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Graduada em direito e pós graduada em direito criminal e família, membro da academia de letras e artes de Goiás, tenho uma paixão pela escrita Acredito no poder das palavras para transformar realidades e conectar pessoas

Minha mãe me mandou pra vida

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publicado em 11/05/2025 ás 07h00
atualizado em 11/05/2025 ás 08h37

Minha mãe sempre dizia coisas assim, sentenças curtas que carregavam o peso de uma sabedoria ancestral, aprendida na lida da vida. A frase, “às vezes as pessoas te odeiam pela forma como os outros te amam”, ressoava na minha mente como um mantra, tão real quanto a verdade que a sustentava. Minha mãe não é a  Mãe de Gorki, o romance de Máximo Gorki,  inspirado nas manifestações do Dia do Trabalhador de 1902 da cidade de Sormovo, nas repressões e nos julgamentos czaristas aos trabalhadores.  Não, minha mãe é minha mãe. E está a me ouvir e a me dizer muito mais: feliz Dia das Maes seu dia, todos mos dias

Ela não precisava de grandes explicações. A simplicidade da sentença era a sua força. Sua sabedoria não se encontrava em tratados filosóficos, mas na observação atenta da natureza humana, daquela que ela, com sua experiência de vida, conhecia tão bem.

Lembro-me de vezes em que a frase ressoou com mais intensidade. E nunca esqueci: “às vezes as pessoas te odeiam pela forma como os outros te amam” Situações em que a admiração de alguns gerava a inveja, a repulsa silenciosa, ou até mesmo a agressão velada de outros. Como se o amor dos outros fosse uma ameaça, uma usurpação daquilo que eles mesmos não conseguiam alcançar.

A frase da minha mãe não era um julgamento, mas uma constatação. Uma compreensão profunda da complexidade das relações humanas, dos sentimentos ambivalentes que nos habitam e das inseguranças que nos movem. Não se tratava de buscar culpados, mas de entender o mecanismo, a dinâmica, a dança sutil entre amor e ódio, admiração e inveja. E ela estava certa

Ela me ensinou, me ensinava e ainda me ensina, sem palavras explícitas, a não me deixar abater pela incompreensão alheia. A não buscar a aprovação universal, a entender que o amor genuíno atrai tanto admiração quanto ressentimento. O importante era a autenticidade, a coerência com os meus valores e com a minha essência. MInha mãe me deu e vida eu dei a minha filha Maria Izabel, que também é mãe do meu neto, Miguel.

A sabedoria da minha mãe, contida em frases tão simples, era um guia, é um guia, para navegar pelas águas turbulentas das relações humanas. Um mapa para lidar com as contradições, as injustiças e as incoerências que permeiam a nossa existência entre seres ou não seres.  E, a cada dia que passa, eu compreendo melhor o significado daquela frase, “às vezes as pessoas te odeiam pela forma como os outros te amam” –  tão real quanto a verdade. Uma verdade que ressoa até hoje, um legado de amor e sabedoria. Obrigado, mãe!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB