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MAISPB ENTREVISTA

Daniel Gonzaga lança show com músicas suas, do pai Gonzaguinha e do avô, Luiz Gonzaga

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publicado em 11/11/2022 às 19h13
atualizado em 12/11/2022 às 15h17

Kubitschek Pinheiro MaisPB

O nome do álbum e DVD ao vivo de Daniel Gonzaga, não poderia ser mais singular: “Gonzaga” com 16 faixas de canções que contam um pouco da história do artista, filho de Gonzaguinha e neto de Gonzagão. ‘Nós somos um clã, né, uma dinastia’, disse o artista no início da entrevista ao MaisPB pelo telefone. O álbum Gonzaga já está disponível em todos os aplicativos de áudio.

O projeto, que permanecia inédito e conta com um audiovisual disponível no YouTube, possui 16 faixas e conta um pouco da história do filho de Luiz Gonzaga Júnior e neto de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, Daniel Gonzaga. O registro ao vivo do show é de 2015, no Circo Crescer e Viver, Rio. O projeto, que permanecia inédito, está também no Youtube da gravadora Biscoito Fino, no formato de vídeo-álbum.

Além disso, Daniel Gonzaga falou com o MaisPB sobre as parcerias do álbum Gonzaga, com nomes como Paulinho da Viola, o filho do sambista, João Rabello, a irmã, Nanan Gonzaga, e o parceiro de décadas, Marcos Trança.

O artista trabalha dia e noite com música, tem vários discos lançados algumas curiosidades sobre a gravação do show, falou sobre sua própria definição de um “artista inquieto”

O repertório reúne composições de Daniel, como “#40”, “Luz” e “Janela” (em parceria com Kiko Furtado), além de clássicos do pai, Gonzaguinha, e do avô, Luiz Gonzaga. O local do show, o Circo Crescer e Viver (no RJ), também é especial: Daniel compõe trilhas sonoras para o Circo desde 1999, não haveria melhor palco para contar a sua história.

Cantor e compositor, com sete discos e um DVD lançados, Daniel Gonzaga passeia por vários estilos e tendências musicais: do forró pé de serra ao samba de enredo; da MPB ao pop. Integra a ala de compositores da GRES Estácio de Sá (teve um samba seu cantado na avenida) e já compôs dezenas de trilhas sonoras para o teatro e para o cinema. Sempre se reinventando, o artista consegue unir a poesia ácida e de protesto do engajamento até hoje, de Gonzaguinha ao baião do mestre Luiz Gonzaga e sua brasilidade.

Para fechar a entrevista, Daniel Gonzaga nos adianta que está trabalhando em dois novos álbuns, de maneira simultânea, e afirma que a gente tem que resgatar uma brasilidade, um apelo a uma cultura nossa.

MaisPB – Vamos começar pelo show, que sai agora em DVD e é o resultado de algumas turnês…

Daniel Gonzaga – Sim , ele vem desde de 2008, do “Comportamento Geral”, que falamos na época, ele  pega um pedaço do “Conto de História”, que é um disco online, depois vem o disco “Matemática”. Então, quando fomos gravar esse CD e DVD  foi um fechamento dessas várias etapas da minha carreira. Ele traz um pouco de tudo.

MaisPB – Essa canção “Nascimento” é muito forte, e vem de uma sacada sua de John Lennon?

Daniel Gonzaga  – Essa canção “Nascimento”, nasceu de um disco do John Lennon “Imagine”, que tem uma música chamada  “How Do You Sleep”,  ele faz um groove, que lembra o xote. Quando eu ouvi pela primeira vez, decidi misturar o xote com blues, ficar brincando disso, xote com blues. Ai eu fiz a canção “Nascimento”, e eu sou Daniel Porto Carreiro Gonzaga do Nascimento. Então, essa canção é um pouco eu, da minha história, que anda  todos os dias no caminho da periferia de sua mente. Fala daquele cara que fica ali, descobrindo e redescobrindo, nas viagens de ônibus, de trem.

MaisPB – Você já cantava os clássicos de seu avô Luiz Gonzaga em shows e temos aqui nesse DVD…

 Daniel Gonzaga  – Sim está tudo aí, todas as canções a gente já cantava em show. Esse DVD é o fechamento dessa fase, mostrando o que fizemos – que nem borboleta, é a fase de gente no mundo.

 MaisPb – Vem coisa boa por aí, né?

Daniel Gonzaga  – Já estamos  em preparação de repertório. São dois discos que vamos lançar ao mesmo tempo, um  só de pé de serra e outro de emulação  de viola caipira e viola nordestina, no violão.

MaisPB – E o disco da Anastácia, que você está produzindo?

Daniel Gonzaga – Sim, estamos trabalhando nisso. O disco novo de Anastácia, está ficando lindo, com quem tenho duas canções em parceria, e estou com canções com Chico Bezerra, Flávio Leandro, tudo para meu disco de Pé de Serra

MaisPB – Anastácia está com 82 anos e vai bem mais…

Daniel Gonzaga – Sim, Anastácia é um a força da natureza, compõe demais, muito talentosa. Eu gosto muito dela. Assim como Aurinha Martins, que é uma a força da natureza.

