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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

A educação de alguém

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publicado em 10/05/2022 às 07h00
atualizado em 09/05/2022 às 17h49

Como é bonito encontrar pessoas na  geografia urbana, interessadas na educação de alguém.

Vejo todos os dias, na avenida Beira Rio, pai ou mãe levando o filho para escola. O fato de eu ter voltado ao trabalho presencial tem me dado essa oportunidade. Educação é a maior herança.

Como é fácil desconsiderar a história que estou contando, apagar a narrativa da glória de uma vida inteira, evitar mencionar uma cena tão valiosa, mas eu conto.

A educação de uma pessoa deveria estar permanente na vida da gente,  desde os primeiros passos, as primeiras palavras.

Lembro quando minha mulher disse que ia levar Vitor para uma escolinha que ficava em nossa rua, acho era “Doce Vida” e ele tinha 1 ano e sete meses. Eu ia levar e ela ia pegar. Ele não queria ficar, mas foi ficando.

O fato da gente ter colocado o menino para estudar cedo, não significa que somos bacanas. Nada disso, o alvo era a educação. Fiz pelo meu filho o que meu pai fez por mim.

É por isso que eu me emociono quando vejo um pai conduzindo seu filho para uma escola a pé, pelos canteiros da avenida Beira Rio. É uma lição.

Eles, os pais, seguem esse itinerário garantidos pelo suor que alimenta essa transformação. Mas nem todos vão à escola.

Cerca de 244 mil crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos estão fora das escolas no Brasil. O número é resultado de um levantamento da organização Todos Pela Educação, com dados de 2021, que registrou um crescimento de 171,1% na evasão escolar em relação a 2019.

A gente quando vai para a escola, nem precisa saber para onde estamos indo, porque quando caminhamos nesse sentido, nos encontramos.

Isso do encontro, essa cena repetida, nunca a mesma cena, uma cena desejada e almejada, me fez lembrar o Itinerário Lírico da Cidade de João Pessoa, de Jomar Morais Souto, quando ele diz: “virá um instante de felicidade”. Isso dele dizer felicidade, me lembra uma canção que diz que a felicidade voltou pra mim.

“Na Rua Nova de longe, da ladeira Dom Vital, são muitas expedições”. Tai uma palavra bonita dita por Jomar Morais,  expedições. Cuidar da educação de alguém é como comandar uma expedição.

Quem me dera saber o que nunca foi dito. Não sei mais o que dizer.

Kapetadas

1 –   Evangelho brasileiro: bem-aventurados os pobres de espírito.

2 –  Eu queria estar morando num livro de Kafka só pra acordar de sonhos intranquilos e as coisas estarem mais baratas

3 –  Som na caixa “Há um menino, há um moleque/Morando sempre no meu coração”, Milton Nascimento.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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