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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Coito no sofá do rei

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publicado em 09/05/2023 às 07h00
atualizado em 09/05/2023 às 04h32

Às vezes, era no sofá, outras, acolá. O que está implícito dá muito mais tesão que o explícito, sobretudo se intercalado com segredos de liquidificador.

Na minha casa, no Sertão, na Rua Antônio Lacerda, (não lembro o número) tinha um divã. Sou de outros lugares.

Sábado passado vi um belo rapaz, garoto ainda, com comprimidos para dor no bolso da camisa. Ele me disse que não vamos morrer tão cedo. Eu disse a ele que o primeiro homem da minha vida teria sido Maquiavel. Ele riu.

Eu disse que “o primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta” Ele riu e disse: “O que você acha da Janja? Eu disse que era vidrado no all star amarelo dela.

Falei para ele uma série de coisas que não são kapetadas, que são bobagens, só bobagens, tipo: chato é a pessoa que fica mais tempo com a gente, do que a gente com ela. Como assim?

Aí ele disse: “Sr. K, o amor é cego, mas o casamento devolve a visão”. Entre miopias, cataratas, glaucomas e remelas, nem todos escapam.

Sai para caminhar e encontro um Tatu-bola e Petronio Souto, que me fala dos próximos candidatos a imortais da Academia. Ué, e quem morreu? Ele disse: “ninguém, porém, ser imortal, é ter onde cair morto”. Faz sentido.

 Onde andará François? Tão puro, foi morar do outro lado do mar.

Um bancário voltou comigo da caminhada, havíamos deixado Petronio Souto na porta do prédio. Na travessia, ele disse, olhando para o Tatu Bola “não há dia melhor do que hoje, para deixar para amanhã o que você não vai fazer nunca!”. Que doideira. É nunca mesmo.

Tanta muita gente com fome, absorvendo luz e cor e a preguiça geral, que não come é devorada pelo espelho do banheiro. E o sofá?

Nunca esqueci a cena em que Robert De Niro se olha no espelho do banheiro, antes de sair para dirigir o Taxi Driver, de Scorsese.

Tem muita gente agarrada ao dinheiro, barrigas protuberantes. Eu até gosto do dinheiro, mas não sou correspondido. E o sofá?

Minha mãe chamava as moças da cidade para o divã e dizia: minha filha se você soubesse o que é o tal do casamento, você não casava nunca. Elas ficavam frouxas de rir.

 Meu pai dizia que o casamento era um sonho e a mulher é o despertador. E o sofá?

 Na verdade, o homem não é o único animal que pensa, que pensa.

Gente, o Charles nem tá tão velho assim. Vida longa à rainha das veredas mortas. Boba com moderação. Boba? E o sofá?

Kapetadas

1 – Tem quem ache embalagens a vácuo novidade. Não são. O crânio humano existe há uns 200 mil anos.

2 – A noite parece forte e saudável mas tá com as horas contadas – não sobrevive ao amanhecer.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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