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Para aplacar católicos, Obama revisa política de contraceptivos

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publicado em 11/02/2012 às 10h44

Num esforço para acalmar a liderança católica e as alas mais conservadoras, o presidente Barack Obama anunciou nesta sexta-feira um leve recuo na política de cobertura de métodos anticoncepcionais por parte dos planos de saúde, tornada pública em janeiro.

Segundo ele, hospitais, universidades ou qualquer outra organização de caráter religioso não serão obrigadas, como era previsto, a arcar com os custos dos métodos contraceptivos das funcionárias, o que passará a ser responsabilidade direta das companhias de planos de saúde.

– Após as muitas preocupações genuínas manifestadas nas últimas semanas, assim como, francamente, o desejo cínico de algumas partes de tornar isso uma questão política, ficou claro que ficar meses insistindo numa solução não seria uma opção – afirmou Obama. – O resultado é que organizações religiosas não terão que pagar por esses serviços e nenhuma instituição religiosa terá que disponibilizar esse serviço diretamente.

O governo Obama anunciou modificações na política de controle de natalidade há um mês e, desde então, os republicanos aproveitaram o tema para atacar o presidente. A antipropaganda republicana obrigou os assessores de Obama a repensar uma forma de apresentar a nova medida sem provocar a ira dos eleitores religiosos – e a perda votos.

Líderes católicos haviam descrito o plano do governo como tóxico, argumentando que levar as mulheres a anticoncepcionais de baixo custo é tão imoral quanto distribuir drogas em primeira mão.

"A igreja deve ter a liberdade de se recusar a cooperar de qualquer maneira em tornar esses serviços disponíveis, escreveu o bispo William Lori, que lidera um comitê sobre liberdade religiosa, no blogue da Conferência de Bispos Católicos dos EUA. "Se fornecermos os meios para outra pessoa agirem contra a lei moral, nós nos tornamos moralmente culpados também”.

Maioria era a favor da regra – Irritados, bispos chegaram a aconselhar os fiéis a bombardearem o Congresso e a Casa Branca com queixas. Até terça-feira, mais de 25 mil pessoas haviam aderido a um abaixo-assinado na internet pela revogação da regra.

O governo diz que se trata de uma questão de igualdade feminina. A nova lei federal de saúde prevê que a maioria dos planos deve oferecer serviços preventivos – vacinações infantis e medição de pressão arterial, por exemplo – sem cobranças adicionais. Em meados de 2011, uma comissão de médicos e cientistas recomendou que a contracepção fosse incluída nessa lista, e o governo concordou.

Mas a regra não se aplica a planos oferecidos por igrejas e escolas que atendem ou empregam primariamente pessoas de um só credo. Nem exige que um determinado médico ou farmacêutico ofereça um serviço que o profissional considerar imoral.

Uma pesquisa divulgada na terça-feira pelo Instituto Público de Pesquisa Religiosa, uma entidade apartidária que tem entre seus conselheiros diversos líderes religiosos de orientação progressista, concluiu que a maioria dos americanos – incluindo 58% dos católicos – apoiavam a exigência de que planos de saúde ofereçam controle de natalidade gratuito.

Segundo a sondagem, uma ligeira maioria dos eleitores católicos, 52%, diz que faculdades e hospitais com afiliação religiosa também deveriam ser obrigados a oferecer esse benefício.

O Globo

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