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Olivia Hime lança “Se Eu Te Eternizar” as belezas de Francis Hime

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publicado em 28/10/2023 às 11h17

Kubitschek Pinheiro

Fotos –  Nana Moraes

O nome do novo disco de Olivia Hime eterniza seu canto e seu amor por Francis Hime:‘Se eu te eternizar’, o 16º disco, celebra Francis, o músico, parceiro da vida e da arte. E conta com as participações especiais de Dori Caymmi, Zélia Duncan, Sérgio Santos e Quarteto Maogani. É mais um lançamento do Selo Sesc.  O show vai começar no Sesc São Paulo, com banda, seis músicos no palco, mais Francis e a participação de Zélia Duncan. E depois, o show vai acontecer noutras cidades brasileiras e mundiais.

A cantora, compositora e produtora musical apresenta desta vez um trabalho feito a quatro. O CD está nas plataformas de Streaming e Selo Sesc  Plataformas de Streaming Sesc Digital

No disco, Olivia optou por músicas que nunca havia gravado antes, com exceção de “Meu Melhor Amigo”, primeira parceria do casal. Entre as inéditas, estão: Círculo fechado, “Mar Enfim” e “Valsa Sedutora”. A primeira, lançada como single do álbum em 23 de junho deste ano em celebração aos 80 anos da cantora, tem letra escrita por  Paulo César Pinheiro  aos 24 anos e que já denotava sua maturidade nos versos: “Quando a vida faz o carrilhão do tempo andar demais / A gente vê que a vida é uma aventura de alegria e de amargura / E depois se a vida faz o leme do destino andar pra trás / A gente vê que a vida é uma loucura que indefine a criatura”.

A segunda, “Mar Enfim”, que Olívia ouve desde que conheceu Francis, há quase 60 anos, ganhou agora letra própria. Já “Valsa sedutora”, que abre o disco, é de Zélia Duncan e Francis Hime e já está disponível nas plataformas digitais. Logo em seu começo, ela dá as pistas do que há por vir com o verso: “Se eu te eternizar numa canção, acreditarias neste amor?”.


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No trabalho, Olivia divide os vocais em três faixas: Menino De Mar, com Dori Caymmi 
; Pássara, com Zélia, música que foi escrita por Chico Buarque para a peça Geni, de Marilene Assad, e “Anunciação” com Sergio Santos, de uma parceria de Francis Hime e Paulo César Pinheiro

Olivia conversou com o MaisPB e contou pra gente essa alegria de chegar aos 80 anos cantando, gravando, fazendo o que mais gosta ao lado de quem ama, o compositor Francis Hime. Leia a entrevista  e veja o que a artista fala dos assombrosos feminicídios em nosso país.

MaisPB – Esse amor seu e de Francis, não acaba nunca, é?

Olivia Hime – Acaba, não.

MaisPB – É lindo esse disco ‘Se eu te eternizar’… parece um concerto, né?

Olivia Hime – É sim, é lindo. Eu gosto muito desse disco. Eu não me prendo muito em dar uma interpretação, porque cada um vai ler de uma forma. Então, eu prefiro deixar a moleira aberta, para que eu não diga para as pessoas o que cada um vai ver da sua maneira. Eu acho que esse “eternizar” num sentido mais eterno, vamos dizer assim, ou o sentimento que viver, no eterno na música, no eterno que a gente em tudo.

MaisPB – Na verdade esse eternizar, que ressalta o verbo, é como esticar a vida, né?

Olivia Hime –É isso mesmo.

MaisPB – Como foi essa chegada ao Selo Sesc?

Olivia Hime – Durante a pandemia eu fiquei pensando, buscando as canções de Francis nos baús, organizando as partituras dele, algumas meio perdidas. Ele tem tanta coisa. Você sabe que ele perdeu um musical inteiro, que ele escreveu com Chico Buarque?

MaisPB – Não, como foi isso?

Olivia Hime –Isso há mais de 50 anos. Que história, né! Ela perdeu as partituras e aos poucos está recuperando.  Conversando com Francis me veio essa ideia de recolher isso  e pensei vou fazer um trabalho sobre Francis, ele mesmo, com os arranjos dele. É uma beleza o que ele escreve. Ele gosta de trabalhar com a Orquestra. Aí foi sendo construído o disco, conseguimos as cordas da Orquestra de St. Petersburg e botamos os músicos todos brasileiros, metais e instrumentista e a base toda. Nós temos músicos espetaculares nesse disco.

MaisPB – Foi gravado na Biscoito Fino, né?

Olivia Hime  – Foi, mas o orçamento do Sesc generosamente me deu. Eu pude fazer esse disco para o Francis e com o Francis e  ele se esbaldou com a Orquestra.

MaisPB – Chamou Zélia Duncan, para trabalhar nesse disco?

Olivia Hime  – Sim, a Zélia canta comigo, o Dori Caymmi também, Sérgio Santos, que canta na canção “Anunciação” e tem uma curiosidade, essa música entrou num festival, acho que foi primeiro da Record e quem cantou foi MPB4 e depois essa ficou lá esquecida, é uma beleza, a letra de Paulo César Pinheiro.

