João Pessoa, 27 de junho de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Você gosta de ser quem você é? Ou, se pudesse, se trocaria por outra pessoa, outra alma, com outra personalidade, ou com alguma outra característica física? Você preferia ser uma pessoa com algum talento que não tem? Gostaria de ser um ídolo seu, alguém que conhece? Repito: você gosta mesmo de ser quem verdadeiramente é?
Creio que esta deveria ser a principal pergunta diária que cada um deveria se fazer. Não para se desiludir, se deprimir, se vitimizar, se magoar. Mas para se conhecer melhor, crescer. E ser aquilo que realmente deseja para si. Somos aquilo que fazemos de nós. Você já sabe o que veio fazer neste mundo? Se passou dos 30 e ainda não descobriu, é bom se apressar. Ou vai ficar fingindo a vida inteira para si mesmo, com uma máscara que a qualquer momento vai desabar diante do espelho?
É extremamente maléfico querer se transformar em algo que não tem absolutamente nada a ver com você, sua visão de mundo, seu modo de ser. Pior ainda é querer viver uma vida igual a de alguma celebridade ou alguém que admire muito, mesmo que seja anônima. Aceitar-se e amar-se, eis a questão da humanidade. Shakespeare, no famoso monólogo de Hamlet, questionava-se: ser ou não ser? Porém, o mundo moderno jogou o dilema do príncipe da Dinamarca no colo de qualquer plebeu que anda muito mais preocupado em ter ou não ter, seja em qualquer podre reino.
Vergonha na cara é bom para começar a lição. Você gosta realmente de você, como você é? Respondo por mim com toda sinceridade: com todos os meus grandes defeitos e problemas, não me trocaria para ser ninguém mais, embora admire tantos – inclui as tantas, claro (não me peçam jamais para escrever “tantes”. Ser-se é a tarefa mais árdua, profunda e bela que nós humanos temos. É a nossa primeira, primordial, missão. Respeite-se, aceite-se, ame-se. Material e espiritualmente. Desta forma ninguém o derrubará e você será respeitado, aceito e amado. Por quem realmente importa.
Obs.: Estes versos acima pertencem à poesia “Lago raso de águas turvas” que abre um dos capítulos do meu segundo livro, o romance “O negro crepúsculo”.
EVENTO - 18/04/2024