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Com pegada roqueira, álbum de Linda Ramalho traz sucessos do pai Zé Ramalho

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publicado em 16/12/2023 às 12h01
atualizado em 16/12/2023 às 15h18

Kubitschek Pinheiro

Fotos – Leo Aversa

O primeiro álbum da cantora Linda Ramalho, filha caçula do cantor e compositor Zé Ramalho, está disparado nas plataformas. “Linda Ramalho canta Zé Ramalho” reúne dez músicas da obra autoral do músico paraibano, em gravações com arranjos roqueiros.

A produção musical é de Robertinho de Recife, que também ficou responsável pela mixagem e pela masterização. A seleção musical traz os maiores sucessos de Zé, selecionados por Linda com a colaboração do produtor.

Duas canções do “lado B”, “Pepitas de Fogo” e “A Dança das Borboletas”, estão no disco, além de hits como “Chão de Giz” e “Admirável Gado Novo”.

Linda Ramalho começou a carreira em 2015 como vocalista e líder da banda de covers Linda and the Spacerhearts. No início de 2023, ela lançou “Adrenalina”, seu EP autoral, que também traz uma regravação do clássico “Eternas Ondas”.

A artista conversou com o MaisPB e contou como surgiu a ideia do disco, que seu pai gostou muito. “Claro, ele adorou! Escutou no ônibus com a sua equipe, e ele e minha mãe escutam direto, também. Antes do disco ser lançado eles já estavam escutando, em casa”.

MaisPB – Como você chegou a essa junção de cantar as canções de seu pai em versão rock?

Linda Ramalho – Em 2018, meu pai relançou o disco “Avôhai”, só que com outros intérpretes cantando suas músicas. Nisso, ele me chamou para cantar “Voa voa”, que eu já fiz numa versão rock. Além disso, cresci vendo ele tocar músicas de seus ídolos só que na sua versão, do seu jeito, como “Zé Ramalho canta Bob Dylan”, e isso com certeza me inspirou. Durante o ano de 2020/2021, época pandêmica, eu fazia aulas de violão online com meu baixista e resolvi tirar “Garoto de Aluguel”. A partir daí, cada aula pensávamos numa música diferente: a ideia do disco surgiu rapidamente, em seguida.

MaisPB –  Você já cantava essas canções de seu pai em shows?

Linda Ramalho – Não. Antigamente eu tinha uma banda cover de punk. Cantava Nirvana, Ramones, Iggy Pop, The Cure, Garbage, que é o estilo que eu me identifico, essa coisa meio grunge, meio punk. Essa é a minha tribo, é a minha vibe.

MaisPB- A semana passada entrevistamos Mariana Moraes, que somente agora depois de anos, resolveu gravar um disco cantando as canções do avô. Estourando as caixas de som, interpretando as canções de seu pai, é o momento certo?

Linda Ramalho – Eu acredito que cada filho, ou neto, ou sobrinho, ou qualquer pessoa que tem parentesco com um artista famoso tem seu caminho. Cada um tem sua criação, alguns já perderam o pai ou a mãe… Eu acredito que cada um sabe de si, e sabe qual é a hora certa pra si.

MaisPB – Conta pra gente, teu pai já ouviu o disco? Ele gostou?

Linda Ramalho – Claro, ele adorou! Escutou no ônibus com a sua equipe, e ele e minha mãe escutam direto, também. Antes do disco ser lançado eles já estavam escutando, em casa.

MaisPB – A segunda faixa Chão de Giz tem uma pegada mais forte, bem mais rock. Estou certo?

Linda Ramalho – Sim.

MaisPB – Pepitas de Fogo logo no início a gente pensa que é um reggae, tem essa pegada ou não?

Linda Ramalho – Sim. Inclusive, eu diria que é a mais “Lado B” do disco. O repertório foi baseado no set do show do meu pai, mas ele nunca tocou ao vivo. Antes, queríamos colocar “Beira-mar” , mas o Robertinho sugeriu mudarmos, pela quantidade de instrumentos que ela tem. Aí ele sugeriu “Pepitas”.

MaisPB – Eu acho “Frevo Mulher” uma das melhores canções de seu pai e não poderia faltar no seu disco, né?

Linda Ramalho – Com certeza! Ela é super animada e uma das mais marcantes, todo mundo conhece.

MaisPB – Tinha que ser Robertinho do Recife para nos apresentar algo novo na música brasileira, né?

Linda Ramalho – Robertinho de Recife é a pessoa que mais entende de Zé Ramalho musicalmente no Brasil. Ele não poderia faltar, foi a nossa peça-chave. Ele já fez mais de 300 milhões de cópias de versões de todas as músicas do meu pai com vários artistas, sem falar que meu pai trabalha com ele até hoje e somos todos muito próximos. Não consigo imaginar uma pessoa melhor para esse projeto que não fosse ele.

MaisPB – A estreia de Linda Ramalho na música foi como vocalista e líder da banda de covers Linda and the Spacehearts, formada em 2015. Vamos falar desse engajamento?

Linda Ramalho – Então, esta era a minha banda cover de punk, como respondi na pergunta 2. Foi uma época gostosa. Eu usava uns vestidinhos meio “Vandinha Addams” e óculos de coração rosa, e tinha cabelo platinado curtinho. Era divertido o show.

MaisPB   – A capa de “Linda Ramalho canta Zé Ramalho” foi uma boa sacada do LP “A terceira lâmina”, álbum que seu pai Zé Ramalho lançou em 1981. De quem veio a ideia?

Linda Ramalho – A ideia foi do meu pai. No início eu tinha pensado em copiar a capa de “A peleja do diabo com o dono do céu” mas não ficaria tão bacana, afinal, nesta capa estão dois ícones históricos: Zé Ramalho e Zé do Caixão. Falei com meu pai e ele disse pra fazermos a capa de “A terceira lâmina”, só que com os efeitos especiais de hoje em dia. Lembro que um dia ele foi caminhar e eu fui junto, pra perguntar como tinha sido feita a capa. Ele me disse que foi feita de manhã, que teve que acordar cedo e pegar o amanhecer, e que foi necessária uma equipe pra fazer o efeito da luz saindo de sua mão. Aí tivemos a ideia de usar chroma key (o famoso “fundo verde”) para colocar o fundo como se fosse um céu. A luz se refletindo no meu rosto acho que fizeram que nem na capa original, usando uma luz refletora e um espelho na angulação correta.

MaisPB – Linda vai cair na estrada com esse show – e  será com o trio João Guilherme Ferreira no baixo, Jeffersom Cardim na guitarra (o China) e Caco Braga na bateria, que você já chama de viagem Ramalhesca? Vem a João Pessoa?

Linda Ramalho – O China se envolveu com outros projetos, mas já estamos com um guitarrista novo, Thiano Saar, que já tirou todas as músicas. Com certeza o show terá o som praticamente igual ao do disco. E meu sonho é fazer um show em João Pessoa, com certeza é uma das cidades que eu tenho mais vontade de fazer. Sou apaixonada pela Paraíba.

MaisPB – O disco é todo bom, foi difícil reunir as canções e deixar outras?

Linda Ramalho – Confesso que foi sim! Tem tantas pra colocar né?

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