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Banda de Pau Corda começa a turnê dos 50 anos de carreira no Teatro Santa Roza

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publicado em 06/10/2023 às 10h00
atualizado em 06/10/2023 às 07h31

Kubitschek Pinheiro

Fotos – Sidarta

 A Banda de Pau e Corda genuinamente nordestina e global, vai se apresentar nesta sexta-feira, no Teatro Santa Roza, às 20h, celebrando 50 anos de estrada, com álbum novo “Entre a Flor e a Cruz” lançado em setembro passado com as participações de Fagner, Lenine, Marcos Valles e Juliana Linhares. Padre Fábio de Melo também integra o time de convidados do disco produzido por José Milton. Um show imperdível.

 Cinquenta anos depois, a banda voltar a se apresentar em João Pessoa, no mesmo Teatro Santa Roza. “Sim, vamos estrear o nosso show “Entre a Flor e a Cruz” em João Pessoa. Lembro que foi aí que fizemos o primeiro show da Banda de Pau e Corda quando saímos pela primeira vez do Recife, e foi exatamente no Teatro Santa Rosa, então temos um sentimento afetivo muito bacana da cidade e também desse belo teatro, e esse é o motivo pelo qual estrearemos aí com vocês e comemorando em primeira mão os nossos cinquenta anos”, disse Sérgio Andrade

A banda composta por Sérgio Andrade (voz, percussão e vocal), Júlio Rangel (viola e vocal), Sérgio Eduardo (contrabaixo), Zé Freire (violão e vocal), Yko Brasil (flauta transversal e pífano) e Alexandre Baros (bateria, percussão e vocal) está esperando pelos fãs no Teatro Santa Roza.

Formada em 1972, a Banda de Pau e Corda, cujo primeiro disco Vivência, de 1973, logo despontou nas paradas de sucesso, se mantém.Com produção musical de José Milton e de Alexandre Baros, baterista e percussionista do sexteto, o álbum Entre a Flor e a Cruz” traz composições inéditas, casos da música-título dos pernambucanos PC Silva e Gean Ramos Pankararu, de Rosa roubada e de Insônia, tema instrumental de autoria de Yko Brasil.

O MaisPB conversou com Sérgio Andrade, que canta, toca percussão e vocalista, além de compositor, que traz o roteiro da banda de ontem, hoje e amanhã.

MaisPB – Vão estrear a turnê hoje, em João Pessoa?

Sérgio Andrade  – Sim, vamos estrear o nosso show Entre a Flor e a Cruz em João Pessoa. Lembro que foi aí que fizemos o primeiro show da Banda de Pau e Corda quando saímos pela primeira vez do Recife, e foi exatamente no Teatro Santa Rosa, então temos um sentimento afetivo muito bacana da cidade e também desse belo teatro, e esse é o motivo pelo qual estrearemos aí com vocês e comemorando em primeira mão os nossos cinquenta anos.

MaisPB – Aliás, vocês tocaram aqui o ano passado…

Sérgio Andrade   – Sim, fizemos João Pessoa ano passado lançando o disco “Missão do Cantador” nesse mesmo Teatro, o Santa Roza. Antes disso fazia algumas décadas que a Banda não se apresentava em João Pessoa e estamos querendo muito ter essa reaproximação com o público da Paraíba que sempre nos recebeu muito bem. Vale lembrar que João Pessoa foi a primeira cidade que fizemos cantamos fora do Recife quando estávamos iniciando carreira, e já naquela época sentimos o acolhimento carinhoso do público, então temos essa memória afetiva e achamos que esse reencontro em que estamos comemorando os nossos cinquenta anos de estrada, e sendo João Pessoa a primeira cidade a receber esse show, vai render uma dose de emoção muito forte em todos nós!

MaisPB – 50 anos na estrada é muito Pau e Cordas por aí, né?

Sérgio Andrade – Sim, foram cinquenta anos bem vividos na música, com muitos momentos que marcaram essa caminhada e que fizeram e fazem a nossa história dentro desse mundo dos palcos.

MaisPB – – A música de vocês é bem Brasil, de um Pernambuco na frente, um dos estados mais culturais do Nordeste. Podemos falar sobre isso?MaisPB – 50 anos na estrada e muito Pau e Cordas por aí, né?

 Sérgio Andrade – A nossa música, em termos rítmicos sempre teve suas raizes nas manifestações culturais do nordeste, e as letras quase sempre são crônicas de nossa vivência, nosso olhar poético sobre temas variados, extraídos muitas vezes do cotidiano, as vezes esses temas podem ser leves, singelos, puros, românticos, outras vezes podem ser duros, desafiadores, secos, e essas letras quando ganham música com os ritmos nordestinos e alguns de origem mais pernambucanos, como a ciranda, o baião, o xote, entre outros, elas então ganham essa identificação com o Nordeste e particularmente Pernambuco, mas o que fazemos é puramente música popular brasileira.

