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Antônio Colaço Martins Filho é chanceler do Centro Universitário Fametro – UNIFAMETRO (CE). Diretor Executivo de Ensino do Centro Universitário UNIESP (PB). Doutor em Ciências Jurídicas Gerais pela Universidade do Minho – UMINHO (Portugal), Mestre em Ciências Jurídico-Filosóficas pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto (Portugal), Graduado em Direito pela Universidade Federal do Ceará. Autor das obras: “Da Comissão Nacional da Verdade: incidências epistemiológicas”; “Direitos Sociais: uma década de justiciabilidade no STF”. E-mail: [email protected]

Margarida quer aula

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publicado em 30/11/2020 às 07h37

A jovem estudante Margarida, consumida pelo tédio que costuma acometer jovens estudantes em sala de aula, suspirou, mentalmente: “…se ao menos um avião entrasse por uma janela e saísse por outra!”
Comparada ao aborrecido relato do personagem de Mário Quintana (“Pequenos tormentos da vida”) acima transcrito, a atual proibição de aulas teóricas presenciais se assemelha a uma distopia. Que o digam as hordas de jovens em idade escolar e universitária ansiosas pelo retorno à experiência que parecia apática e sem fim para Margarida.

Grandes catástrofes humanitárias têm o condão de pôr as situações em perspectiva. Ou, ao menos, dar-nos novas perspectivas sobre as nossas experiências habituais. O ensino particular, de forma geral, emerge da pandemia com novas perspectivas mercadológicas, gerenciais e metodológicas.

Os alunos do ensino superior passaram a aceitar mais a Educação a Distância, conforme secundam pesquisas do Educa Insights e da Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior). A escola virou ao avesso, dando aos pais a perspectiva que apenas seus filhos tinham. Os professores, verdadeiros heróis, superaram os próprios limites tecnológicos e entraram em contato com as dificuldades dos alunos nessa área.

A contemplação de outras perspectivas dos alunos e a aproximação virtual são oportunidades para que escolas e universidades construam ou fortaleçam, doravante, uma relação colaborativa com os alunos e outras partes interessadas (família, empregadores, professores, funcionários). Essa constante interação permite que as Instituições entendam melhor o que os alunos buscam ao contratar os seus serviços, bem como favorece a constante avaliação e adaptação dos serviços prestados às necessidades das partes interessadas.

Sob o prisma da geração de valor, a proibição legal de aulas presenciais se encarregou de reduzir um aspecto do ensino valorizado pelos alunos – a convivência social (fazer networking, criar laços, estar com amigos).

Nessa mesma perspectiva, quando insistem na postura de distanciamento em relação ao cliente, algumas instituições educacionais particulares elevam o que deveriam reduzir (quantidade de horas de aula online, em alguns casos) e criam atividades que não agregam valor, a exemplo da virtualização de atividades que só fazem sentido presencialmente e da contratação de bibliotecas virtuais, com milhares de livros irrelevantes para a formação da maioria dos alunos.

Em jeito de conclusão, a pandemia permite que o gestor educacional revisite os propósitos e as estratégias institucionais, a partir de novas perspectivas. Cremos que a capacidade de identificar e de se adaptar rapidamente às necessidades (declaradas e não declaradas, existentes e futuras) dos clientes será um dos mais importantes diferenciais competitivos das Instituições educacionais da livre iniciativa.

*Texto dedicado à Professora Margarida Cavalcante, (foto) educadora por vocação, rebelde por natureza, eterna aprendiz, por ocasião do seu aniversário.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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