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Kubitschek Pinheiro
A novidade é que a cantora paraibana Nathalia Bellar e a compositora Iana Marinho lançam nesta sexta-feira, o single e o videoclipe de ´Paixão Agreste´ em todas as plataformas de streaming.
PAIXÃO E AGRESTE é a primeira música genuinamente paraibana, composta por Iana e vai levar o Nordeste para o mundo todo, a música é forte e mexe com o que existe de mais bonito, a vida amorosa, certa e desfeita de cada um de nós. A letra de Iana reconstrói essa saga e casa-se perfeito com a melodia de compositor e cantor Leandro Oliveira, coautor do single.
Foto – Anabi Pinheiro
A INTÉRPRETE – dispensa comentários – Nathalia Bellar nasceu em João Pessoa e já está com o pé na estrada. A interpretação de Paixão Agreste é o que existe de melhor na canção brasileira. Bellar tem em seu currículo uma elogiada participação na edição de 2017 do programa The Voice Brasil. Seu álbum “Catavento” (2020), produzido por Rodrigo Campello e coproduzido por Jader Finamore traz uma sonoridades com diversas influências e regravações de obras de Lula Queiroga e Totonho, contando também com a participação especial de Chico César em uma das faixas. Entre 2024 e 2025, Bellar lançou três singles (“Deixa Eu Colar”, “Pagode 90” e “Uma Cerveja, Uma Rede e Você”) que fazem parte de seu mais novo álbum, intitulado “Pelo Espelho da Pele”.
Iana, Nathalia e Leandro Oliveira
PAIXÃO AGRESTE conta ainda com os violões de aço e nylon do próprio Léo Meira e a viola da gamba de Rainer Patriota.
Iana Marinho e Nathalia Bellar conversaram com o MaisPB e contam mais detalhes dessa novidade chamada ´Paixão Agreste´.
Iana Marinho
MaisPB – O single e o videoclipe ´Paixão Agreste´ serão lançados na sexta-feira. Vamos começar por aqui?
Iana Marinho – O lançamento de “Paixão Agreste” é a realização do sonho de dois amigos de longa data em concretizar, sob a forma de música, uma parceria muito querida. Eu e Leandro Oliveira (meu colaborador nesta canção) nos conhecemos há quase 30 anos e fazemos música juntos há quatro anos. Fruto de uma das viagens anuais que faço ao Sítio Baixa Verde no município de São Mamede, sertão paraibano (onde Leandro mora), “Paixão Agreste”, dentre outras canções que temos, em um dado momento “pediu” para “deixar a casa dos pais” e ganhar o mundo, mas precisávamos de uma intérprete para vesti-la com a sua voz, dar a mão a ela e conduzi-la nesse processo. É neste momento que surge o nome de Nathalia Bellar, grande cantora paraibana que acolheu o projeto e nos acompanha nesta grande aventura que é dar à luz uma canção. Single e videoclipe nascerão no mesmo dia, mas em horários distintos. O single será lançado às 00h00 do dia 19 de setembro e o videoclipe às 20h. Este lançamento é antes de tudo uma declaração de amor ao sertão, meu primeiro lugar, onde repousam as minhas mais profundas raízes. A data (19 de setembro) foi escolhida por ser a única sexta-feira no meio da programação da tradicional Festa de Nossa Senhora da Guia, padroeira de Patos – PB, de onde é a família de Leandro e a minha. Queríamos uma data marcante para a nossa história em comum, então, tudo se encaixou. De caráter armorial e carregando toda a bagagem musical que adquirimos no decorrer de nossas vidas, “Paixão Agreste” é filha das entranhas do sertão e tem como tema a agonia de uma paixão não correspondida.
MaisPB – A música e letra são bem fortes, falam de um amor não correspondido e mexe com muita gente, né?