MaisPB – Vivência é a própria celebração da banda, né? Uma canção forte, que também faz 50 anos que foi feita.

Sérgio Andrade  – Vivência tem uma importância muito grande na história da Banda. Ela foi a primeira música gravada em nosso LP que foi lançado no ano de 1973 e também foi a primeira faixa do disco. Tem a sonoridade que identifica a banda e que nos acompanha até os dias atuais

MaisPB – Desta vez vocês botaram uma bateria no lugar da percussão, ficou legal, é?

Sérgio Andrade  – Sim, colocamos uma bateria a partir do segundo LP, o Redenção, porque sentimos que a percussão tão somente limitava um pouco a criação rítmica dos arranjos, precisávamos de uma levada mais dinâmica e a aquisição da bateria com a permanência da percussão mais fina e de efeitos deu a dinâmica que precisávamos para as nossas criações.

MaisPB – Na segunda faixa vocês dão um show com a canção de Chico César, e participação de Lenine, que ficou bonita na voz dele. Chegaram a pensar em chamar o próprio Chico? 

Sérgio Andrade  – Chico já participou do nosso disco anterior a esse, lançado em 2021, o CD “Missão do Cantador”. Ele gravou conosco a música “Fogo de Braseiro”, de minha autoria que ficou muito boa na voz dele. Nessa agora, “Moer Cana”, que é uma música dele, do próprio Chico César, achamos que a voz do Lenine seria a ideal para fazer um duo comigo, pelo timbre e também pela interpretação bastante personalística que o Lenine tem, ficou do jeitinho que a gente queria. Assim temos uma música do Chico César, cantada por Lenine e Banda de Pau e Corda juntos, um sonho de encontro musical!

MaisPB– A canção Entre a Flor e a Cruz” do pernambucano PC Silva em parceria n com Gean Ramos Pankararu – gente nova no pedaço, né? E tem a interpretação de Sérgio Andrade. Vamos falar sobre essa novidade?

Sérgio Andrade  – Para falar dessa música preciso falar um pouco sobre o álbum como um todo para que se entenda melhor o que vou dizer. Esse álbum é comemorativo aos nossos cinquenta anos de estrada, então resolvemos regravar seis canções antigas da Banda, aquelas que mais representam a nossa trajetória, então costumo dizer nas minhas entrevistas que elas representam nesse álbum o retrovisor do tempo, onde podemos olhar o passado da Banda e nossa trajetória através dessas canções. As outras seis canções dividem-se entre as inéditas autorais, outras que fazem parte do cancioneiro da música brasileira e também compositores que nós gostamos muito, então essas estão representando o olhar para frente, especificamente para o presente e para o futuro, e nesse contexto a música do PC Silva e Gean Ramos Pankararu mostra claramente esse olhar. Gravar uma música linda de dois maravilhosos cantautores da nova cena musical pernambucana traduz claramente esse olhar, estamos antenados com o nosso tempo, acho que isso tem tudo a ver com a nossa longevidade como grupo musical. Enxergar o que de bom está acontecendo e trocar experiências e sonoridades.

MaisPB– E seguem com a regravação de “Areia”, que você chamaram Fagner que deixou a canção mais intensa. Estou certo?

Sérgio Andrade  – Sim, certíssimo. Areia é uma letra minha e música do meu irmão Waltinho. Regravamos essa música porque ela fez muito sucesso quando foi lançada e até hoje está em nosso repertório com uma resposta fantástica do publico em todas as nossas apresentações. Queria dar a ela uma interpretação que pudesse diferenciar da gravação original mas sem perder a sua essência e as características de uma música romântica. O Fagner caiu como uma luva, exatamente o que eu queria, uma interpretação mais dramática para fazer contraponto com a minha que é mais contida, então as duas juntas se completaram e fizeram diferença sem tirar essas características da gravação original que falei anteriormente.

MaisPB – Vamos voltar no tempo. Como realmente veio a luz da Banda Pau e Corda?

