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Magistrado, colaborador do Diário de Pernambuco, leitor semiótico, vivendo num mundo de discos, livros e livre pensar. E-mail: [email protected]

Ourives do palavreado

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publicado em 28/07/2022 às 06h38

Acredito até que possa existir quem viva (ou sobreviva) sem se  importar com música ou literatura. Eu não consigo enxergar uma vida plena sem a contribuição dessas duas invenções humanas. O Homem seria apenas carne e osso que “nasce, sofre e morre”, no dizer de Miguel de Unamuno (1864-1936). Uma escreve o roteiro de nossa existência e a outra a trilha sonora dessa caminhada. Prenhe de razão o nosso poeta e crítico maior, Hildeberto Barbosa Filho quando assevera que “literatura e música sempre andaram de mãos dadas”.

E foi justamente essa junção lítero-musical que me chegou às mãos em forma de livro. Inventivo, delicioso e que nos conduz pelas músicas românticas do gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-74), cujas letras servem de epígrafe e roteiro para dez contos, todos intitulados com  nomes de mulheres: Isabel, do Carmo, Luzia, Leopoldina & Domitila, Roberta, Tânia Mara, Dolores, Jéssica, Gracinha e Antonieta. Um livro cuja temperatura se sente logo no título: “37 não é febre (a dor de cotovelo, o chifre e outras coisas), do carioca/paraibano Luiz Augusto Paiva, (Editora Mondrongo, 2022). Sim, ele mesmo, o Professor Paiva, que há mais de cinquenta anos ensina matemática e que já demonstrou domínio absoluto, não apenas com os números, mas também  com as palavras que formam textos criativos, bem-humorados, onde o leitor é conduzido com tal malemolência que segue no enleio da dança narrativa e quando dar-se conta, chegou ao ponto final.

Como diz na própria capa, o livro é de contos inspirados em músicas de Lupicínio Rodrigues, que com genialidade cantou o amor, as desilusões amorosas, a traição, que Paiva prefere chamar de dor de cotovelo, chifre e outras coisas. Não há como fugir do clichê: sabe aquele livro que o leitor não quer largar e sente pena ao chegar ao final? Pois é, é esse o livro que o Professor Luiz Augusto Paiva nos brinda, são histórias que pedem continuação, engendradas umas às outras com a lapidação de um verdadeiro ourives do palavreado.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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