Iana Marinho – Quem nunca viveu uma paixão não correspondida em qualquer momento da vida que atire a primeira pedra! Brincadeiras à parte, este mote não passa despercebido porque é um sentimento bem universal, penso eu, portanto, bastante passível de entrar em sintonia com o público, que por sua vez se reconhece ali. A agonia de se depositar seu bem-querer onde não mora a reciprocidade certamente é uma das experiências mais dolorosas pelas quais um ser humano pode passar. O sentimento de rejeição corrói por dentro, deixa noites insones e dias iguais e infinitos, castiga feito sol quente no pingo do meio-dia no sertão e aquele ser fragilizado passa a vagar, meio que perdendo o gosto pelas coisas de um modo geral. “O que me resta é viver”, canta Nathalia na frase final da música. Viver a vida sem aquela realização ou viver aquele sentimento até a última gota. Acho melhor tentar continuar vivendo porque esse amor vai virando outra coisa, mas é necessária a participação do tempo que a tudo pode curar ou ao menos amenizar, aliado à força de vontade daquele que sofre. Depois de muitos amores não correspondidos no decorrer da minha vida, eu decidi que os aproveitaria de qualquer jeito, então escrevi essa letra. Resolvi que aquilo que não pode virar amor, pode virar ao menos uma canção e aí eu já me sinto saindo no lucro.
MaisPB – Você falou que pensou logo na voz de Nathalia Bellar. Deu certíssimo, né?
Iana Marinho – Deu certo porque era pra ser mesmo ela. Por todos os movimentos pelos quais essa música passou, eu acredito piamente nisso. Quando eu e Leandro finalizamos “Paixão Agreste” em meados de 2021, não nos veio de imediato esse pensamento, não. Aliás, ninguém passou pela nossa cabeça. Apenas concordamos que era, modéstias à parte, uma grande canção e ficamos por ali, curtindo e lambendo a cria, sem pensar no depois. Em 2022, quando conheci Nathalia em um show dela no Rio de Janeiro, eu já havia ficado extremamente arrebatada pela sua voz e figura no palco. Ali eu não tive dúvidas de que estava diante de uma grande artista e pensei com meus botões: “Meu Deus, estou diante de uma deusa, uma entidade maravilhosa e ainda por cima é da minha terra!” Fiquei então com aquela visão na cabeça e com a lembrança do seu canto, mas de forma bem despretensiosa, daquelas coisas que a gente guarda num cantinho cá dentro e que nos ressurge tempos depois como uma epifania. A escolha de Nathalia se deu por um caminho super natural, alguns meses depois, já em 2023. Ela foi a primeira e única escolha. Tive esse insight sobre ela interpretando “Paixão Agreste” e o dividi com Leandro, que se disse fã do trabalho de Nathalia e aí, em comum acordo, fomos atrás do SIM dela. Em uma chamada de vídeo entre os três, eu e Leandro fizemos o convite, enviamos a música e ela não pensou duas vezes não. Para nossa honra, ela embarcou de corpo e alma nesta aventura e cá estamos.
MaisPB – O clipe feito na natureza, as velas acesas, a máquina de escrever – vamos falar sobre isso?
Iana Marinho – Os apelos imagéticos do clipe são abertos à leitura íntima de cada espectador. Apesar das dificuldades enfrentadas (que não foram poucas), eu não abri mão de fazer o clipe no mesmo lugar onde a música nos inspirou e nasceu, então batalhei muito por isso, apesar de as condições não serem as mais favoráveis, tanto pelo fator distância como pelo clima. Gravamos o clipe sob um sol abrasador e uma seca que desanimam qualquer ser vivente, com picos de 38 graus de temperatura. Mas era este o cenário que eu pensava na minha cabeça pra poder contar essa história. As velas acesas podem iluminar a escuridão em que este ser sofredor se encontra, uma vez que as estrelas foram levadas do céu por esse amor inglório ou ainda o reforço de uma súplica… apenas uma vela não basta para pedir que esta agonia se acabe. A máquina de escrever foi ideia do diretor Cássio Nogueira, Ela não existia no roteiro original, mas quando a encontramos na memorabília do sítio Baixa Verde, nos sentimos impelidos a utilizá-la e então Cássio teve a ideia de colocá-la no meio de um curral de facheiros abandonado e posicionar Nathalia neste ambiente inóspito e sentada diante da máquina, batendo as teclas sem que existisse um papel na máquina, escrevendo uma carta pra ninguém. Um sinal da grande confusão mental em que a personagem se encontra. Uma visão desesperançosa e desgostosa diante da constatação torturante do enjeitamento de um bem-querer. Sempre fui muito aberta às colaborações. Eu havia escrito o roteiro, mas in loco brotaram as ideias e imagens de Cássio que eu não tinha de jeito nenhum como ignorá-las. Foi uma feliz sinergia. Preciso falar também sobre o trabalho em xilogravura entalhada na madeira do grande artista Leonardo de Farias Leal, o “Mané Gostoso Neto”, que na verdade é o retrato da desolação da personagem, que passeia seus dedos pelas ranhuras do desenho, feito com excelência especialmente para este videoclipe.
