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“Meninas do Brasil”: Teresa Cristina, Rita Benneditto e Jussara Silveira

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publicado em 24/10/2020 às 10h13
atualizado em 24/10/2020 às 13h20

Kubitschek Pinheiro – MaisPB

Uma é carioca, outra nasceu no Maranhão e a terceira é mineira. Juntas, Teresa Cristina, Rita Benneditto e Jussara Silveira formam as Três Meninas do Brasil, numa viagem da diversidade da música brasileira, com direção musical de Jaime Alem. O espetáculo, que foi registrado no Teatro Municipal de Niterói, lançado em CD e DVD pela Quitanda, selo de Maria Bethânia, chega agora, às plataformas no formato de álbum digital. O show pode ser visto na íntegra no canal da Biscoito Fino no YouTube.

As três cantoras dispensam apresentações. Jussara Silveira passeia pelas nuances da canção popular mais sofisticada. Rita Benneditto que iniciou a carreira como Rita Ribeiro, traduz, em sua música, uma mistura de MPB, cultura pop e a chamada “música popular de raiz”. Já Teresa Cristina, a “rainha das lives”, (que entrevistamos em setembro passado), construiu sua premiada carreira pelas diferentes vertentes do samba e a da música popular. Seu trabalho ao lado do Grupo Semente teve forte influência na revitalização da Lapa carioca e sua carreira solo já a consagra como uma das mais prestigiadas sambistas de sua geração.

O repertório do show é traz a riqueza da música brasileira entre clássicos e canções conhecidas. De Luiz Gonzaga a Dorival Caymmi, Antônio Vieira, Sérgio Sampaio, Carlinhos Brown, Zeca Baleiro, Chico Buarque, Caetano Veloso, o paraibano Zé Ramalho e Tom Zé, entre outros. Há também composições próprias e um resgate de sucessos considerados mais populares, como “Pôxa”, de Gilson, e “Impossível Acreditar Que Perdi Você”, de Márcio Greyck.

O maestro Jaime Alem comanda a banda formada por Rômulo Gomes (baixo e vocais), Cláudio Brito e Thiago da Serrinha (percussão), Marcelo Costa (bateria e percussão), além de Israel Dantas (violões, guitarra e cavaquinho). A direção do DVD é de Daniel Ferro e Rafael Mellin.

As três cantoras conversaram com o MaisPB e contam tudo desse projeto. Quem não tem o CD físico, pode ouvir à vontade nas plataformas. É bom demais.

Rita Benedditto

MaisPB – Rita esse disco, esse show, Três Meninas do Brasil, poderia até ser retomado?

Rita – O projeto Três Meninas do Brasil, que eu tenho muito orgulho de ter realizado junto com Teresa Cristina e Jussara Silveira, está completando 12 anos e somente agora está sendo distribuído nas plataformas digitais. Mas eu acho que o tempo é soberano e o que é bom se torna atemporal, e eu considero esse trabalho muito bom, ele será sempre belo em qualquer tempo. E principalmente nesses tempos de pandemia, de caos total na sociedade global, no contexto mundial.

MaisPB – A arte está sempre viva, não é?

Rita – A arte tem contribuído muito para que milhões de pessoas possam superar e administrar com calma e paciência esse momento tão delicado que todos nós, que o planeta está passando. Esse show é também uma realização da minha produtora, e também empresária Elsa Ribeiro. Então, isso simboliza que juntos somos mais fortes, e que a música realmente é um bálsamo, um caminho de transformação, de transcendência.

MaisPB – Como aconteceu a escolha do repertório?

Rita – Foi um dos momentos bem divertidos e prazerosos do processo desse trabalho, porque a gente se encontrava para conversar, para lembrar de músicas, eu, Teresa, Jussara, Jaime Alem, o Jean Wyllys, porque o Jean fez a direção artística e também ajudou na seleção do repertório. E a gente se reunia para cada uma puxar do seu baú, lembrar de canções que marcaram, que pudesse também retratar essa Brasil plural, tão diverso. Como a própria música “Três Meninas do Brasil”, (de Moraes Moreira), que dá título ao projeto, “Mulher Nova Bonita e Carinhosa”, e tantas outras músicas que de alguma maneira nos identificam.