Sérgio Andrade  – no início de 70 meu saudoso irmão Roberto Andrade, já escrevia algumas letras e Waltinho, meu outro irmão, colocava as músicas. Passei também a compor algumas letras. Juntos participávamos de festivais estudantis universitários que existiam naquela época. As nossa músicas eram defendidas por grupos musicais de baile da nossa cidade porque não existíamos ainda como banda. Um dia Roberto conheceu um grupo musical que estava começando a fazer sucesso no Recife, eles tocavam numa pequena casinha de shows que ficava no centro da cidade que depois viria a ser nossa. Esse grupo que estava começando era o Quinteto Violado. Fizemos muita amizade com eles e resolvemos também formar um conjunto. O saudoso Toinho Alves, contrabaixista e fundador do Quinteto sugeriu o nosso nome, Banda de Pau e Corda e pouco tempo depois o Quinteto partiu para a sua primeira excursão pelo país e nos vendeu a casinha de shows. Iniciamos lá as nossas primeiras apresentações como Banda. Logo começamos a chamar a atenção da mídia local. Com apenas seis meses de formada, começamos a receber propostas de algumas gravadoras do Sudeste e optamos pela gravadora RCA Victor, uma das maiores naquela época, o convite partiu do produtor José Milton, que nos produz até os dias atuais.

MaisPB– Eu não tinha ouvido ainda uma interpretação tão bonita como o clássico “Lamento Sertanejo”?

Sérgio Andrade  – Essa música é linda e está em nosso repertório de shows já a algum tempo e sempre que tocamos levantamos a plateia, ela é muito bonita e o arranjo que fizemos deixa ela pra cima, uma força muito grande, uma energia que bate forte no público e volta com força pra cima da gente, ela é incrível. Adoro cantá-la e ver a reação das pessoas.

MaisPB – E Carcará? Que delírio! De quem foi essa ideia tão boa?

Sérgio Andrade  – Sempre fui apaixonado por essa música e queria muito gravá-la. Mas pensava sempre no grande desafio que é você pegar uma canção que tem uma interpretação icônica como a de Betânia que imprimiu nela uma identidade super bem definida e refazer esse caminho. Mas eu queria dar a ela uma outra interpretação, uma interpretação própria e que tivesse a mesma força porque a música pede isso. No ano de 2021, pouco antes de lançarmos o álbum Missão de Cantador, a Juliana Linhares lançou o seu primeiro álbum solo chamado Nordeste Ficção e esse álbum me chamou a atenção e me impactou bastante pela bela voz e interpretação dela em todas as canções do disco. Então quando resolvemos que Carcará iria entrar no álbum, pedi ao Zé Freire, nosso violonista e arranjador que fizesse um arranjo impactante e sem tirar as características instrumentais da Banda. Depois chamamos a Juliana Linhares para cantar comigo e colocar na canção a força e potência de sua voz para imprimir nela o conceito que queríamos na música. Deu super certo, superou todas as nossas expectativas.

MaisPB – “Flor d´Água” é uma canção eterna. Fala aí?

Sérgio Andrade  – Essa é a música mais conhecida da Banda porque foi tema da novela Maria, Maria, da rede Globo. Nunca saiu do repertório e por isso também está nesse álbum comemorativo dos nossos cinquenta anos. Preservamos o arranjo original e apenas incluímos nela um leve toque de sanfona, executada pelo nosso sanfoneiro convidado Vinicíus de Farias, que deu a ela um ar mais nostálgico, elegante, acho que ficou muito boa e não perdeu as características da sonoridade original.

MaisPB – Falando em Esperança, na canção e na vida, será teremos esperança de dias melhores, pós pandemia, que deixou muita gente doida, doente, violentas?

 Sérgio Andrade  – Acho que a esperança é o que nos move para frente, sem ela não temos perspectivas de futuro. E nesse contexto eu digo que já estamos vivendo dias melhores. Temos agora um governo de verdade, saímos de um período de muita dificuldade, parecia que estávamos tendo um grande pesadelo, pandemia mais desgoverno, uma receita certa para o fracasso social e humanitário. No entanto, nunca perdemos a esperança e estamos conseguindo dar a volta por cima, pelo menos iniciamos o processo.

MaisPB Adorei Pelas Ruas do Recife, parece um poema, lembra Bandeira. Conta ai pra gente?

 Sérgio Andrade  – Nesse disco não poderia nunca deixar de ter um frevo, ritmo que a gente ama e que está presente com muita força na trajetória da Banda desde o início da carreira. Escolhemos regravar Pelas Ruas do Recife porque além de ser um belo frevo, tem um arranjo vocal que representa muito a Banda de Pau e Corda. Então resolvemos dar a ele um toque de elegância a mais convidando o próprio compositor do qual sempre fui muito fã que é o Marcos Valle. Lembro que esse frevo tem como compositores o próprio Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle e Novelli) Marcos imprimiu nessa gravação uma elegância de interpretação muito linda, voz calma, concisa, fiquei Imensamente feliz e honrado em dividir voz com ele que sempre fui fã de carteirinha, desde minha adolescência.

MaisPB

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