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Guto Ruocco celebra 16 anos do Selo Circus de SP

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publicado em 15/01/2022 às 12h40
atualizado em 15/01/2022 às 14h59

O diretor da Circus Produções Culturais de São Paulo, Guto Ruocco celebra quase duas décadas desse projeto que nasceu em São Paulo, com muitos frutos colhidos. A Circus está completando 16 anos. Os primeiros artistas foram as cantoras Ceumar e Juliana Amaral, além da produção já em 2006 do espetáculo “O homem provisório”, de grupo Casalaboratório das Artes para o Teatro, dirigido por Cacá Carvalho.

Outros artistas da música brasileira se uniram a Circus: Arthur Nestrovski, José Miguel Wisnik, Jussara Silveira, Ná Ozzettti, Cacá Machado, entre outros. Uma casa de Cultura brasileira. Um time de primeira.

Em 2009, a Circus produções criou o Selo Circus, lançando naquele ano o primeiro álbum: “Meu nome”, gravado ao vivo no Teatro Fecap com canções inéditas e autorais da cantora Ceumar. A Circus avançou no tempo.

No início um selo para fins de lançamentos apenas dos artistas representados pela produtora. O primeiro lançamento do álbum duplo “Indivisível” (2011) de Zé Miguel Wisnik, “Embalar” (2013) de Ná Ozzetti.

No ano de 2015, um marco na história da Circus, “A mulher do fim do mundo”, de Elza Soares, produzido por Gui Kastrup. De lá pra cá já são mais de 60 títulos de CDs distribuídos, produzidos e lançados pelo selo.

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O MaisPB conversou com Guto Ruocco, diretor presidente da Circus, que nos contou a história do projeto, o crescimento e o avanço. Confira a entrevista

MaisPB – Quais foram os bons resultados da Circus apesar da pandemia?

Guto Ruocco – Embora estejamos muito prejudicados em virtude da falta de visão estratégica em termos culturais do governo federal e principalmente em virtude da pandemia que nos assola, a CIRCUS se manteve fiel aos seus princípios de fomentar e dar visibilidade às carreiras de artistas da música brasileira que vem fazendo parceria conosco ao longo dos últimos anos. E uma das alternativas foi a procura de editais públicos que se abriram. As lives e os shows híbridos (show e live ao mesmo tempo) também foram alternativas para que as produções se estabelecessem vivas.

MaisPB – Como nasceu a ideia da Circus e qual era a finalidade inicial?

Guto Ruocco – Uma grande ideia norteadora da Circus foi se estabelecer fomentando espetáculos (sobretudo de música brasileira) que não estivessem inseridos na grande indústria cultural. Nossa ideia sempre foi a de que um concerto musical ou uma atividade artística e cultural fosse mote para educação e cultura. Um espetáculo que não se exaure ao fim de si mesmo. Um espetáculo que possibilite um envolvimento da comunidade e provoque reflexão e traga outros frutos decorrentes para quem participe desta experiência. Foi assim que no final de 2006, nosso primeiro projeto foi a produção da Casalaboratório para as Artes do Teatro, dirigida pelo Cacá Carvalho e pela Fundação Pontedera. Junto com a Casalaboratório iniciamos nosso trabalho com duas artistas da música brasileira: Ceumar e Juliana Amaral. Para tudo isso foi fundamental localizar os fomentadores de cultura no Brasil.

MaisPB – O projeto começou em 2006 com dois artistas: as cantoras Ceumar e Juliana Amaral, além das produções de outros eventos culturais. Vamos falar sobre isso?

Guto Ruocco – A Circus surgiu – vale a pena enfatizar – num momento de grande crescimento das atividades artísticas e culturais em todo Brasil. Por outro lado, em São Paulo, uma grande cena era (e continua sendo) fomentada pelo Sesc São Paulo. Sobretudo no início procuramos diversificar os espetáculos: música brasileira, festivais, internacionais, teatro, circo.

MaisPB – A Circus cresceu e já tem em seu catálogo Arthur Nestrovski, José Miguel Wisnik, Jussara Silveira, Ná Ozzettti, Cacá Machado, entre outros. Vamos falar desse time de primeira?

Guto Ruocco – Acho que todos esses artistas citados têm a ver com nosso grande incentivador que foi o Arthur Nestrovski. Meu primeiro trabalho com o artista Arthur Nestrovski foi em 2005, quando eu ainda era diretor de produção da Escola Ivaldo Bertazzo, no Projeto Dança Comunidade. Naquele ano, o Arthur Nestrovski e o Benjamim Taubkin foram escolhidos para fazer a direção musical do espetáculo Milágrimas. Foi lá que eu conheci e trabalhei com o Arthur. E em 2008, o Arthur me convidou para fazer a produção do espetáculo “Tatit Wisnik e Nestrovski” no Festival Porto Alegre em Cena. Logo depois deste espetáculo eu comecei a trabalhar com todos estes artistas. Eu costumo dizer que o Arthur foi um agregador de grandes nomes da música brasileira para a Circus Produções.

MaisPB – Três anos depois da criação do Circus nasceu o Selo Circus. Vamos falar da importância desse momento que perdura até hoje?

Guto Ruocco – A ideia do Selo Circus surgiu em 2008 quando a artista Ceumar gravou um disco ao vivo no Teatro Fecap, dirigido por Homero Ferreira. O disco foi o primeiro trabalho da Ceumar em que ela se apresentava como compositora. Para que o álbum fosse lançado nós nos organizamos e criamos o Selo Circus com o lançamento do álbum “Meu nome”, da Ceumar. O Selo Circus foi muito importante para os artistas que se estabeleceram na Circus para que eles pudessem ter uma estrutura de lançamento e distribuição dos seus trabalhos.

MaisPB – Em 2015 vocês produziram o disco de Elza Soares “A mulher do fim do mundo”. Ela ainda está com vocês?

Guto Ruocco – O Álbum “A mulher do fim do mundo” foi uma produção marcante que se deu pela iniciativa do Guilherme Kastrup. Mas corta para 2011: O Gui Kastrup compunha a banda do Zé Miguel Wisnik, na turnê “Indivisível”, disco lançado pelo Selo Circus em 2011, junto com Marcio Arantes, Sérgio Rezze, Celso Sim e o Wisnik. Ainda em 2011, o Wisnik fez um espetáculo especialmente criado para a FLIP (Festa Literária de Parati). O show era construído sobre a obra de Oswald de Andrade e as canções do Teatro Oficina, compostas pelo Wisnik. Celso Sim e Elza Soares eram os convidados deste espetáculo. Acho que ali se criou a construção de uma ponte importante. Em 2013, Cacá Machado lançou seu primeiro trabalho “Eslavosamba”, produzido pelo Gui Kastrup e lançado em CD e LP pelo Selo Circus; Elza Soares e Zé Miguel Wisnik abriam esse grande álbum cantando a canção “Sim” (Cacá Machado e Clima) . Em 2014, Celso Sim lançou seu álbum “Tremor essencial”, mais uma produção musical de Guilherme Kastrup e o Tremor se encerra com “A liberdade é bonita”, um funk de Wisnik e Mautner, cantado lindamente por Celso Sim e Elza Soares. Acho que todas essas obras pavimentaram um elo entre o Kastrup e a nossa deusa Elza Soares. Em 2015, finalmente o Kastrup teve a grande ideia de reunir uma equipe de grandes artistas e compositores da música de São Paulo para produzir o álbum “A mulher do fim do mundo”, que foi aprovado no Edital da Natura Musical. Quando o Gui Kastrup propôs ao Selo Circus o lançamento do álbum foi uma grande surpresa e um grande desafio para nossa equipe. Convidamos a Elaine Ramos para fazer a arte gráfica do álbum e lançamos uma edição especialmente impressa para esse disco que deve ser um dos mais importantes da década.

MaisPB – Aí vieram mais novidades, né?

Guto Ruocco – A partir deste lançamento, o Selo Circus se abriu para outras parcerias de alguns artistas que lançaram seus trabalhos pelo nosso Selo, mesmo não sendo um artista que fosse do casting da Circus. Hoje, temos muito orgulho quando um artista do porte do Tom Zé confia seus últimos lançamentos para a distribuição do nosso Selo junto com todos os nossos artistas “residentes” na casa

MaisPB – Quais os planos para 2022?

Guto Ruocco – Temos grandes ambições para 2022. Serão pelo menos três grandes projetos dos nossos artistas. O artista Luiz Tatit deve fazer shows de lançamento com Dante Ozzetti para o lançamento do álbum “Abre a cortina” , lançado pelo Selo Circus no final de 2021. O próprio Luiz Tatit deve lançar um álbum de canções totalmente inéditas também pelo Selo Circus. A Orquestra Mundana Refugi deve lançar um grande trabalho audiovisual. E o José Miguel Wisnik também vem com um disco novo.

MaisPB – A Circus já soma hoje mais 60 títulos, isso mostra a credibilidade da marca, não é?

Guto Ruocco – Acreditamos que sim. Foram fundamentais para que essa credibilidade se consolidasse todos os artistas que se propuseram a nossa parceria. Importantes produtoras e produtores também passaram pela Circus e deixaram suas ideias e trabalhos marcados na nossa empresa. Em novembro de 2021 a Circus completou 15 anos. Às vezes eu custo a acreditar que já se foram 15 anos.

MaisPB – Já se fala por aí na morte do CD. Você acredita ou resistiremos enquanto existir colecionadores e o público que gosta de ter o disco em mãos?

Guto Ruocco – Temos alguns ciclos históricos marcantes na indústria cultural, mais especificamente no campo da música. O LP deu lugar ao CD mas nunca deixou de existir. Voltou e atualmente representa uma fatia importante do mercado. Quem diria que no início da década de 90 em 2021 não haveria fábricas de LPs suficientes para atender a demanda dos artistas que pretendem lançar seus trabalhos no formato do vinil. A Circus pretende reduzir, mas não acabar com a fabricação dos Cds dos artistas que estiverem trabalhando conosco. Precisamos atuar em todos os segmentos e atender todas as camadas do público interessadas na canção autoral brasileira.

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