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Cineasta detalha filme Meu Nome é Gal, que estreia hoje em JP

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publicado em 12/10/2023 às 11h35
atualizado em 12/10/2023 às 15h03
Atriz Sophie Charlote interpreta Gal Costa

Kubitschek Pinheiro

É fã de Gal Costa? Então, fique ligado, que estreia nesta quinta-feira (12) em todo país, o longa “Meu Nome é Gal” de Dandara Ferreira e Lô Politi , diretoria da elogiada série documental “O Nome Dela é Gal”, exibida na HBO em 2017, focada na carreira de Gal Costa, no período em que a cantora completava cinco décadas de palco e setenta anos de vida.

“Meu Nome é Gal” é uma cinebiografia da cantora Gal Costa, interpretada pela atriz e cantora, Sophie Charlotte. O ator Rodrigo Lelis interpreta Caetano Veloso – ainda no elenco, Camila Márdila. O filme acompanha a trajetória de Maria da Graça Costa Penna Burgos antes de Gal se tornar a famosa cantora.  O roteiro é de Máira Bühler e Lô Politi. O filme foi rodado no Rio e São Paulo. “porque já conta com o início de Gal quando chega no Rio de Janeiro e depois São Paulo.

Nos cinemas do Manaíra Shopping o longa estreia às 16h, 18h30 e  às 20h45

Nos cinemas dos Mag às 14h30 e às 20h30

A cineasta Dandara Ferreira conversou com o MaisPB e contou detalhes da construção do filme, sem spoiler, é claro.

MaisPB  – Como foi a estreia em Salvador, a cidade em que Gal nasceu?

Dandara Ferreira – Foi emocionante, porque tinha muita gente com relação afetiva ali com Gal ou com outros personagens, gente da família de Caetano Veloso, também parentes de Gilberto Gil. Pra mim também que é minha cidade. Minha família estava na plateia, no Espaço Glauber Rocha, no Castro Alves

MaisPB – Muita gente, então?

Dandara Ferreira – Lotado, eram quatro alas, acho que umas quinhentas pessoas e fora isso muita gente não conseguiu entrar – a fila era enorme.

MaisPB – Recife e Belo Horizonte também já viram?

Dandara Ferreira – Começamos pela Bahia, nos outros lugares também foram casas cheias.

MaisPB – Que pena que Gal não viu o filme, né?

Dandara Ferreira – Sim, queria tanto que ela tivesse visto. Eu já tinha dirigido um documentário sobre ela. Um mês depois do documentário, Gal me chamou na casa dela, e falou que tinha algumas pessoas, empresas procurando Gal para fazer um filme de ficção e que ela gostaria que eu fizesse

MaisPB – Ela participou do processo?

Dandara Ferreira – Não, ela queria ver pronto, que seria ser surpreendida, ter essa sensação na sala de cinema, de reviver momentos e memórias. Ela nos deixou muito à vontade. Criamos ali uma parceria de confiança. Ela gostou muito da série.

Cineasta Dandara Ferreira

MaisPB – O documentário é mais instigante, né?

Dandara Ferreira – Sim, são quatros episódios de uma hora, é muito tempo e ela gostou muito. Quando fui fazer o documentário, ela aceitou um convite meu.

MaisPB – O filme trata de um período, antes de Gal explodir no Rio, no mundo..

Dandara Ferreira – Sobre a história da Gala nós poderíamos contar várias histórias – uma artista de uma vida intensa e muita coisa aconteceu. Gal mudou muito, foi cada vez mais se modificando, em cada período. Uma mulher de vanguarda sempre se alimentando do novo, do que estava para acontecer. Então, daria para fazer vários filmes, como o documentário já tem essa cronologia destacada.

MaisPB – É uma cinebiografia, né?

Dandara Ferreira – Exato. Uma cinebiografia teria que contar toda a história da personagem, mas quando você tem o recorte, consegue se aprimorar mais na história.

