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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Lona, dona Nesga!

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publicado em 21/05/2022 às 09h08

Diante da guerra dos vocábulos, eu não sou artista, mas quero dar minha opinião – tá f.

Às vezes quero chorar, não tenho lágrimas.

Estava no Varadouro, chamei 4 quatros vezes o Uber e os motoristas cancelavam a viagem. Seria uma viagem curta, da Oficina São Pedro para o Tribunal de Justiça. Em outros tempos, eu teria ido a pé.

Na quinta tentativa, veio uma mulher. Nunca mais tinha visto uma motorista de Uber. Bonita e na dela.  Dei bom dia e seguimos viagem. Adorei sua calça, com a nesga de tergal. Silêncio.

Seria melhor pegar a Rua da Areia, que chegaríamos mais rápido ao destino. Destino, né? Tudo é o destino. Ela disse: “O GPS já está indicando a Rua da Areia, meu querido”.

Em qualquer situação, fica difícil estar dentro de um carro com outra pessoa, sem puxar uma conversa. Uma pessoa que me chama de “meu querido”, é muito, muito mais.

Dessa natureza, a natureza das coisas que são, como são, não são, seria uma conversa espetacular sobre o abandono da cidade, menos política, que eu não tiro de letra.

Balconista, manipuladores, ambulantes, bandidos, vadios, tarados, idosos, engolidores de fogo, se mandaram da Rua da Areia. Apenas dois botecos abertos: um, chamado “Dormitório Feliz” e outro que esqueci o nome, que me pareceu um self-service.

Vi no painel do carro, uma foto da motorista com uma garota linda e perguntei: é sua filha? “Sim”, disse ela.  Você é casada? “Já fui. Viramos dois inimigos, é sempre assim”, disse ela. Fiquei calado.

No dia seguinte, noutro Uber, com o motorista Cicero, saímos do Cabo Branco para o TJPB. Conversa boba, mas veio o papo de que tudo está muito caro, que ninguém aguenta mais. “Doutor”, disse ele sem olhar para mim: “hoje até a carne de charque, está cara”.

Cicero me contou já final da viagem, que ele estava num salão cortando o cabelo quando entraram dois bandidos e levaram os celulares, inclusive o dele.

Não bastasse ser uma m.. a vida de muitos, a passos inacreditavelmente rápidos, marcada por lutas e sobrevivências, temos um histórico cruel que ninguém fica sabendo. O senhor fez um BO? “Nada, pra quê?”

Lona.

Kapetadas

1 – Hoje, a melhor maneira de ganhar uma discussão é estar errado.

2 – O mundo é Terra sem lei.

3 – Onde andará aquele último romântico que ainda não casou?

4 – Som na caixa: “Manhã, tão bonita manhã”, Luiz Bonfá e Antonio Maria

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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