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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Felicidades no Natal

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publicado em 08/12/2020 às 07h38
atualizado em 08/12/2020 às 04h53

As luzes estão piscando. João Pessoa e cidades do mundo repetem a cena. O que não provoca nenhum entusiasmo. A forma de mostrar que o Natal chegou, nesse ano terrível, onde nada acontece e tudo tem acontecido, não tem graça. É Lucas, o evangelista, quem nos conta a história do nascimento de Jesus no presépio.

A palavra  “praesepe” na sua forma latina, significa estábulo ou manjedoura. Não sei porque a explicação, mas Lucas disse e está dito. No local de nascimento de Cristo as pessoas aproveitam para fazer selfies. Quando estive em Jerusalém, lembro que um guia disse: “foi aqui que Jesus nasceu”. E eu achava que era em Belém. Jesus nasceu bem antes. Jesus nasce amanhã.

O espantoso é que o poder atrativo que empolga os homens é o brilho, o esplendor, a riqueza, o glamour, a fartura, o poder, e tudo mais. Mas tudo é muito mais: os guarda-roupas estão entupidos, sapatos e joias em suas caixinhas.

Tudo provém ao contrário, da carência global, da completa ausência de pensar em dividir. Cristo, o Deus feito homem, nasce da privação de posse e do desapego. Difícil, né?

Que significado civilizatório e cultural tem este fato?  Qual fato? O Natal?  A manjedoura? Ele contraria a tendência natural dos homens para aquilo que distingue. O homem, por natureza, admira não é só a riqueza, ou ganancia pelo poder, o homem admira a si mesmo, como se só houvesse ele, nunca o vizinho.

Olhamos para nós no espelho, uma calota esférica, para o que se passa à nossa volta e percebemos que a riqueza, o brilho, a dominação, a fama, a glória, tudo é desse mundo.

Na ótica severa do que nós, homens, somos, o presépio é lindo, mas o fato de ser lindo, não é o significado real. E é tão absurdo que não se desencana ao contrário. Basta ver as festas natalícias, sempre coloridas.

Não é apenas um absurdo interessante na cultura de raiz de todas as civilizações. É também espantoso. A atenção do Papa Francisco, para indignação de tantos com e tantos sem, tem dado aos pobres à condição de pobreza eterna.

Nunca vi tanta gente preocupadíssima com a saúde, certamente por conta da Covid 19. Ou seja, solidário na hora do câncer,  nem como lembrou Otto Lara Resende.

Este é o tempo em que, apesar da dor, o presépio reina sobre a nossa imaginação. Então, feliz Natal, antes do Natal!

Kapetadas

1 – Biscoito de maisena com manteiga é melhor do que muita sobremesa. Mas vocês não estão preparados pra essa conversa.

2 – Pois é, a coisa mais desinteressante que existe é um interesse só, somente só.

3 – Som na caixa: “Se é praga ou oração/ Mil vezes cantarei!/ Laia ladaia sabadana ave-maria …”.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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