MaisPB– Seu filme segue um período, uma cronologia…

Dandara Ferreira – Sim, porque essa cronologia é a transformação da Maria das Graças Pena Burgos, Gracinha, para Gal, a artista profissional. Mostra uma cantora mais influenciada, mais bossa novista, tímida, quando resolve entrar de cabeça no tropicalismo. Ela tem essa transformação, tanto interna quanto externa; O filme fala sobre isso, do crescimento profissional e pessoal de Gal.

MaisPB – O filme foi rodado todo antes dela morrer?

Dandara Ferreira – Sim, tudo. Quando ela morreu a gente já tinha o primeiro corte do filme, ele não estava finalizado. Terminamos de filmar em março do ano passado e Gal faleceu em novembro.

MaisPB – Você, como amiga de Gal, como viu a morte dela…

Dandara Ferreira – Cara, foi muito triste, Primeiro porque é uma tristeza para o Brasil e o mundo, já que perdemos uma das maiores cantoras. Eu fiquei muito triste pela nossa relação pessoal, perdi uma pessoa que eu gostava muito, que eu admirava, tanto no profissional e no pessoal, a gente acabou construindo uma amizade. O filme foi feito para ser uma homenagem uma celebração da vida dela, e é também, uma celebração para essa turma que viveu com ela, os amigos Caetano, Gil, Bethânia, Macalé e outros.

MaisPB – Pois é, o filme é com Gal, mas estão todos lá, Gil, Bethânia, Caetano Macalé, Dedé, ou seja, todo mundo é Gal no filme?

Dandara Ferreira  – É isso mesmo, Gal é a protagonista, mas quando você assistir ao filme, vai ver que todos os amigos foram importantes para essa transformação da Gal, mas é claro que filme é dela, o foco é Gal, o viés dela

MaisPB – Você notou a plateia emocionada, pré estreia em Salvador, Recife, Belo Horizonte

Dandara Ferreira – Sim, elas ficam muito emocionadas, principalmente, para as pessoas que vivenciaram esse período.

MaisPB – Como foi fazer o papel de Maria Bethânia?

Dandara Ferreira – Foi um grande desafio e mágico ao mesmo tempo, porque eu pude interpretar uma cantora, interprete que eu tenho muita admiração e carinho. Eu pude vivenciar um período, que eu gostaria de ter vivido, com os amigos que eu gostaria de ter ido. Eu nunca tinha me achado parecida com Bethânia. A gente tinha todo elenco, um dia nos ensaios, a Chica Carelli que é uma grande atriz, professora do Teatro Vila Velha onde eles começaram com “Nós, Por Exemplo”, ela olhou para mim e disse “Cadê a Bethânia?” Eu respondi: não tem. “Tem sim, está aqui”, disse ela olhando para mim.

Dandara caracterizada de Bethânia

MaisPB – Aliás, a atriz Sophie Charlotte foi um achado, né?

Dandara Ferreira – Sim, quando a  convidei, ela perguntou logo: “quando vamos começar?”. O papel foi feito para ela. É impressionante. Gal me dizia que era intuitiva, mas a minha intuição foi boa também. Eu não sabia nem que ela cantava, soube através de Gal, que me disse que ela tinha cantando “Sua Estupidez” com Roberto, e ela fez e faz lindamente. Eu não a conhecia  Sophie, tinha tido um encontro com ela, quando fui assistente de direção, numa publicidade de Lili Garden Guedes. Procurei Sophie, uma grande parceira, ela estudou muito, se dedicou sozinha ao entorno da Gal.

MaisPB – E o Rodrigo Lelis, ficou a cara de Caetano?

Dandara Ferreira -Foi uma loucura, viu? Igual a Caetano. Eu conheci o Rodrigo no Teatro Vila Velha, em Salvador, ele era totalmente diferente, tinha o cabelo loiro, curto. É um bom ator e mesmo não tendo a aparência física, incorporou a personagem.

Dandara, Rodrigo Lelis e Sophie Charlotte em foto de bastidores

MaisPB – Deve ter adorado fazer Caetano, né?

Dandara Ferreira – Sim, quem não adoraria? Fazer Caetano Veloso é um grande presente. Eu também queria.

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