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Kubitschek Pinheiro/Portal MaisPB
Donatinho, músico e filho do renomado artista João Donato, lançou o álbum “Sintetiza2”, segunda parceria com seu pai, que morreu em julho de 2023, aos 88 anos. O álbum contém as últimas gravações feitas por Donato em vida, celebrando seu legado e trajetória musical.
O disco tem participações de Russo Passapusso, Joyce Mor
Embora boa parte das canções do disco tenha a assinatura de ambos, o repertório traz a marca registrada dos dois
Donato filho reina em canções que exigem um groove mais pesado – caso de “Love Law” e principalmente “Feeling of Love” e “Sunshine”, que trazem somente a sua assinatura. “Donatinho`s Lullaby” é um dos momentos mais belos do disco. Ela nasceu como “Canção de Ninar para Donatinho”, uma composição de João Donato cuja partitura foi encontrada depois da morte do músico.
O produtor Habacuque Lima, do estúdio Trampolim e do selo Sound Department, terminou o rascunho da partitura num papel com furinhos e tocou a melodia pela primeira vez numa caixinha de música real.
Donatinho conversou com o Portal MaisPB e traz as lembranças e o aprendizado com o pai e muito mais. O artista fala das canções de “Sintetiza2” e festeja conosco o amor que ele tem pelo Nordeste: “Já toquei em todas as capitais e várias cidades do interior também. Sou fã das praias, da comida e do povo do nordeste”.
MaisPB – Rapaz que disco bonito, incrível com seus experimentalismos – esse disco é a continuação daquele Sintetizamor de 2017 que fizemos uma capa – mas você falou que não tinha planos de dar sequência a esse som, mas ficou bom demais, é?
Donatinho – É verdade! Eu considero o Sintetizamor o projeto mais importante da minha vida. Ao longo dos meus 24 anos de carreira, eu tive o privilégio de tocar nos palcos e no estúdio, com grandes artistas da música brasileira e muitos deles eram meus ídolos desde a infância, incluindo o meu pai. Apesar de já acompanhar o Donato desde os 16 anos nos shows dele pelo Brasil e pelo mundo, até antes desse álbum, ainda não tínhamos feito um trabalho autoral. Nessa época eu tinha acabado de montar o meu estúdio (Synth Love), todo dedicado à minha coleção de teclados vintage. Foi então que sugeri a ele de fazermos algo diferente de tudo que ele já tinha feito antes: Um álbum de composições nossas, com sonoridade pop-dançante e cantado por nós dois.
MaisPB – A primeira faixa Marina é uma festa, mistura tudo, o Rio e umbigo do mundo, sereias, pé na areia e tem umas vozes de um coral super bacana – vamos falar dessa canção?
Donatinho – Ela representa a latinidade do Donato, a influência afro-cubana dele. Tem a participação especial do Russo Passapusso que também é parceiro na letra dessa música. Ali Donato fica bem à vontade, tocando bem do jeito dele e o refrão nós cantamos juntos.
MaisPB – Seu pai chegou a ouvir algumas dessas canções antes de sair o disco? Qual foi a reação dele – aliás, ele está no disco todo, né?
Donatinho – Ele ouviu todas antes da fase de mixagem. Ele até brincava dizendo: tá muito bom! Vamos lançar. E eu dizia: calma, ainda faltam uns detalhes (risos).
MaisPB – `Intuir` a segunda faixa, de vocês 2 e de Tulipa Ruiz tem um balanço incrível e a letra mostra quem somos nós, tá tudo na cabeça da gente, não é?
Donatinho – Essa composição surgiu na época do Sintetizamor mas acabamos não finalizando na época. Durante a pandemia nós mostramos pra Tulipa e Gustavo Ruiz que entraram na parceria. A letra fala muito da Covid, vacina e do comportamento das pessoas em geral na pandemia.
MaisPB – A estética pop dançante está em todo álbum – e a música Imperador de vocês dois e de Joyce Moreno – é surpreendente. Vamos falar dessa canção?
Donatinho – Quando terminamos de compor a melodia dessa música eu falei pro Donato: e agora? E ele disse: vamos chamar a Joyce! E foi certeiro. A Joyce é uma grande artista por quem tenho muita admiração e nos deu essa letra lindíssima de presente que fala do universo feminino.
MaisPB – Gostei de ´The Feeling of Love´ – os efeitos dos teclados eletrônicos que você tem estão bem presentes nessa faixa, não é?
Donatinho – Meus teclados são todos vintage, das décadas de 60, 70 e 80. Por isso a minha sonoridade tem essa estética futurista retrô. Eu sou apaixonado pelo Boogie dos anos 80, que é uma grande influência pra mim.
MaisPB – Aliás, as canções “Sunshine” e “The Feeling of Love” não puderam ser gravadas com seu pai João Donato devido a viagem dele. Mas esse disco é a cara de Donatão, não é?
Donatinho – Com certeza. Infelizmente não deu tempo dele gravar todas, mas a alma dele está presente em todas as músicas. A gente fez tudo junto.
MaisPB – ´Donatinho´s Lullaby´ é bem singela e curtinha, uma beleza né?
Donatinho – É uma canção de ninar que ele fez pra mim. Durante a finalização do disco a Ivone encontrou uma partitura inacabada dessa música e eu mostrei pro meu produtor, o Habacuque e ele falou: vamos gravar! A escolha de ter feito ela com sonoridade chiptune foi por que ele costumava ficar assistindo eu jogar videogame quando criança e curtia as musiquinhas dos jogos.
MaisPB – Muganga´´ é demais, tem algo lá de ser feliz e levar a sério a brincadeira. Vamos falar dessa canção?
Donatinho – Essa é uma parceria do Donato com Ronaldo Bastos. Originalmente o Ronaldo tinha me contratado pra produzir essa música pra Leny Andrade cantar, mas acabou não rolando. Como a base já estava praticamente pronta, eu sugeri incluí-la no disco.
MaisPB – Você conhece o Nordeste, já tocou por essas bandas?
Donatinho – Conheço muito. Já toquei em todas as capitais e várias cidades do interior também. Sou fã das praias, da comida e do povo do nordeste.
MaisPB
BOLETIM DA REDAÇÃO - 22/07/2025