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Paulo Galvão Júnior é economista, escritor, palestrante e professor de Economia e de Economia Brasileira no Uniesp

O importante é mudar o Brasil para melhor

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publicado em 06/02/2022 às 09h59

O Brasil é geograficamente o quinto maior país do planeta, com mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, é a sexta nação mais populosa da Terra, com 213,3 milhões de habitantes e é a décima segunda maior economia do mundo, com Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 7,5 trilhões em 2020, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A dimensão continental do Brasil é uma das principais vantagens em plena Quarta Revolução Industrial e é um dos seis países continentais do planeta. Mas, não podemos continuar sendo uma das nações mais desiguais do mundo. Hoje, no dia a dia, o importante é mudar o Brasil para melhorar a qualidade de vida da população brasileira.

Infelizmente, em 2021, trabalhamos 149 dias apenas para pagar os impostos, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). A Dinamarca e a Bélgica lideram o ranking mundial com 179 e 171 dias trabalhados para pagar impostos, respectivamente, porém, o retorno social dinamarquês e belga são superiores ao do brasileiro e o Brasil tem o pior índice de retorno de bem-estar à sociedade (IRBES) entre 30 países analisados (IBPT, 2021) e foram mais de R$ 2,5 trilhões de impostos pagos pelos brasileiros em 2021 (IMPOSTÔMETRO).

Segundo a Fundação Lemann (2019), “O Brasil mais justo que sonhamos é possível e será melhor com sua participação”. Temos que participar na construção de uma economia verde e mudar o Brasil perante a crise energética mundial. Precisamos nos envolver com boas causas nas cinco regiões do País, em apoiar as principais causas como a redução da taxa de mortalidade infantil (11,5 óbitos a cada mil nascidos vivos) e a erradicação do analfabetismo (6,6% das pessoas de 15 anos ou mais de idade são analfabetas). Precisamos de mudanças socioeconômicas profundas no Brasil, porque estamos vivendo em tempos difíceis, um país de economia de baixo crescimento econômico e que não ingressou no seleto grupo dos países de desenvolvimento humano muito alto como a Suécia, a Itália e a Alemanha.

Vale ressaltar que os quatro principais motores da economia brasileira são o consumo das famílias, o investimento das empresas, os gastos públicos e o comércio exterior. O principal motor da economia é o consumo das famílias brasileiras e, recentemente, o e-commerce no Brasil fechou o ano de 2021 com o faturamento de R$ 260 bilhões (CANUMA CAPITAL, 2022).

O Brasil para ser mais competitivo precisa mudar os seus rumos socioeconômicos na América Latina. O Brasil tem R$ 362,2 bilhões em suas reservas internacionais, de acordo com o Banco Central do Brasil (BACEN) e alcançou R$ 58 bilhões em 2021 em Investimento Estrangeiro Direto (IED), de acordo com a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD).

Um ponto importante é que o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores globais de produtos agrícolas e segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) “o agronegócio brasileiro movimentou US$ 102,4 bilhões com exportações em 2021”. A ciência e a inovação tecnológica são pontos fundamentais para o desenvolvimento da agropecuária, da piscicultura e da aquicultura brasileira.

Por um Brasil melhor, mais justo, mais verde, a educação de qualidade é fundamental para promover o desenvolver sustentável. O Brasil tem enormes recursos naturais, é uma potência de energia renovável do Hemisfério Sul e possui a maior parcela da maior floresta tropical do mundo, a Floresta Amazônica. O Brasil tem a Amazônia Verde e a Amazônia Azul, ambas serão fundamentais para promover a economia verde.

Hoje, o Brasil é o país mais rico da América do Sul e a terceira nação mais rica das Américas, com PIB de US$ 1,3 trilhão em 2020 e participa de 3% do PIB global, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O Brasil é o maior produtor mundial de nióbio e de quartzo e o Porto de Santos é o ponto de entrada do País, todavia, precisamos de mais abertura econômica, mais modernização dos portos brasileiros.

