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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Pelé

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publicado em 31/12/2022 às 07h00
atualizado em 31/12/2022 às 08h12

Meu pai gostava de Pelé. Ele assistia aos jogos da copa de 1970 pelo rádio, numa cidade bem distante do mundo, onde nasci, no sertão.

Meu pai gritava gol no gol de Pelé, que ecoava no rádio numa cidadezinha do interior e eu vibrava com aquela alegria.

Eu nunca gostei de futebol. Meu filho Vitor gosta muito.

Pelé, o melhor dele ficou no coração do mundo, no coração de um povo alegre chamado Brasil, que hoje nem podemos pensar assim.

A imagem do rei ficou estupendamente pública da tela dos smartfones, nas vitrines, nos comboios suburbanos dos que seguem a vida e não se importam com quem morreu ou com quem está vivo.

O Brasil não é mais o país do futebol.

Pelé foi a alegria de muitas gerações.

Com a clareza da sua morte, seja o que for, o que foi, e até as últimas imagens estampadas na televisão, Pelé se perpetuou em busca de uma performance estrelada, na esperança medida por milagre a continuar…

Pelé está morto.

Um povo que adora futebol, do Zé da esquina ao mais ilustre funcionário público, esboçou sua opinião.

Imagens do rei, tudo num mesmo impacto, o Pelé adolescente, o rei em sua glória e solidão na despedida.

Do passe, gol de cabeça, de bicicleta como dizem ao gol de placa, o sonho de Pelé.

O que seria capaz Pelé, de ainda fazer num mar de gols onde encharcamos nossa tristeza?

Essas emoções, nunca haverão de regressar, apenas flutuam em nós exaustos da memória, dessa corrente da bola, numa distância imensa em tempos outros, em que Pelé reinou.

Já não temos mais o rei do futebol.

Eu não sei mais o que dizer. Não quero dizer que entrevistei Pelé em 2006. Milhares o entrevistaram.

Mas, naquele dia em Natal, quem fez gol fui eu, que vim de longe, ouvindo os gritos de gol de meu pai, um passo à frente, um passo atrás.

Kapetadas

1 – “O Pelé morreu” – disse Pelé.

2 – Meu medo de fazer esses testes de ancestralidades é descobrirem que eu não sou daqui (marinheiro só)

3 – Se a saudade não tivesse sido inventada será que a gente sentia?

4 – Pelé, 1940-2022

5 – Feliz Ano Nosso.

6 – Som na Caixa: “Uns hão de, Uns pés, Uns mãos, Uns cabeça, Uns só coração, Uns amam, Uns andam, Uns avançam, Uns também”, Caetano Veloso

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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