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Bacharel, Especialista e Mestre em Administração (UFPB/UNP). Mestre Internacional em Comportamento Organizacional e Recursos Humanos (ISMT – Coimbra/Portugal). Especialista em Neurociências e Comportamento (PUC-RS) e em Inovação no Ensino Superior (UNIESP). Membro Imortal da Academia Paraibana de Ciência da Administração (Cadeira 28). Professor universitário (UNIESP), consultor empresarial, palestrante e escritor best-seller da Amazon. E-mail: [email protected]

Não dá mais para atender o celular

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publicado em 17/05/2025 ás 22h49

As ligações sumiram e com elas, a confiança. Estamos cercados por chamadas que não são para conversar. Era para ser simples: o telefone toca, você atende. Mas, hoje, a maioria dessas ligações não vem da sua mãe, de um amigo ou de um cliente. Vem de um robô. Ou pior: de um número fantasma tentando te enganar.

Já faz tempo que parei de atender chamadas de números desconhecidos. E, com isso, fui perdendo também o prazer de usar algo que, por décadas, simbolizou conexão. O telefone virou armadilha. E eu, como milhões de brasileiros, passei a viver em alerta. Não é mais possível confiar em uma chamada.

Segundo a Truecaller, o Brasil figura há anos entre os países com mais chamadas de spam no mundo. São golpes, fraudes, ofertas abusivas, tentativas de sequestro de dados, promessas falsas de prêmios tudo disfarçado de “oportunidade imperdível”. E enquanto isso, o cidadão comum vira refém.

Hoje, se o telefone toca, a primeira reação é desconfiar. A segunda, ignorar. E quando finalmente criamos coragem para atender, a voz do outro lado não escuta: apenas empurra um roteiro que não pedimos para ouvir.

O pior é que isso vai além do incômodo. Estamos perdendo a comunicação direta, rápida, confiável. Muitos profissionais deixam de fechar negócios porque não atendem chamadas desconhecidas. Pessoas idosas são as mais vulneráveis e também as mais enganadas. Famílias inteiras já caíram em golpes que começaram com um simples “alô”.

E onde está a Anatel nisso tudo? É verdade que o órgão criou iniciativas como o Não Me Perturbe e limitou o uso de prefixos para chamadas automáticas. Mas claramente, não é suficiente. O volume de chamadas abusivas continua crescendo. E nós continuamos desamparados.

É urgente repensar o sistema de controle das operadoras. Por que ainda é tão fácil falsificar números? Por que ainda é tão difícil rastrear e punir quem está por trás dos golpes? E por que o cidadão precisa ser o último elo dessa corrente sempre à mercê?

A verdade é que ninguém deveria ter medo de atender o celular. Ninguém deveria pensar duas vezes antes de dizer “alô”. E nenhuma autoridade pública deveria cruzar os braços enquanto a tecnologia essa mesma que poderia nos aproximar é usada como arma para invadir a nossa paz.

Se atender o telefone virou um risco, algo está muito errado. E se as instituições não nos protegem, talvez seja hora de levantar a voz. Não em uma ligação, mas em um grito coletivo: basta.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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