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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

A casa de Klabin

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publicado em 05/08/2023 às 07h00
atualizado em 05/08/2023 às 04h50

Eu fico tentando entender tantas coisas entre o céu e a terra, do que nunca pôde sonhar a filosofia.

A casa de tijolinhos na beira mar do Cabo Branco, que pertenceu ao empresário Armando Klabin não existe mais – (ele foi um homem de vanguarda, com inesgotável capacidade de trabalho, era um apaixonado pelo meio ambiente e pelo Brasil. A casa de Klabin está morrendo, vai virar um prédio. Klabin foi antes, em 2021.

Me cega tantos azuis, tantas nuvens, tantas belezas despidas de cores, cores nuas sobre o mar do Cabo Branco, mas a casa que eu amava, não existe mais. Até que fiz menção e juras de amor, de visitá-la, quem sabe um lance no sofá, quem sabe só o susto fugaz como testemunha, mas, não, não aconteceu.

Nada demais escrever sobre uma casa, né? Se não fosse a casa de antes, anos antes, quem sabe, mas, não, o tempo virou uma plataforma e o capitalismo é o dono do pedaço..

Cegaram meus olhos sobre a casa de Klabin, e minha paixão que já tinha virado amor, não tem mais chão.

Há quem diga que a mais bela casa do Cabo Branco, não era a Klabin, mas a que surgirá vertical. Casa vertical?

A casa de Armando Kablin foi vendida por trinta dinheiros e já lembra um barco fantasma, um barco que aparece e desparece no horizonte e jamais chega para salvar o náufrago da cidade de João Pessoa que faz 438 anos neste sábado – aliás, não é cidade, é município – minha saudade, nesses trópicos xaxados e baiões.

Eu  namorava com a casa de Klabin desde que a vi pela primeira vez e do mar se diz terra à vista.

Nesta distopia, eu vou ficando à deriva,  sob meus tênis, com o velho calção de banho.

No Brasil em que Klabin viveu, não se respeita mais nada, derrubam árvores todos os dias,  casas viram prédios, nada contra, nada a favor;  derrubam pessoas, matam e roubam às claras, pobres legisladores patetas, jamais poéticos e bulhufas para os bambambãs.

Gatos & lebres

Eu sigo a metodologia dos gatos, (embora sejam eles os mais envenenados entre João Pessoa e Campina Grande), mas fazem o que querem, quando querem, do modo que querem. #Nito #Rayovak #Tica e #Chiquinha

Não tem preço a liberdade.

Venderam a casa de Klabin.

Já venderam até paisagem…

Na volta para casa, meus olhos fixam na síntese de outra “casamante” e,  quando mais envelheço, mais gosto das casas dos outros.

Dobro a esquina da Avenida Cairu, vejo a casa de François e Heloísa no Cabo Branco, é tão bonita, mas não sei até quando.

Ah, o dinheiro!

Kapetadas

1 – Hoje em dia, não adianta querer ter orgasmo avassalador. Isso é coisa do tempo do sexo entre vassalos.

2 – Por necessidade, o filósofo virou corretor de imóveis. Apenas uma troca de especulação.

3 – Na madrugada, obituários de casas são impressos na surdina das rotativas. De manhã, gente que acha que ainda não morreu leva o susto final e segue.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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