No mundo multipolar, o Brasil é um país emergente e membro do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) desde junho de 2006, quando surgiu um agrupamento de quatro países de mercado emergente, o BRIC (em inglês, Brazil, Russia, India and China). Nos dias atuais, o Brasil deveria apoiar a entrada da Argentina, um país vizinho, maior parceiro comercial na América do Sul e terceiro parceiro comercial no mundo (US$ 12 bilhões), para ingressar no BRICS, assim, poderia surgir o grupo BRICSA (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e Argentina). A Argentina atravessa uma severa crise econômica, com 42% da população argentina na pobreza.

Entre 40 países analisados pela Infinity Asset em parceria com MoneYou, o Brasil é o líder mundial no ranking da taxa de juros reais, com 6,41% ao ano. Com a taxa Selic em 10,75% ao ano em 02 de fevereiro de 2022, o Brasil é a terceira maior taxa de juros nominais do mundo. Com a taxa de inflação em 10,06% em 2021, o Brasil é a terceira maior inflação da América do Sul, atrás apenas da Venezuela (2.700%) e da Argentina (51,2%). Atualmente, em PIB per capita, a Venezuela é o país mais pobre das Américas (FMI).

Recentemente, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, alertou sobre a excessiva alta da taxa Selic pelo BACEN, “Essa intensificação do ritmo de aperto da política monetária aumenta o risco de recessão em 2022, com efeitos negativos sobre a produção, o consumo e o emprego”. Foi o oitavo aumento consecutivo da taxa SELIC desde 17 de março de 2021 e a economia brasileira pode entrar em recessão de novo, com uma política monetária contracionista, devido à queda dos investimentos privados e o encarecimento do custo do crédito, já que a previsão mais atual de crescimento econômico é de apenas 0,3% em 2022 (BOLETIM FOCUS).

É grande o sofrimento do povo brasileiro, já foram mais de 631 mil mortos com COVID-19 desde março de 2020 (JOHNS HOPKINS UNIVERSITY, 2022). O drama da fome já atingiu 19 milhões de pessoas (REDE PENSSAN, 2021), são 27,6 milhões de pessoas na pobreza absoluta (FGV, 2021) e 12,4 milhões de desempregados (IBGE, 2021). Diante dessa triste realidade, faz-se necessário entender o assustador aumento de moradores de rua nas cidades brasileiras, a estimativa é de aproximadamente mais de 221 mil pessoas em situação de rua no Brasil (IPEA, 2020).

O Brasil contemporâneo e multicultural é um dos países mais ensolarados do mundo, com excelentes condições de aumentar o número de painéis solares fotovoltaicos nos telhados das casas, lojas, empresas, prédios, edifícios, supermercados, shopping centers e universidades em todo o país. A almejada prosperidade econômica passa também pelos grandes investimentos em energias renováveis.

O tráfico de drogas é um dos principais problemas de segurança pública. Infelizmente, a violência contra a mulher aumentou no País nos últimos cinco anos, sobretudo, as agressões dentro de casa pelo cônjuge ou ex-cônjuge. O Brasil é o quinto país no ranking mundial de feminicídio e no ano de 2020, “1.350 mulheres foram assassinadas por sua condição de gênero, ou seja, morreram por ser mulheres” (ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA).

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do IBGE, no Brasil foram registrados 4,8 milhões de desalentados no trimestre encerrado em novembro de 2021. As pessoas desistiram de procurar trabalho formal por diversos motivos como idade, qualificação, experiência profissional, localidade ou cenário econômico.

Os dados da PNAD Contínua revelam também uma queda do rendimento médio dos trabalhadores, ficou em R$ 2.444, alcançando o pior resultado desde 2012. Precisamos caminhar em direção a um Brasil próspero, inclusivo, sustentável e mais justo. Enfim, o importante é mudar o Brasil para melhor.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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