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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Quando o vazio se esvazia

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publicado em 27/06/2023 às 07h00
atualizado em 26/06/2023 às 18h22

Acavalados sobrepostos uns aos outros. Onde está a novidade? A novidade era iterada. Não, a novidade da canção de Herbert Viana e Gilberto Gil, era o máximo. A novidade maldosa, se repete.  A cavalo ou sem.

Quando nos encontramos no coração um do outro, só nos desencontramos para chegarmos ao silêncio. Tanta gente diz: “um beijo no coração“, e tal afirmação é política e figurativa. Não se beija o coração, escuta ele bater. Quem é amigo de verdade, sabe.  Talvez venha daí “o faça o que seu coração está pedindo”, mas o coração não pede, manda. Jamais traições.

Já vivemos vidas de júbilos…

Eu tenho amor pela moça Neblina. O nome dela vem de Guimarães Rosa (amor vem de amor) “Em Diadorim, penso também – mas Diadorim é a minha neblina”.

Pois bem, Neblina foi duramente atacada por três “cavaleiros” e nenhum com chapéu na mão, mas ela não se abateu.  Nem era seu pai, nem seu irmão, sequer aquele que Neblina deu a mão.

Eu estou aí seguindo contigo Neblina, fazendo sombra à dor de cada pancada.

Traição, uma velha história.

Nada como um dia atrás do outro e uma loooonga noite de arrependimento. Outras manhãs virão e nem precisamos repetir – que a mão que beija, é a que apedreja, lição do poeta Augusto dos Anjos.

Toda a vida foi correta, sincera e inteligente  – da moça  Neblina, de quase um século, atacada pelo veneno das vantagens menores.

Imerso na lentidão do último domingo, a casa toda em silêncio, me acordo para ver o dia, de homens e deuses do mal.

Já estava terminando esse texto, sem conseguir, quando escuto na calçada um cavalo trotando na sua cadência, uma batida espaçada das patas, que não chegava a ser galope. Num é que lembrei novamente de Neblina, de Guimarães Rosa.

Neblina, Neblina – nada vale o pensar no homem, que diz ser o melhor amigo do cão, mas esquece que precisa do cachorro, pois não é fácil estar no mato sem.

O silencio depois do silencio quebrado pelo trote do cavalo em minha rua, não emudeceu os sonhos meus, nem os sonhos de Neblina. Nunca.

Que ninguém diga que eu sei escrever, que eu não sei.

Outro dia plantei um pé de amizade, o pão de cada dia, nos conformes vieses cognitivos.

Digam o que quiserem, mas o silêncio é sempre bendito.

Kapetadas

1 – Curioso para ver como será o velório com inteligência artificial.

2 – O último açaí apaga a luz

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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