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Magistrado, colaborador do Diário de Pernambuco, leitor semiótico, vivendo num mundo de discos, livros e livre pensar. E-mail: [email protected]

Censores do sentimento alheio

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publicado em 11/03/2021 às 06h29

Um par de olhos pode enxergar na irregularidade do verbo seduzir. Com pálpebras cerradas espia-se no fundo o verbo amar. Qual o obstáculo intransponível ante o fervor da conquista?

Conceitos, quimeras, cogitações fazem parte desse sentimento abstrato. Ser elusivo no instante do afago compromete o afeto nele empenhado. O fluir desse sentimento não obedece regras, e pode ser dito com erros de regência, verbos em tempos conflitantes, pronomes mal colocados, infinitivo pessoal errado, concordâncias esdrúxulas e vírgula separando o sujeito do verbo. E daí?

O receio de amar com medo de amanhã sofrer não deve ser encarado como obstáculo. Veloso e Nascimento cantam que “qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor valerá”. O homem é aquilo que produz e desenvolve no decorrer de sua existência. O taciturno propagador de morbidez não adiciona em sua vida a doçura da conquista e a sutileza da sedução, e isso resulta num dos sentimentos mais mesquinhos que é a inveja. A felicidade de quem ama incomoda a quem não sabe amar.

O amor é possível em qualquer circunstância, até mesmo no casamento. Na convivência diária do relacionamento conjugal o desgastante não é a carga de responsabilidade, mas a reiteração de atos meramente rotineiros e desmotivados. Tempos atrás via-se nas ruas de São Paulo veiculação em out dour da frase: “No casamento pior do que ter amante, é a rotina”. Procurava alertar a renovação e criatividade, valendo não apenas a instituição matrimonial como para quaisquer outros ramos da atividade humana. A hipocrisia teima em camuflar os desencorajados e censores do sentimento alheio.

Diz o ditado popular que não há um mal que não traga um bem. A pandemia que assolou o mundo, fragilizando pessoas e ceifando vidas após o contágio do novo corona vírus, mostrou ao ser humano que o importante é a vida e seus derivados positivos, como o amor e a solidariedade. Assim, vamos viver a nossa vida.

Adhailton Lacet Porto. Juiz de Direito

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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