MaisPB – Você tem canções gravadas por Roberto Carlos, Liah Soares, Zeca Baleiro e Xuxa Meneghel. Vamos detalhar esse avanço?
Iana Marinho – Devo à cantora, compositora e multi-instrumentista paraense e minha amiga-irmã Liah Soares o meu ingresso no meio da música como compositora. Considerada uma hitmaker no mercado fonográfico, com oito músicas em novelas, relevância em nível nacional e o respeito da fina flor da classe artística, foi ela quem me descobriu como letrista, me pegou pela mão, me orientou e me estimulou como uma mestra mesmo, que se dizia fã das coisas que eu escrevia. Eu acreditei nisso e desde 2016 traduzimos os nossos sentimentos através de muitas composições. Algumas já lançadas e muuuuitas ainda na gaveta, cada qual esperando a sua vez de brilhar. Foi através da Liah que realizei, até então, a minha maior conquista profissional, que foi ser gravada por um dos meus maiores ídolos: Roberto Carlos. Liah e RC gravaram em dueto “A Cor do Amor”, que aos quase quatro anos de lançada, já tem quase cinco milhões de visualizações no canal do Roberto no YouTube e é a música mais tocada das plataformas da Liah. Ainda falando de “A Cor do Amor”, tivemos a felicidade de termos um videoclipe, Liah cantando em dueto com Roberto no seu especial de fim de ano em 2021 e ainda ser trilha da novela da TV Globo “Um Lugar ao Sol”, na faixa das 21h.
MaisPB – E os Carimbós?
Iana Marinho Lançamos também dois Carimbós que são um sucesso no Estado do Pará, os singles ‘Tô Chegando” e “Eu Só Sou Legal”, além de um brega romântico (“Teu Amor Meu”) que também é bastante executado em terras paraenses.
Uma grande honra é também ter Zeca Baleiro em nosso histórico. Eu, que já havia produzido um show dele no ano 2000 em João Pessoa, me senti super honrada. Baleiro produziu o álbum intitulado “Infinito” da Liah e fez esse feat. no nosso reggae swingado “A Proposta”, que fez parte desse disco, junto a outras composições nossas.
Já a Xuxa Meneghel gravou a música “Planeta Dodói”, hino de consciência ecológica junto ao público infantil, parceria minha e da Liah, abrindo e fechando a música na contação de uma história. Se já tínhamos um “Rei” (Roberto Carlos), por que não termos também uma “Rainha”? “Planeta Dodói” faz parte do projeto infanto-juvenil “Planeta Liz” lançado em 2023, onde fizemos músicas com animações destinadas a fazer parte do desenvolvimento dos pequenos de 0 a 12 anos, ensinando valores e princípios que edificam um ser humano. Aqui, lancei mão de um grande estudo pedagógico para desenvolver de forma responsável essas mensagens às crianças. Das 11 músicas do projeto, seis são parcerias minhas com a Liah.
MaisPB – A produção não para, né?
Iana Marinho – Procurando expandir meus horizontes e aprender cada vez mais sobre as infinitas nuances do feitio de uma canção, ando compondo com outros artistas, a exemplo do cantautor, poeta e multi-instrumentista De Luca, brasiliense radicado no Rio de Janeiro. Juntos, já contabilizamos cinco músicas. Com “Paixão Agreste” e com esse histórico, o meu desejo é passar a fazer música com artistas conterrâneos, poder desaguar meus escritos nessa terra que é para onde eu sempre volto, por pertencer a ela.
Nathalia Bellar
MaisPB – Como recebeu o convite para interpretar essa canção tão linda, Paixão Agreste, de Iana Marinho e Leandro Oliveira?
Nathalia Bellar – Recebi com muita alegria esse presente de vestir uma história tão bonita, tão humana e, mais do que nunca, enraizada no chão poderoso do sertão da minha terra. Gravar essa canção é, para mim, uma celebração dos encontros que a Deusa Música é capaz de proporcionar. Celebração da amizade, da confiança e da admiração mútua que me une a Iana Marinho e Leandro Oliveira. E, como cantora, esse trabalho também me dá a oportunidade de experimentar novas possibilidades.
MaisPB – No videoclipe você surge na mata, diante de uma máquina de escrever, uma presença de atriz, cabelo ao vento, uma cena também sensual. Vamos falar desse momento?
