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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

A diferença que tu és

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publicado em 02/04/2021 às 07h23

No dia em que uma criança nasce (ou bem antes, mas não quero retroceder à vida intrauterina), o mundo se rasga em duas partes. De um lado, o ser nascente, a parte diferenciada e da outra, tudo o que não é a individualidade recém parida.
A parte da totalidade da existência que se faz luz é, pois, um traço, uma marca, aquilo que rompe a complexidade do universo, singularizando-se em uma diferença que faz diferença: Um ser humano, uma entidade psíquica e biológica, um plexo de interesses, desejos, matéria, mente, também uma complexidade em busca de sentido e de alegria, muito embora submetida às contingências que habitam as incertezas das agruras da vida.
A outra parte, da qual o indivíduo não prescinde, como o peixe não vive sem a água, é o que fica fora da individualidade, não obstante, dela dependa para alimentar o corpo e o espírito. Essa outra parte é a humanidade, cada ser vivo, cada objeto diferente, o mar, as estrelas, o ar, a terra, as estrelas candentes, uma teia de aranha, a aranha, o tatu, o trovão, o silêncio, enfim, o universo todo e o nada também. Tudo é potência fenomênica caminhando em direção ao que deve ser, na conformidade da desorganização ordenada do universo.
A individualidade, para manter-se como tal, ser psíquico atuante e organismo vivo, distinta do entorno, mas com ele interação necessária, há de preservar a distinção, manter a diferenciação, conservar a singularidade, sob pena de perecimento, confundida com o todo. Preservar a distinção, manter a diferenciação, conservar a singularidade não significa pôr o egoísmo como o motor das ações individuais e da sociedade. Não mesmo.
Essa opção, o egoísmo, tem criado uma anomalia, um desencontro entre a totalidade da existência e cada existência particular: guerra, fome, morte, acumulação de riqueza nas mãos de poucos, consumismo desenfreado, pobreza ultrajante, destruição da natureza e o pior, a solidariedade, essa seiva que habita as razões do bom senso, tem se transformado, pelas razões da hipocrisia, apenas em uma fantasia, um penduricalho feito de ossos humanos enfeitando cada mente abarrotada das razões do capital. A saída é a colaboração, mas isto fica para a próxima sexta.
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