MaisPB – Você gosta de garimpar, né?

Olivia Hime  – Gosto muito, é muito  meu trabalho, sou garimpeira mesmo.

MaisPb – É linda  a faixa “Meu Melhor Amigo”, sua e de Francis…

Olivia Hime – É muito bonita, foi nossa primeira parceria. Eu gosto muito

MaisPB – Entre as inéditas temos “Ciclo Fechado”, “Mar Enfim” e “Valsa Sedutora”…

Olivia Hime – São lindas, Mar Enfim, é letra minha, Valsa Sedutora é uma parceria de Francis e letra de Zélia Duncan. Nós estávamos no estúdio, eu, Francis e Zélia e gravamos “Pássara” e aí botei a “Valsa Sedutora” para Zélia ouvir e ela disse: “que bom Olívia ouvir outra pessoa cantar minha música”.

MaisPB – Foi daí que veio o nome do disco, Se Eu Te Eternizar, né?

Olivia Hime  – Sim, é linda a letra, é a primeira frase da letra da canção da Zélia Duncan. Até então o nome do disco seria Meu Melhor Amigo. E tinha muita dupla sertaneja com esse nome, seria um disco meio melado.

MaisPB – Fala mais do Ciclo Fechado, que tem letra de Paulo César Pinheiro?

Olivia Hime  – Sim, de Francis e Paulinho, eram dois jovens. Francis fez o arranjo para botar num disco dele, era um LP, não houve tempo. Eu ia botar no meu último disco, Espelho de Maria, também não coube no disco e a m´suca ficou guardadinha, até que pensei, chegou a hora, é uma profundidade impressionante.

MaisPB – “Menino do Mar”, você canta com Dori Caymmi…

Olivia Hime  – Eu fiz essa letra para o disco de Francis, o disco “Hoje”, acho que faz uns cinco anos. A letra é como se fosse uma fábula, tem a mãe do menino que procura ele, ela reza com contas que sangram as mãos dela, com contas de coral, o menino contando as areias. Eu gosto muito dessa letra. O menino é feito de mar.

MaisPB – A canção “Pássara”, a parceria dele com Chico Buarque e está nesse disco?

Olivia Hime  – Eles fizeram há muitos para um Musical Geni. E ficou lá, e lá se vão 50 anos. Essa música fez bastante sucesso, gravaram num dos discos de Chico. Eu ia gravar sozinha, mas achei melhor repartimos o dueto, de duas mulheres, fiz com Zélia. (Duncan)

MaisPB – O disco tem um time de craques, um concerto, né?

Olivia Hime  – Completamente. Quem falou isso pra mim foi o Geraldo Carneiro, novo acadêmico da Academia Brasileira de Letras, ele disse: “Olivia, nesse disco você está inteira”.

MaisPB – Daqui a dois anos você e Francis vão celebrar 60 anos de casamento…

Olivia Hime  – Já nem sei. Eu conto desde o dia em que nos encontramos. Quando olhamos a carinha um do outro. São 60 anos juntos. A gente preza tanto o encontro da gente, a alegria de viver juntos, cada dia é um dia

MaisPB – A Beatriz é sua neta, que fez a produção do disco?

Olivia Hime  – Sim, um amor de pessoa, estava lá o tempo inteiro, filmando, fotografando, é uma encantadora. Filha de Joana, a do meio, que trabalhou dez na Biscoito Fino, fez várias produções de discos e que canta e escreve magnificamente.

MaisPB – Quantos filhos?

Olivia Hime  – São três mulheres e quatro netas mulheres. A mais velha é Maria, Joana e a mais nova é Luíza.

MaisPB – Ou seja, as mulheres dominam na casa dos Hime…

Olivia Hime  – Sim.

MaisPB – Vamos fechar com as mulheres que são mortas diariamente por seus maridos, tanto feminicídio não é Olivia?

Olivia Hime  – Olha, eu acho que existe uma forma de fazer, em grande escala – é aprender a se politizar, aprender a votar, a escolher certo o prefeito, o senador, o vereador, o deputado e o presidente. Agora existe também a questão do seu núcleo familiar e cada um trabalhar um pouco isso, aprender a se conter no trânsito, a não brigar no mercado, não brigar na feira, enfim, as pessoas têm que baixar o ódio. As pessoas estão muito raivosas, além da tristeza que o ser humano adquiriu nos últimos cem anos. Vamos juntos salvar as pessoas, não só no Brasil, no mundo inteiro, porque perde sempre o mais fraco, que é a mulher. Agora eu digo: mulher fraca fisicamente, mas somos muito fortes em nossas posições. Cada vez mais fortes.

MaisPB – Quer falar mais sobre isso, Olivia?

Olivia Hime  – Sim. Cabem às mulheres, às mães, educarem seus filhos desde pequeno, que a força está em outro lugar, não é só no braço, chutando uma mulher. A autoridade não é soco. É muito bonito um homem com autoridade na criação dos filhos, o guardião da família, mas tem que respeitar a mulher, não pode bater, nem matar.

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