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Ana Karla Lucena  é bacharela em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Servidora Pública no Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba. Mãe. Mulher. Observadora da vida.

Em caso de paixão, não use o cérebro

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publicado em 13/06/2022 às 07h00
atualizado em 13/06/2022 às 05h16

Dia dos namorados. Sempre um dos maiores eventos do ano: redes sociais em polvorosa. As lojas de ursinhos de pelúcia entram em êxtase. O assunto não poderia ser outro, não é?

Perguntaram-me se eu tinha medo da paixão. Respondi que não. Mesmo com os danos que ela pode causar, as coisas que ela pode destruir, as desilusões que pode trazer, posto que é encanto? Continuou. Ratifiquei minha resposta. E completei: a paixão não precisa ser destrutiva. Desilusões? Fazem parte do risco que se corre. Relacionamento é risco. Fui diagnosticada apta a me relacionar. Segundo meu interlocutor, trago cicatrizes, mas não sequelas. Uffaa…! Bom saber!

Continuando com a paixão…

De onde ela vem? Qual a sua metafísica?

Ciência e filosofia sempre se interessaram pelo tema, afinal, em nome da paixão, loucuras são cometidas, felicidades intensas são sentidas, assim como também, profundas dores.

Schopenhauer, em sua metafísica do amor, afirma que a paixão se origina no impulso sexual cujo fim é, unicamente, perpetuar a espécie. Ou seja, um estado de torpor, desprovido de raciocínio lógico, quase uma patologia.

Cientificamente, cogita-se, inclusive, o seu período de duração. Algo em torno de dois a três anos. Tempo necessário para que o casal faça sexo suficiente para gerar um filho. Quando o objetivo é alcançado (a concepção), seria justamente a época em que o casal começaria a questionar se o “amor” acabou, já que a atividade sexual teria diminuído consideravelmente.

Como que inebriados por uma substância entorpecente, tendemos a não enxergar os defeitos da pessoa “amada”. Culpa da dopamina, que diminui nossa capacidade cerebral de analisar e julgar. Nada pode ficar pra depois, com o objeto da nossa paixão, tudo tem que ser agora e sempre.

O texto não está nada romântico, não é? Calma! Até agora, minha intenção era só trazer os argumentos dos “anti-paixão”, suas justificativas para fugir, como bichinhos amedrontados, ao primeiro sinal da tão famigerada.

Agora é minha vez de perguntar: dá pra ter o controle de tudo? Não seria tolice responder que sim? Não seria uma tolice maior ainda resistir a algo que, mesmo momentaneamente, ou mesmo que de forma não correspondida, nos faz sentir vivos, seres pulsantes?

A paixão provavelmente nos trará as melhores sensações que poderemos viver nesta vida. O toque das mãos, o olhar que não deixa o seu, o frio na barriga, até o ciúme, a falta de fôlego, de fome, a sensação de dormir e acordar sorrindo.

Apaixonemo-nos! Corramos o risco! Tenhamos fome de vida! Correspondamos ao sorriso, ao olhar! O que vem depois é outra história.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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