MaisPB – A canção “Janela”, a quarta faixa, é sua e de Kiko Furtado. Podemos falar dessa parceria?

Daniel Gonzaga –  Essa música é muito bonita, a Daniela Mercury gravou, foi uma boa parceria com Kikão.

MaisPB – “Luz” é uma canção intensa…

Daniel Gonzaga – É sim, eu fiz quando tinha 16 anos, eu toco até hoje, eu gosto muito.

MaisPB – Nesse show, no DVD você canta “Espere por mim morena”, de seu pai e convidou Nanan Gonzaga, que é sua irmã….

Daniel Gonzaga – Ela trabalha com música, era daquele grupo “As Chicas” Eu tinha duas irmãs lá no grupo. Espere por mim morena é a música que eu mais gosto do meu pai. Muito saudosa. Chamei a Nanan pra ficar bem família, neste DVD que eu queria bem caseiro. Nós gravamos naquele circo, é o lugar onde eu trabalho, faço trilhas. Eu fugi com o circo em 1999 e esse circo é onde eu faço trilha, a participação da Nanan foi por esse mesmo motivo, e me emocionou muito.

MaisPB – Esse circo é um circo mesmo ou um círculo da vida?

Daniel Gonzaga – É um circo mesmo, quando chegar em casa vou fazer uma nova trilha. O circo está ali desde 2005, eu comecei lá em 2007, é no Rio de Janeiro e trabalho até hoje. Em 1999 quando eu fugi da casa para o circo, fiquei seis anos andando de perna de pau, sou pernalta, ando até dois metros de altura…

MaisPB – Essas duas canções com hashtag nas faixas 10 e 11 #40 (Daniel Gonzaga) # 35 (Daniel Gonzaga)

Daniel Gonzaga – Isso é do meu disco “Matemática” são nomes de números, 31, 47, 5.

MaisPB – Que bom, você ter convidado Paulinho da Viola para cantar junto “O que é o que é?

Daniel Gonzaga – Ah , Paulinho (da Viola) é muito legal. Eu conheço Paulinho há muito tempo, é lá da editora e eu queria estar mais junto dele, que me deu uma ideia louca. Eu pensei: vou botar ele para cantar O que é, o que é?, que é uma música que tem que ter, mas eu não faço uso dela. Meu show não tem muito a ver com o samba e fica difícil encaixar um samba. Ele ficou falando – eu não canto as coisas dos outros. Eu vou, mas se você me deixar eu mexer na harmonia, e mudar um acorde. E para transformar mais ainda numa coisa familiar, aí chamamos o João Rabello, que é filho dele, para fazer uma espécie de pai e filho e filho e pai, nós quatro. João é um exímio violonista. Cantamos os três juntos.

MaisPB – Essa canção “O que é o que é “, Maria Bethânia gravou  em estúdio e em vários shows?

Daniel Gonzaga – Sim,. Ela gravou muito meu pai. Eu estive com ela uma única vez, mas não a conheço.

MaisPB – Na música “Festa”, notei que você alterou. Lá seu pai diz, Belo é o Recife pegando fogo na pisada do Maracatú. E você cantou diferente?

Daniel Gonzaga – Eu cantei a versão correta. Meu avô gravou. Meu avô não falava palavras tipo – danação, morte, azar aí ele modificou a letra, assim “esquecendo das mágoas sem lundum”. A versão original é: belo é o sertão pegando fogo na pisada do Maracatu”

MaisPB – A 15ª faixa “Roendo a Unha” é de seu avô Luiz Gonzaga e do paraibano Luiz Ramalho…

Daniel Gonzaga – “Roendo unha” é uma música que a gente gosta pra caramba de tocar também, fazemos um arranjo caribenho.

MaisPB – Vai sair físico esse álbum e DVD?

Daniel Gonzaga – Deverá sair numa edição limitada.

MaisPB – Daniel acredita que o CD morreu, mesmo?

Daniel Gonzaga – Acho que não, Sabe por que? A gente tem essa visão de um país que as coisas acabam. Hoje temos milhares de colecionadores de vinil, no mundo todo. Outro dia um cara comprou o primeiro vinil de Anastácia por 2 mil e quinhentos reais. Da mesma forma os colecionadores de CDs. Tem público para tudo. Eu compro CD ainda, compro e gosto. Tenho meus equipamentos de vinil e de CD. Não vou jogar meus discos fora, dos meus amigos, dos meus pink floyd da vida…. Acumular arte e cultura é tudo de bom.

MaisPB – Você tinha 16 anos quando seu pai morreu. Podemos falar sobre esse assunto? Vocês tinham uma relação amorosa?

Daniel Gonzaga – Sim, tipo pai. Viajamos e convivemos muito juntos, meu pai e meu avô. Muito amor por eles, na minha vida de filho, neto e artista.

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