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Paraibano da Capital. Tocador de violão e saxofone, tenta dominar o contrabaixo e mantém, por pura teimosia, longa convivência com a percussão, pandeiro, zabumba e triângulo. Escritor, jornalista e magistrado da área criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba.

Espaço urbano

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publicado em 26/03/2024 às 07h00
atualizado em 25/03/2024 às 18h22

Há décadas, desde a juventude, ouço que nossa Capital tem um grande potencial turístico. Falava-se que o tal turismo era bom , traria divisas para o Estado, geraria muitos empregos, e melhoraria a vida de todos. Viveríamos no paraíso, assim que o turismo chegasse, tão logo entrássemos nos roteiros dos turistas, nacionais e internacionais. Ou, no dizer de um querido amigo, assim que “enchesse de turista de fora” . Tanto insistiram, bateram e  mexeram com isso, que eles vieram.

A ideia me parecia até simpática. Seria egoísmo querer as belezas e o bem viver da nossa cidade, só para nós. Os turistas seriam bem vindos, poderiam vir, desfrutar , passar uns dias, gerar os tais “empregos e rendas” , e, a parte mais importante, ir embora .

Mas, faltou combinar com eles essa última fase. De repente, a Capital das Acácias inflou. É gente de todo canto, do Brasil e do estrangeiro, arriando bagagem, montando casa, ocupando os espaços.

Não tenho os dados estatísticos do instituto encarregado do recenseamento , mas, os sinais são óbvios. Primeiro, o trânsito se tornou difícil. Não é só na famosa hora do rush. É o dia inteiro, uma dificuldade de locomoção e estacionamento que torna qualquer saída de casa um caso a se pensar. Vale a pena? Tem estacionamento?

Depois, a vertiginosa subida dos preços em geral. Da tapioca quentinha feita na hora , ao imóvel , ao supermercado, aos serviços, tudo disparou. Preço de turista. Paga quem pode. Tentar almoçar com a família, no domingo, em restaurante, também está difícil. Há filas a serem enfrentadas, as vezes com previsão de até uma hora de espera. Recuso-me, terminantemente. Era só o que faltava.

Fato é que estamos perdendo o nosso ar de cidade aconchegante, justamente, nosso maior charme, nosso maior atrativo. O processo é irreversível, não adianta sonhar com o  passado. Resta-nos exercitar a resiliência, e, aproveitar o restinho.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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