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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Uma cidade bem pequena

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publicado em 16/04/2024 às 07h00
atualizado em 16/04/2024 às 04h34

Uma cidade pequena que se estica, mas a paisagem é bucólica. Eu vi os meninos correndo no Espaço Cultural, eu vi a vida, que se perde e se ganha em segundos.

Eu vi o filme “Nada Será Como Antes”  (de Ana Rieper) e plasmei. A música do Clube da Esquina nos ensina, quase um ungido, esse divino desvio da pupila, numa tarde tão linda de sábado. É tão estranho sair do cinema e o sol ainda está posto. Vejam o filme.

Esse gozo bom que a cultura provoca, e logo vem o horror para que o mundo não se iluda. É guerra, né?

Como o olhar nos absorve… 

No Instagram, Raquel Goes e Robson Agra se despendem de seus animais – cachorro e gato. Nem todos são assim.

Seria tão difícil ser irracional? Certamente o carinho nos transformaria.

Alterar uma vírgula no discurso da composição dos dias, não nos levaria a lugar nenhum.

Aqui, no meio do mundo, de madrugada, consigo sonhar com o texto de Nelson Barros sobre o beijo e fico atento pela falta do beijo, mas sei que o sexo traz uma paz e aumenta a imunidade.

Dou ouvidos de mouco, quando vejo uma pessoa gritando comigo, com outra, saio depressa fugindo com minha voz poética sem medo.

Luiz Melodia canta “solto o ódio, mato o amor”, mas só quem poderia nos explicar  assim a memória de quem escuta Belchior, “eu era alegre como um rio”  que o rio leva tudo. Eu amo Melodia.

Vejo um velho na calçada do Tribunal de Justiça e logo surge  seu esqueleto  – ninguém diz “bom dia”. Mulheres batem em retirada do Pavilhão do Chá para vender seus corpos na Praça João Pessoa. Não são ninfas, nem gueixas.

Do mesmo modo, ao fim da ceia, como a sede do copo d´água, que nos desfaz os lábios, lábios que eu beijei, lábios que não beijo mais. Onde está aquela árvore que ficava ali?

Cada um dá o que não tem.

O texto acaba aqui, mas ainda tem as kapetadas.

Kapetadas

1 – Sansão é de Israel. Deve ser por isso que, quando são atacados, eles ameaçam com sanção.

2- Só não enlouqueceu ainda porque já nasceu maluco.

3 – A ilustração é de  Ismael Nery (1900-1934)

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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