanhou o lugar de Fouquet e simulou consolidar o poder financeiro sob o controle do rei Luís XIV. 

A acusação de desvio de fundos e outras práticas ilegais foi utilizada como justificativa para a prisão, embora os motivos políticos por trás da decisão fossem mais amplos. Muito mais.  

O processo ficou estagnado e os interrogatórios começaram sem que o réu tivesse conhecimento dos documentos apreendidos ou notificado de nenhum documento processual. Não tem muita diferença do que acontece hoje. 

Vamos lá –  visitar o museu do Instituto Ricardo Brennand em Recife, e não assistir ao julgamento de Nícolas Fouquet, é perder a viagem, mesmo diante da imensidão de esculturas, pinturas, artes sacras etc. O julgamento acontece na última sala. 

A cena paralisada e em movimento, aumenta a interação do público com os personagens de cera, em tamanhos normais, bem-vestidos, com cabelos humanos e caras estranhas. É uma cena impressionante e instintiva.

Poder e roubalheira. Foi o que aconteceu com o todo-poderoso ministro das Finanças da França, Nícolas Fouquet que cai em desgraça e é preso em Nantes, a sexta maior cidade da França.

Coube a Nícolas Fouquet se aproveitar do cargo e enriquecer. Assumindo funções complementares de procurador-geral e membro do Conselho do rei, tornou-se, aos 46 anos, o homem mais influente e o mais rico do reino. Isso acontece até hoje – só que bem escancarado –  os roubos do dinheiro público no Brasil

O roubo das contas dos aposentados do INSS em nosso país, não terá julgamentos, são muitos ladrões. Mais de 40;   

 Dotado de bom gosto como requer o poder, o mecenas Fouquet fez-se rodear dos maiores talentos de sua época. Seu trato agradável e mais ainda sua generosidade lhe garantiam numerosos e fiéis apoios entre as pessoas influentes da corte, entre elas a rainha-mãe Ana da Áustria. Ele se acreditava intocável. Muitos agem assim, alguns sucumbem, outros seguem roubando.  

O Instituto Ricardo Brennand em Recife é um espaço de cultura de grande importância, inaugurado há 23 anos, que salvaguarda um valioso acervo artístico e histórico originário da coleção particular do industrial pernambucano Ricardo Coimbra de Almeida Brennand. É o conhecimento quem nos convida a essa relação simétrica, entre quem visita e quem aprende. O espaço é, em si, uma obra completa.

Muitos pensam que Nícolas Fouquet é aquele que está sem camisa, (pobre-diabo), mas  Fouquet é esse um primeiro plano. É que o rei realizava o julgamento dos pobres e poderosos juntos”, disse o guia.

Olhando de perto Nícolas Fouquet está em todos os personagens.

Kapetadas

1 – Os únicos que deveriam falar sobre a morte são os que já morreram.

2 – Faz de conta que eu sou fraude do INSS e finge que não existo, ok?

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB