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Paulo Galvão Júnior é economista, escritor, palestrante e professor de Economia e de Economia Brasileira no Uniesp

Fatos históricos relacionados à economia

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publicado em 22/01/2021 às 09h28

O presente artigo aborda os fatos históricos do Brasil e do mundo relacionados à economia no livro intitulado “Brasil/Brazil no espelho da História”, de 2020, do advogado norte-rio-grandense Francisco Evangelista em parceria com o jornalista paraibano Kubitscheck Pinheiro.

Ocorreram diversos fatos históricos relacionados ao contexto econômico, no mundo e no Brasil, no qual destacam-se por ordem cronológica a Crise de 1929, New Deal (1933), Milagre Econômico (1968-1973), Plano Cruzado (1986), Plano Bresser (1987), Plano Verão (1989), Plano Collor (1990), Plano Real (1994), PAC (2007), PAC 2 (2011) e a Crise da COVID-19 (2020).

De acordo com os autores Francisco Evangelista e Kubitschek Pinheiro (2020, p.27), “Com a crise mundial causada pela grande depressão de 1929, mudou-se a geopolítica do mundo”. A Crise de 1929 começou nos EUA e atravessou o Oceano Atlântico contagiando os países capitalistas da Europa, em seguida, outros países, incluindo o Brasil. A Crise de 1929 foi um dos principais motivos econômicos da Revolução de 1930, liderada pelo advogado gaúcho Getúlio Vargas. Em 26 de julho de 1930, o assassinato do então presidente João Pessoa, do estado da Paraíba, em Recife, pelo advogado e jornalista João Dantas foi o estopim político da Revolução de 1930. Em 03 de novembro de 1930, era o fim da República Velha, na então capital brasileira, no Rio de Janeiro, quando Getúlio Vargas iniciou o seu longo período de presidente da então República dos Estados Unidos do Brasil, de 1930 a 1945, posteriormente, de 1951 até 1954.

Conforme os autores nordestinos Evangelista e Pinheiro (2020, p.47-48), “(…) o Presidente criou a Petrobras, o Banco do Nordeste, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, entre outros órgãos que ainda hoje são mantidos”. Durante a Grande Depressão da década de 30, o presidente Getúlio Vargas não adotou nenhum plano econômico. Bem depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), em plena Guerra Fria (1947-1991), o presidente Juscelino Kubitschek lançou o Plano de Metas (1956) e, posteriormente, o presidente João Goulart implantou o Plano Trienal (1962), elaborado pelo economista paraibano Celso Furtado, o primeiro Ministro do Ministério do Planejamento.

Com a crise do liberalismo econômico nos EUA, surge o New Deal do presidente democrata Franklin Delano Roosevelt. De acordo com os autores (2020, p.27), “Por meio de grandes planos, como o New Deal, fizeram surgir numerosas obras e criaram milhões de empregos para desempregados no país, o que, de certo modo, acabou contribuindo para aliviar a crise mundial”. Em seguida, os autores (2020, p.68) refletem sobre a intervenção do Estado na economia do país mais rico do mundo, “(…), graças às grandes iniciativas tomadas contra os efeitos da depressão de 1929, com investimentos em grandes obras públicas, gerando milhares de empregos e renda, o que levou à recuperação dos EUA, influenciando a Europa e o mundo”.

Os autores (2020, p.138) revelam que, “Para conter a inflação, Sarney criou o primeiro plano do Ministro Dilson Funaro, mudando a moeda para “cruzado”, com diminuição de zero, e congelando os preços e os salários”. Ocorreu o corte de três zeros e a mudança de cruzeiro para cruzado, na época, mil cruzeiros passaram a valer um cruzado. Em seguida, os autores (2020, p.139) destacam que, “(…) “Plano Bresser”, mas a economia continua em colapso, com uma inflação de proporções estratosféricas, atingindo cifras nunca vistas. Com o caos instalado, Maílson Nóbrega assumiu o lugar de Bresser Pereira e lançou o “Plano Verão”. (…) congelou preços e salários”. Ocorreu o corte de três zeros e a mudança de cruzado para cruzado novo, na época, mil cruzados passaram a valer um cruzado novo. Entre os economistas brasileiros citados no livro destaca-se o economista paraibano Maílson da Nóbrega, ex-Ministro da Fazenda e eleito o Economista do Ano de 2013 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB). O Brasil é o único país que já teve nove moedas e que realizou oito reformas monetárias desde novembro de 1942.

O pior plano econômico da história econômica do Brasil foi citado pelos autores no Capítulo V. De acordo com Evangelista e Pinheiro (2020, p.146), “(…) do “Plano Collor”, que consistia em um plano econômico que, buscando resolver o problema da inflação no Brasil, apresentava várias medidas de choque. Entre essas medidas, uma já era bastante conhecida pela população na época, o congelamento de preços, mas o confisco de valores, foi o que mais assustou”.

Posteriormente, os dois autores citaram o melhor plano econômico de todos os tempos no Capítulo VI. Evangelista e Pinheiro (2020, p.153) destacam que, “O “Plano Real”, até hoje, foi a atitude mais importante que um presidente já tomou em nosso país e que produziu resultados econômicos positivos, refletidos até hoje como salvação e estabilidade da economia do país”.

No Capítulo VIII os autores (2020, p.166) citam os rumos da economia brasileira com o presidente Lula, “Em 2007, usou o apoio político e a popularidade para lançar o PAC – Programa de Aceleração de Crescimento – que até hoje tem problemas de execução –, e enfrentou uma crise econômica mundial, da qual o Brasil saiu com perdas bem menores que os países desenvolvidos”. A Crise de 2008 começou nos EUA e contagiou os países desenvolvidos como Espanha e Grécia e os países emergentes como Argentina e Brasil. A presidente Dilma Rousseff adotou uma política macroeconômica denominada Nova Matriz Econômica em 2011, abandonando o tripé macroeconômico (meta de superávit primário, metas de inflação e câmbio flutuante) iniciado com o presidente FHC em 1999. No Capítulo IX os autores (2020, p.178) ressaltam que, “Outra medida para tentar reverter a crise foi o aumento dos investimentos na infraestrutura do país por meio do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2), em 2011”.

Os autores citam no Capítulo III o renomado economista austríaco Friedrich August von Hayek, Prêmio Nobel de Economia de 1974 e grande crítico à forte intervenção do Estado na economia de mercado. É preciso lembrar que, entre 1929 e 2020, o Brasil sofreu os impactos socioeconômicos da Crise de 1929, Primeira Crise do Petróleo (1973), Segunda Crise do Petróleo (1979), Crise da Dívida Externa nos anos 80, Crise de 2008 e Crise da COVID-19 (2020). Infelizmente, o ano de 2020 terminou com mais de 193 mil mortos por COVID-19 e mais de 14 milhões de desempregados nas cinco regiões do País por causa da recessão econômica.

Parabenizo os autores pelo livro que se posiciona à favor da liberdade e da democracia e contra à corrupção e à guerra. Uma obra de onze capítulos repleta de fatos históricos e fotos históricas, uma relevante contribuição para pensar sobre o Brasil, um país sul-americano com enormes recursos naturais, um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo e um dos maiores produtores de energia renovável do planeta. Concordo com os autores com o potencial no transporte ferroviário do quinto maior país em extensão territorial do mundo.

Com 224 páginas, o livro Brasil/Brazil no espelho da História pela MLP Gráfica e Editora foi lançado em plena pandemia da COVID-19, no Oceana Atlântico Hotel, pelo Instagram do colunista do Portal MaisPB, Kubi Pinheiro. Os leitores já estão aguardando a segunda edição com uma revisão ampliada, uma ficha catalográfica, uma lista de siglas e um posfácio. Por fim, observa-se que o Brasil já é a décima segunda economia do mundo (FMI) e o oitavo país mais desigual do planeta (PNUD) e diante de um cenário socioeconômico tão preocupante, a população brasileira continuará sonhando com as reformas na construção de um Brasil próspero, igual, saudável e sustentável. É preciso sonhar com a reforma tributária. Chega de 92 tributos no Brasil

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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