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CONFERÊNCIA

Países pedem à Organização das Nações Unidas força de paz na Síria

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publicado em 25/02/2012 às 09h36

Os representantes dos mais de 60 países reunidos nesta sexta-feira na Tunísia, no primeiro dos três dias da Conferência Internacional dos Amigos do Povo Sírio, exigiram que o regime de Bashar al-Assad interrompa os ataques para permitir a chegada de ajuda externa a algumas cidades, e pediram à ONU que comece a planejar uma força de paz em território sírio.

Criado como alternativa para buscar uma saída para a crise síria, o grupo acabou frustrando, no entanto, os que esperavam ações enfáticas contra Assad. Os países não impuseram nenhuma punição caso o apelo não seja atendido, e uma proposta concreta de força de paz seria abortada no Conselho de Segurança por Rússia e China, que já vetaram duas resoluções contra a Síria.

Ao mesmo tempo, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou nesta sexta-feira que já está em Homs, reduto da revolta contra o ditador Bashar al-Assad, e começou a retirada de mulheres feridas e crianças.

— O CICV e o Crescente Vermelho na Síria estão no distrito de Baba Amro (em Homs) desde esta tarde e estão negociando com as autoridades sírias e a oposição na tentativa de retirar qualquer pessoa que precise de assistência, sem exceções — disse Hicham Hassan, porta-voz da Cruz Vermelha em Genebra.
Homs é o principal alvo da repressão do regime, e o crescente número de mortos é um dos motivos que já levaram vários países, como a Arábia Saudita, a defender a opção drástica de dar armas à oposição.

Segundo um opositor ouvido pela agência de notícias Reuters, se não concordam em armar diretamente os rebeldes sírios, as potências ocidentais já estariam ao menos fazendo vista grossa para a compra de armamento por exilados que, depois, as contrabandeiam para o país.

Armas leves, equipamentos de rádio e de visão noturna estariam sendo enviados para rebeldes dentro da Síria. A rede CNN vai além e diz ter ouvido de fontes diplomáticas que países árabes estariam enviando armamento para o dissidente Exército Livre da Síria, formado em grande parte por desertores das Forças Armadas.

Junto com a questão da entrada urgente de ajuda humanitária no país, a ideia de armar a oposição foi apoiada pela delegação saudita, que, mais tarde, abandonou o encontro alegando "inatividade" nas conversas. O Qatar, por sua vez, pediu a criação de uma força de paz árabe que possa auxiliar no corredor humanitário.

— Nós estamos trazendo armas defensivas e ofensivas. E elas estão vindo de todos os lugares, incluindo países ocidentais. Não é difícil passar nada pelas fronteiras — disse o opositor, que também participa do encontro em Túnis. — Não há decisão alguma de qualquer país de armar os rebeldes, mas eles estão permitindo que outros sírios comprem armas e as enviem para a Síria.

A hipótese de ajudar militarmente os rebeldes não é nova. Na quinta-feira, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, insinuou que esta poderia ser uma saída para combater a violência do regime de Damasco.

— Haverá forças opositoras cada vez mais capazes. De algum lugar, de alguma maneira, (elas) encontrarão meios para se defender e também para começar ações ofensivas — disse Hillary, durante uma conferência em Londres. — Para mim está claro que vai chegar-se a um ponto crítico. Espero que seja mais cedo do que tarde, para que mais vidas possam ser salvas. Mas não tenho dúvida alguma de que esse momento crítico chegará.

Alguns países, no entanto, acreditam que armar uma oposição ainda fragmentada poderá piorar a situação.

No encontro em Túnis é esperada ainda a aprovação de novas sanções, incluindo a suspensão de vistos de viagem, o corte na compra de petróleo e o congelamento de bens de autoridades do regime, como forma de aumentar a pressão sobre o governo.

Os países também devem reduzir ainda mais os laços diplomáticos com Damasco e tentar evitar o envio de armas para o regime do presidente Bashar al-Assad. A China e a Rússia, que vetaram resoluções no Conselho de Segurança da ONU condenando a Síria, não viajaram a Túnis.

O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, revelou em sua chegada a Túnis que seu país deve reforçar os laços com o Conselho Nacional Sírio.

— Nós, em comum com outras nações, vamos tratá-lo e reconhecê-lo como um legítimo representante do povo sírio — disse Hague.
Kofi Annan pede paz

O ex-secretário-geral da ONU e enviado especial da organização e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, pediu que todas as partes do conflito sírio cooperem para dar um fim à violência no país. Annan também participa do encontro em Túnis.

— Estou ansioso para ter a total cooperação de todas as partes e participantes relevantes no apoio a este esforço unido e determinado das Nações Unidas e da Liga Árabe para ajudar a trazer um fim à violência e aos abusos dos direitos humanos, e promover uma solução pacífica para a crise síria — disse o diplomata após assumir o novo cargo.

Estadão

 

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