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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

Que sorte a nossa, hein, Nara?

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publicado em 11/05/2025 ás 07h00
atualizado em 10/05/2025 ás 19h58

Existem momentos na vida em que temos o desafio de perder cascas, de compreender a importância de caminhar, deixando pessoas, objetos, animais, paisagens para trás.

Não dizemos que pode até doer, dói sim, qualquer luto dói, porque nosso ego se estrutura a partir de apegos e identificações.

No primeiro encontro, na gaiola do “petshop” ela estava lá, ativa, vívida com algumas gramas apenas. Seu nome de batismo era Tiska, alusivo à tísica – pessoa tuberculosa ou excessivamente magra. Tadinha, todos achavam que não vingava, pois cabia na minha mão. Levei pra casa e em seis meses estava com 6kg e toda peluda, uma Rainha. Todos os bichos em minha casa recebem nome de cantores, com Tiska foi igual, recebeu o nome Nara Leão para fazer companhia ao gato Lord Tom Jobim.

Se você refletir e compreender que tudo passa conforme a vontade divina, conseguirá seguir caminhando e, enfim, se abrirá ao novo que belamente chega em sua vida, que pode ser de outra forma, às vezes perdemos um emprego para abrir um negócio proprio em uma área totalmente diferente da que dominávamos. Vamos nos refazendo pouco a pouco, passo a passo, até que reapareça com a alma renovada.

Mas Nara foi humanizada e queria somente ficar comigo, era ciumenta e levou apelido de tatuadora, porque não confiava em ninguém que ousasse lhe fazer carinho, tatuando um risco de uma unhada em alguma parte do corpo de visitas. Ficou conhecida internacionalmente, risos, era encantadora, companheira e muito linda, sempre confundida com a raça Angorá. Era tricolor, carinhosa e caçadora, durou 15 anos ao meu lado, gostava de dormir junto, fazer massagem, lamber o dono, ficar no colo, comer nas horas certas e ser extremamente saudável, sem nunca ter precisado sair de casa por conta de algum desconforto, mas tudo na vida se vai, o que fica é a memória, as boas lições, o compartilhamento, as curas diárias durante a época em que vivemos juntos, um grude inenarrável, um decifrava o rosto do outro, a voz, o olhar, a piscada, tudo, até a respiração ela traduzia que eu tinha acordado. Assim mesmo. Deu certo.

Foi linda a parceria! 15 anos de amor incondicional entre ambos! Que troca! Que sorte a nossa, hein, Nara?!?!?!? Eu não seria o mesmo se não houvesse esse encontro tão mágico de almas!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB