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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Com Vítor, 20 anos

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publicado em 03/04/2021 às 08h15
atualizado em 03/04/2021 às 06h40

Neste domingo festejaremos com abraços, os vinte anos de Vítor. O filho único. Às vezes penso como nos dói esse tempo em que já se perderam tantos filhos, tantos pais. Não me cansa olhar para Vítor, o filho que ainda não é uma nuvem desgarrada.

Dai-me outra vida que quero ser pai de Vítor de novo.

Vítor é um arrepio do que se reconhece, sinto na pele, tudo o que nos fez homem: ele tão jovem e o pai 40 anos mais velho. Ainda jovem, eu pensava em ter um filho, uma vontade que riscava minha mente, mas não aconteceu.

Disse a escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol (1931/2008), que não há de mais sublime sedução do que saber esperar alguém. Eu acho mais forte preparar outra pessoa. Isso não é só da mãe, é do pai também.

A escritora lembra do compor o corpo, os objetos em sua função, sejam eles a boca, os olhos, ou os lábios. “Treinar-se a respirar Florescentemente”. Isso é da mãe.

Quando soube que esperávamos um bebê, logo desejei que fosse um menino e fiquei a sonhar com a chegada. Um suspiro maior. Poderia ter sido uma menina, mas eu queria ser pai de um menino.

Era como deixar a página do livro das semelhanças, estrategicamente aberta. Nunca mais sair daquela história, até que uma dor alegre transformou nossas vidas secas em cheias.

Sem nada querer possuir, porque ninguém é de ninguém, veio o menino. Aliás, quando o médico Roberto Ney disse: “É um menino”, eu fiquei maravilhado. Minha mulher Francis perdeu o segundo filho. Era outro menino.

Depois de todo lutar pela vida, um filho. Trouxemos o menino da maternidade para casa sem muita experiência e pouca grana. Conseguimos.

Onde não puderes amar, não te demores, disse Frida Kahlo.

Regressemos a Vítor. Eu só troco esse tema por outro melhor, e não existe. Não troco pelo bando de pássaros que me visitam toda manhã. Eu voo com eles, mas não troco.

Por um jardim onde nunca morram flores, não troco. Não troco por nada.

Por uma lua bem grande, não troco.

Eu já disse que não troco. Não troco. Tudo mais me é dispensável.

Vítor é meu professor de inglês. Love, love, love.

Educando um filho, uma obra arte, distraidamente, Vítor chegou aos 20 anos.

Kapetadas
1 – Que direi de mim se me perguntarem quem sou? Sou o pai de Vítor.
2 – Com Vítor, eu aprendi para que a liberdade nos serve.
3 – Som na caixa: ”Dorme, menino grande/ Que eu estou perto de ti/Sonha o que bem quiseres/Que eu não sairei daqui”, de Antônio Maria

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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