Nathalia Bellar – O roteiro foi muito bem construído e captado com muita sensibilidade pelo olhar de Cássio Nogueira. São muitas cenas bonitas, marcantes e impactantes. Nessa, em especial, queremos traduzir a ideia de um parto da poesia. Como se as palavras nascessem da dor. Por isso, nada mais simbólico do que uma máquina de escrever antiga, colocada no meio da mata seca, cortante, para simbolizar um coração despedaçado, desabafando sua dor em forma de escrita e canção. Também acredito que a tristeza do amor tem sua sensualidade — e esse atravessamento de dor e beleza é o que dá corpo à cena.
MaisPB – Em seu primeiro disco Catavento você canta as estações e o amor, também uma canção linda, “Jabuticaba”, do pernambucano Barro em parceria com Rodrigo Campello (este foi nossa capa de Cultura do MaisPB de sábado passado). Como tem sido a evolução do seu trabalho?
Nathalia Bellar – Tem sido uma jornada muito gratificante, construída tijolinho por tijolinho. Comecei no teatro, em 2004, e ali tive uma virada de chave, uma revelação de que a arte era realmente o meu caminho, a minha missão. Esse início foi fundamental para a formação da minha carreira como cantora, porque me deu consciência de corpo, de presença e de entrega. Sempre fui muito aberta à experimentação. Trago raízes de pertencimento no meu Nordeste, mas também cresci bebendo de muitas fontes: da música nordestina à MPB tradicional, do rock nacional ao pop. Nunca ignorei os movimentos que acontecem no mundo, e acredito que essa mistura me permitiu experimentar sonoridades sem perder a minha identidade.
MaisPB – Catavento é um marco em sua carreira, né?
Nathalia Bellar – Quando lancei Catavento, em 2020, senti como um renascer. Acho que todo artista, ao lançar seu primeiro álbum autoral, vive essa sensação: a de colocar sua palavra, sua ideia e sua identidade no mundo. Ali nasceu uma nova cantora, mais consciente do que queria expressar. De lá pra cá, venho aprofundando essa busca e me colocando cada vez mais também como compositora. Tenho assumido esse lado de escrever, de trazer minhas próprias narrativas para a canção — e isso tem me feito sentir ainda mais inteira dentro da minha música.
MaisPB – Vai cantar nos shows Paixão Agreste? Temos novidades?
Nathalia Bellar – Paixão Agreste é uma canção comemorativa e, com certeza, estará sempre na ponta da língua, especialmente nas apresentações voz e violão, onde a proximidade com o público permite esse encontro íntimo. Quanto às novidades, em 2024 comecei a gestar um novo trabalho, Pelo Espelho da Pele, que já está na estrada em formato de show. É uma reunião de canções do meu primeiro álbum, algumas releituras paraibanas e composições inéditas, dentro de um contexto sonoro afro-latino-nordestino. Senti a necessidade de criar um trabalho mais solar, que também explorasse profundamente minha africanidade e minha latinidade. Com ele, circulamos pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e, este ano, seguimos com o Circuito SESI São Paulo — já passamos por Rio Claro e temos shows marcados em Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Sempre gostei de experimentar o repertório primeiro no palco, para depois levá-lo ao estúdio. Esse é o maior objetivo: maturar a experiência ao vivo. Desse projeto já nasceram três singles, e o segundo álbum, que também se chamará Pelo Espelho da Pele, tem previsão de lançamento em 2026.
FICHA TÉCNICA
MÚSICA:
Composição: Iana Marinho/ Leandro Oliveira
Intérprete: Nathalia Bellar
Direção musical e arranjos: Léo Meira
Violões (nylon e aço): Léo Meira
Viola da Gamba: Rainer Patriota
Produção Fonográfica: Olavo Leandro
Link para o pré-save: Paixão Agreste
VIDEOCLIPE:
Direção: Cássio Nogueira
Direção de fotografia e câmera: Cássio Nogueira
Realização: Prysma Media Factory
Roteiro: Iana Marinho e Cássio Nogueira
Produção: Iana Marinho
Figurino: Neuza Gomes
Maquiagem/Cabelo/ Fotos/ Assistente de Produção: Anabí Pinheiro
Xilogravuras: Leonardo Farias (Mané Gostoso Neto)
Agradecimentos: Leandro Oliveira, Olavo Leandro e Sítio Baixa Verde, São Mamede – PB
DISPUTA - 17/09/2025