João Pessoa, 29 de outubro de 2025 | --ºC / --ºC
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Cada um com sua loucura. E desembesta por aí.
A gente passa boa parte da vida com medo de mergulhar fundo nas pessoas, não é?
O medo das águas intensas, do que é profundo demais, do que pode nos afogar na emoção e na loucura do outro.
Então, por instinto, buscamos a segurança do raso — onde achamos que é fácil respirar, onde dá pé.
Mas o raso também corta. Sangra.
É nele que moram os perigos mais silenciosos: o vidro invisível da indiferença, as pedras do egoísmo, a correnteza sutil da manipulação.
Você pensa que está protegido, mas está se ferindo — devagar, em silêncio, até que a alma começa a sangrar.
Foi ali, nas águas rasas das relações adoecidas, que eu entendi: o perigo não está na profundidade, mas na falsidade. E eu estou longe do que é falso brilhante.
Porque a dor de ser ferido onde tudo parece calmo é a mais cruel de todas — ninguém percebe o seu afogamento quando, do lado de fora, a maré mal cobre os joelhos.
É esse tipo de ferida — a do raso — que ensina a lição mais dura sobre a própria sanidade.
Saúde emocional é escolher viver longe de quem enlouquece a gente aos poucos.
E essa escolha não é frieza, é amor próprio.
Cuidar da mente é como cuidar de um jardim.
É preciso arrancar as ervas daninhas — sem culpa —, especialmente aquelas que se disfarçam de flores.
São as pessoas que te cansam, te fazem duvidar de si, te devolvem sempre menor do que você chegou.
Você não precisa de escândalo para ir embora.
Seu cansaço já é o sinal.
Sua paz pedindo silêncio já é o aviso.
No fim, a gente aprende: a vida é um santuário.
E só floresce quem aprende a fechar o portão na cara da loucura dos outros — e abrir o coração apenas para quem chega para somar, regar e florescer junto.
Que loucura é essa, hien?
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Ilustração – O Grito obra de arte feita em 1893 pelo artista norueguês Edvard Munch
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MOBILIDADE - 24/10/2025