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Rebeldes do Exército Livre da Síria afirmaram nesta terça-feira que o regime de Bashar al-Assad moveu, há cerca de 15 dias, armas químicas e biológicas para a costa e para aeroportos na fronteira sul do país. Segundo os opositores, a medida foi tomada porque o governo teme os avanços de milícias rebeldes e também pretende ameaçar a comunidade internacional com a ação.
– Há duas razões que justificam a ação do governo: a primeira é que eles temem o avanço do Exército Livre da Síria; a segunda é que mover armas químicas para a fronteira é uma forma de ameaçar a comunidade internacional – disse o rebelde Mustapha Sheikh à emissora CNN.
Na segunda-feira, o porta-voz da Chancelaria síria, Jihad Makdissi, admitiu que o país tem armas químicas e que o arsenal poderia ser usado em caso de uma intervenção estrangeira. A afirmação gerou revolta entre líderes da comunidade internacional, como o presidente americano, Barack Obama, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que condenaram a hipótese.
O ministro da Informação da Síria, Omran al-Zoubi, se apressou nesta terça-feira em dizer que diplomatas e a mídia internacional interpretaram errado a afirmação de Makdissi e que negou que o regime sequer tenha tal arsenal. Al-Zoubi afirmou, em entrevista à rádio Sham FM, que “falar que a Síria não usaria essas armas contra civis não quer dizer que o país tenha as armas”.
– Interpretaram como se ele estivesse admitindo que a Síria possui armas químicas. Esses são seus desejos e obsessões, mas o significado da frase estava em outro contexto – afirmou.
Al-Zoubi também afirmou que há uma campanha, liderada pelos EUA e por Israel, para justificar a aprovação de uma nova resolução contra a Síria, com o pretexto de preservar a paz mundial. O ministro também ressaltou que a Síria vem trabalhando pelo fim das armas de destruição em massa na região há duas décadas, incluindo as armas de Israel.
Oposição diverge sobre transição liderada por um membro do regime
Um porta-voz do principal grupo opositor sírio disse nesta terça-feira que o partido estava disposto a aceitar que um membro do regime de Bashar al-Assad lidere a transição política no país, como o que aconteceu com Ali Abdullah Saleh no Iêmen, no início do ano. Georges Sabra, do Conselho Nacional Sírio, disse à agência de notícias France Press que o grupo aceita a saída pacífica de Assad, pois é necessário dar fim aos massacres e proteger a população do país.
– Concordamos que Assad deixe o poder e coloque um de seus partidários para liderar a transição, como no Iêmen – disse Sabra. – Aceitamos a iniciativa porque agora a prioridade é o fim dos massacres contra o povo sírio, e não o julgamento de Assad.
No entanto, Basmma Kodmani, outro porta-voz da legenda negou que a oposição concorde com a permanência de membros do regime no poder, durante a transição democrática.
– Nunca foi aceito um governo de unidade nacional presidido por um membro do antigo regime – reforçou o opositor.
Quinze detentos morrem em motim em prisão de Aleppo
Rebeldes sírios lançaram uma ofensiva nesta terça-feira para assumir o controle de Aleppo, no noroeste do país, entrando em confronto com o Exército e membros do aparato de inteligência às portas da Cidade Velha, de acordo informações do Patrimônio Mundial da Unesco, da ONU.
Na periferia norte de Aleppo, principal cidade industrial e comercial da Síria, as forças de Assad sufocaram durante a noite um motim na prisão da cidade, usando gás lacrimogêneo e metralhadoras, disseram fontes. Morreram ao menos 15 detentos, segundo ativistas que estão em contato com sobreviventes.
Em Damasco, explosões e tiros foram ouvidos no bairro central de Barzeh, ocupado durante a noite por forças do governo, segundo ativistas da oposição. Tanques percorreram as ruas de Midan, bairro recapturado pelo Exército na sexta-feira. Vários projéteis caíram no subúrbio de Hajar al Aswad, ao sul, onde as forças de Assad também tentam desalojar os rebeldes.
O Globo
DISPUTA - 17/09/2025