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Educador Físico,  Psicólogo e Advogado. Especialista em Criminologia e Psicologia Criminal Investigativa. Agente Especial da Polícia Federal Brasileira (aposentado). Sócio da ABEAD - Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas e do IBRASJUS - Instituto Brasileiro de Justiça e Cidadania. É ex-presidente da Comissão de Políticas de Segurança e Drogas da OAB/PB, e do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas do município de João Pessoa/PB. Também coordenou por vários anos no estado da Paraiba, o programa educativo "Maçonaria a favor da Vida". É ex-colunista da rádio CBN João Pessoa e autor dos livros: Drogas- Família e Escola, a Informação como Prevenção; Drogas- Problema Meu e Seu e Drogas - onde e como lidar com o problema?. Já proferiu centenas de conferências e cursos, e publicou dezenas de artigos em revistas e livros especializados sobre os temas já citados.

As raízes da agressividade humana

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publicado em 18/04/2023 às 07h00
atualizado em 17/04/2023 às 16h47

 

A sociedade brasileira e a mundial tem sido ultimamente invadida por um “tsunami” de violências. Crimes horrendos e cruéis têm sido praticados seja por pessoas adultas ou jovens adolescentes de ambos os sexos, sem que as autoridades e especialistas encontrem respostas convincentes para tal fenômeno. E assim, todos se perguntam: qual a razão para tanta agressividade e crueldade? Este, sem dúvida, é um fenômeno complexo, exigindo debates e ações multidisciplinares aprofundadas e também complexas.

A discussão sobre as origens da agressividade humana há muito tem interessado a áreas de estudos científicos, variando desde a filosofia, à antropologia, à medicina, à sociologia, à psicologia, à segurança pública, dentre outras.

No decorrer dos séculos muitas teorias relacionadas a este assunto têm sido publicadas e defendidas por estudiosos, mas todas elas deixam a desejar pela dificuldade que encontram em estabelecer provas realmente seguras e possíveis de aferição científica, ou seja, os limites objetivos da ciência comumente têm esbarrado quando confrontados com a complexidade e imprevisibilidade do comportamento humano.

No momento histórico atual, uma grande corrente de cientistas tem se esforçado na defesa da tese de que, a maioria dos distúrbios em geral, do ser humano, não especificamente relativos à violência e agressividade, têm base genética.

O avanço da Ciência e o advento do “Projeto Genoma” (projeto que tem como objetivo identificar todos os genes responsáveis por nossas características normais e patológicas), pôs termo ao sequenciamento do DNA humano e, atualmente, o conhecimento dos nossos gens é praticamente completo. No entanto, ainda permanece a dúvida sobre a relação existente entre cada um desses gens e os seus efeitos sobre o comportamento humano, ou seja, quanto um genótipo determina certo fenótipo comportamental, isto é, as características constantes da personalidade.

Alguns estudos estimam que cerca de 40% da tendência para o comportamento agressivo, particularmente aquele de natureza impulsiva, está relacionado a fatores genéticos. Assim sendo, os genes, não podem ser considerados os únicos responsáveis pelo comportamento agressivo.

Estudos outros acrescentam que, o comportamento de oposição e agressivo é altamente herdado, e pouco influenciado por fatores ambientais, enquanto o comportamento delinquente está pouco ligado a fatores genéticos e mais ligado a fatores pertencentes ao ambiente social compartilhado pelo indivíduo.

Podemos constatar, portanto, que se são muitos os estudos e avanços nas pesquisas da complexa mente humana, há também um vasto campo ainda obscuro e carente de respostas mais efetivas. Contudo, uma coisa é certa, a dialética entre genética (características herdadas), e ambiente (comportamento aprendido no meio social), é essencial para ajudar na compreensão do comportamento do ser humano. Pois, se é verdade que os genes influenciam a nossa maneira de agir e pensar, é também igualmente verdade que o ambiente no qual convivemos, poderá influenciar a expressividade dos nossos genes.

Assim sendo, se faz necessário que, não só os pesquisadores, por meio das Ciências, mas também a sociedade, a partir das suas diversas áreas de atuação e seus variados pontos de vista, assumam suas cotas de responsabilidades em relação a esta causa. É certo que a construção de um ambiente mais justo, ordeiro e humano é uma tarefa que pertence a todos os segmentos sociais. O começo está na família, educando com amor e limites as suas crias, passando pela escola, que precisa estar atenta não apenas à educação formal das disciplinas, como ao lado emocional e individualidades dos alunos, ao poder público, que tem obrigação de dar um bom suporte educacional e de assistência, especialmente quando das ausências ou carências das famílias e também da sociedade como um todo, que precisa respeitar as diferenças e necessidades dos seus pares.

Como vemos, a compreensão das raízes da agressividade humana ainda é, em grande parte, um mistério. Não há dúvida, no entanto, que se todas as pessoas assumirem o seu papel social e educativo com a prole e estudantes, estará sendo dada uma grande contribuição para a construção de uma sociedade menos violenta e mais humana.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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