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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Nenhum segredo

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publicado em 14/01/2023 às 07h00
atualizado em 14/01/2023 às 05h59

Eu estava sentado no último banco da Igreja da Misericórdia, (centro da cidade) coberta por uma pequena pintura (foto) que lembra afresco, uma grande cúpula de poucos personagens.

Não estou mais com o pé na estrada. Fui na igreja a procura do Padre Amaro ( Eça de Queirós) para confessar meus segredos.

Inclinei a cabeça para trás e vi o fluxo dos inquilinos de Jesus chegando e outros já rocando nos bancos. Deus tenha piedade das almas penadas em toda parte.

O piso é de tijolo. O “piso” nunca igual, nunca foi. Novidade? Só as centenas de verbetes e memes com os personagens dos horrores de Brasília, atualizados diariamente.  Brigitte Bardot não é mais a mesma. Nem Pamela.

O céu azul da cidade, deixa entrever e de quando em quando uma nuvem passa mostrando a sua forma. Desde menino que vejo desenhos nas nuvens. Não sei como engarrafá-las.

Gostaria que a vida fosse assim…pacífica, pacata. Mas não é.

A luz azul do computador mostra uma tempestade enorme e logo vem a nuvem de chumbo grotesca e trovões estridentes. O mundo desabou mansamente. Eu disse mansamente?

A imagem dos anjos de Berlim e nada sobre mim chama atenção do meu cinema do interior.

Antes, no sinal do antigo Plaza, li no vidro traseiro de um velho Monza – “Não procure enganar a si próprio, não adianta”.

Queria estar no foco das prerrogativas para entender melhor. Olhar para mim e tentar saber o que eu queria, o que eu quis e ainda quero.

Misericórdia nas oitivas.

Na Igreja da Misericórdia deixei para trás a imagem de “papai e mamãe” na cruz – essas coisas doidas, quando eu saio para dar uma… volta no centro da cidade e reviver as pernadas dos anos 1970.

Corro pra casa rever “BlowUp – Depois Daquele Beijo”, filme de 1966, dirigido por Michelangelo Antonioni.

Reviver não funciona, do que já viveu e o que não quer mais. Umas vezes são intencionais, outras nem tanto.

Havia quem discursasse na homília, mas eu já não estava no confessionário. Nada do padre.

Onde mora o amor, que não sabe se definir com gestos?  Como podem tantos tirarem conclusões precipitadas?

Que intromissão.

Cada um tem o seu perfil e sua guilhotina.

Mas parece ser fácil saber dos outros, da vida dos outros. Te dana!

Escondidos. Escondem pensamentos e crueldades.

Todos temos segredos:  ou segredo nenhum.

Kapetadas

1 – Não mudamos, mudamos ou nada mudou?

2 – Dormir e acordar cedo deixam o homem rico, saudável e principalmente chatíssimo.

3 – Soníferos não contêm sonhos. Eita! Já disse isso aqui, né?

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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