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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

A nostalgia da memória Kitch

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publicado em 28/10/2023 às 07h00
atualizado em 28/10/2023 às 05h41

O psicótico, segundo Gordon Gommack, diz a todos que dois e dois são cinco. Já o neurótico sabe que dois e dois são quatro e odeia isso. Afinal quem é Gordon Gommack, nos círculos ilustrados?

Na verdade, tudo certo como 2222, o Espresso, de Gilberto Gil, que circula desde 1972, onde Cristo foi visto subindo ao céu, num véu de nuvem brilhante, subindo ao céu… Delirio, né?

Eu escolho o confortável divã, tiro uma soneca e sonho com Angela Maria cantando que alguém pôs a tocar um tango de Jardel num apartamento junto ao meu, lá nos anos 80, quando morei no Edificil Santo Antônio, em Tambaú. Sim, com mil meu, comi o teu.

Eu não quero analisar nada, ainda que custe o cuspe no chão, mas um  rolê com uma camisa “Volta ao Mundo”, num mundo em volta e não tem volta, sobre argumentos e espaços que sobram para quem não sabe transar com as palavras, eu chego lá,  até se a canoa virar.

Eu escolho seguir, fugir com baby, viver com o sol  na cabeça e o vento na cara, cara a cara, e depois, sem aquela pressa que não me aperta mais o coração, sem tempo de espera, para qualquer Tejo,  tudo é rio, qualquer luto, luta, acorbata, pois, o Pilates me basta e sexo, amém.

Não bebo mais, bebo menos, só um pouquinho, para não estragar a linhagem, porque loucura pouca é trollagem, tolices. Mas quem bebe, bebe na malemolencia do mantra, bebe sim e está vivendo. E quem fuma, sai de perto.

Sim, mesmo que eu me divirta entre continuamente uma prosa ou qualquer outra,  o melhor é está na sombra das raparigas floridas, mesmo que no meu caminho não existe mais buscar do tempo que perdi. Quem perdeu, perdeu, quam bateu, levou. E priu.

Não me escondo, só na hora de dormir. Estou longe dos abismos verbais, dos gritos das plenárias  e se fico grilado, é culpa do happening, que assola minha memória kitch.

Mesmo que o meu fascínio seja o impeto, esteja eu nos amores e colossos dos silêncios ensurdecedores, nos delírios sem fim, nos mistérios que haverão de pintar “Epa Babá”, eu escolho a beleza beleza beleza mano, do Chico César.

Sem essa deixar de estar (também) naquele terço que o homem pode e ir mais fundo do fundo, do fundo, se por você, da canção do outro Chico, o Buarque.

Eu escolho a delicadeza, a certeza de que somos todos iguais nessa noite, não naquela, perdão.

Sem se deixar levar, de ver (também),  sou um pequenino grão de areia, peço penico, sou gigante, ao me desculpar.  Nunca fui hippie, mas quem avisa, senhorio é.

Tempo bom não volta mais, né? Muito cedo pra dizer “tarde demais?”  e a todo pessoal, adeus.

Kapetadas

1 – Tão preguiçoso para escolher a fantasia de Halloween que vou desenhar com giz o corpo de uma mulher no chão e simplesmente ficar lá deitado gozando.

2 – Minha mãe tá naquela fase que todo tipo de dor que você fala que tem, ela diz que também tem. Hoje eu reclamei de cólica menstrual, adivinha.

3 – Escritor que vive de citar outros, outros, outros, morre sem ser citado.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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