Todas às vezes que eu falava com Angela Ro Ro pelo telefone era um deus nos acuda, ela me chamava o tempo todo de Juscelino Kubitschek e não me deixava falar. A última entrevista para o MaisPB, a conversa durou 50 minutos.

Para quem não sabe, cinco minutos no gravador é muito texto, sem falar no trabalho de degravar uma entrevista. Diante do computador, lá estava eu sem saber por onde começar.

Angela Ro Ro era quase como uma felicidade. Sangrada, escandalosa, do avesso, com o dentinho quebrado na frente. A vida dela, valeu? Sim.  Era real, era vivo. Isso é muito, e Angela cantava.

Confere aqui as duas últimas perguntas que fiz a ela

Qual  livro você está lendo?

Angela – Nada, detesto ler livros, ler pra mim é um inferno, eu prefiro escrever. Estou tentando dizer que vou lançar um livro já faz uns dez anos (gargalhada) Eu sou muito preguiçosa. Mas tenho muita garra para trabalhar.

Você acredita em Deus?

Angela – Deus sou eu. O resto você pergunta para os mutantes. Eu acredito no bem querer, no bem fazer, na boa vontade e no bom caráter.

Para ela o poema ´Eu também já fui brasileiro´, que  Drummond escreveu em 1930

Eu também já tive um ritmo.

Fazia isto, fazia aquilo.

Meus amigos me queriam,

meus inimigos me odiavam.

Eu irônico deslisava

satisfeito de ter o meu ritmo.

Mas acabei confundindo tudo.

Hoje não desliso mais não,

não sou irônico mais não,

não tenho ritmo mais não

Kapetadas

1 – Quanto mais você se coloca onde quer, menos aceita que te coloquem onde não quer.

2 – De gente que tem certeza que vai pro céu, o inferno está cheio.

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