MaisPB – O que Rita anda fazendo nesse tempo de pandemia?

Rita – Tentando sobreviver na medida do possível. Eu sou muito agradecida por ter, como artista brasileira diante das circunstâncias de desmonte da cultura do país, não só agora no período de pandemia, mas já anteriormente. A cultura já vinha sofrendo golpes brutais e isso nos entristece muito porque cultura não é só para entretenimento, ela mobiliza uma economia criativa muito grande em todo o país.

MaisPB – A luta pela sobrevivência é diária…

Rita – Nós artistas, principalmente os independentes como eu, que não temos megaestruturas, nem super patrocinadores, a gente tenta se reinventar a cada dia, uma vez que continuamos em pandemia e nesse contexto eu venho entrando no esquema das lives. Já fiz várias, tenho feito, e tem sido uma experiência nova, mas nunca vai ser igual ao contato direto com a plateia como acontece nos shows, mas temos que criar formas de sobreviver com criatividade e produzir conteúdo.

MaisPB – E os singles?

Rita – Tenho feito vários singles, lancei agora um single que se chama “Amor Maior”, fiz uma live para lançar esse single, a minha ideia é continuar fazendo lives e lançando singles. Paralelo a isso eu fiz uma live em homenagem ao Bumba-Meu-Boi do Maranhão, que esse ano recebeu o título de Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade, foi muito bonito reverenciar os mestres da cultura popular do meu estado, tenho recebido muitos convites para participar de lives. Tenho estudado bastante coisas que me interessam, que tinha curiosidade de aprender, mas que nessa correria da gente nunca acha tempo. É impressionante como o tempo ficou muito louco mesmo dentro de casa, sabe? O dia não está mais cabendo em 24 horas.

MaisPB – Novidades para 2021?

Rita – Eu pretendo continuar realizando meu show Sábado Benedito, um show dedicado ao samba. Pretendo dar continuidade ao TecnoMacumba, que esse ano de 2020 completa 18 anos. Eu vou estar sempre fazendo esse show porque as pessoas adoram… Tenho um projeto para gravar que está pronto: “Rita Benedito convida Jaime Alem”. Com muita esperança de que o sol volte a brilhar para todos nós, que a nossa cultura consiga encontrar um caminho de sobrevivência, com dignidade, com respeito, porque a cultura brasileira é o nosso grande tesouro.

Jussara Silveira

MaisPB- O que você achou da Biscoito Fino ter lançado o Projeto Três Meninas do Brasil nas plataformas?

Jussara – Achei muito importante, a Biscoito Fino lançar no digital todas as canções do disco Três Meninas do Brasil, além de também disponibilizar no YouTube a gravação original do show, porque eu também considero o encontro muito consistente de três cantoras já consolidadas no seu trabalho. E o encontro com o Jean Wyllys também, que está no lastro disso tudo, que construiu aquele repertório com a gente.

MaisPB– o Jean Wyllys teve participação importante nesse projeto?

Jussara – Sim, Fizemos encontros agradabilíssimos na casa dele, cada uma levava sugestões de canções da música popular brasileira. Três Meninas do Brasil foi um projeto consistente por isso. Em primeiro lugar, por reunir três mulheres cantando e unindo esse repertório variado. Segundo, foi o fato de ter sido acolhido pelo Jaime Alem, que arregimentou uma banda incrível. Como era lindo poder fazer show com uma banda grande! E tudo isso foi alicerçado pela Biscoito Fino, por Maria Bethânia que resolveu lançar o disco pelo selo dela, pelo Quitanda, que é da gravadora Biscoito Fino. Foi um projeto acolhido de várias formas.

MaisPB – E quem mais?

Jussara – Teve também a presença da Elza Ribeiro, da Mana Chica Produções, que fez esse projeto chegar onde chegou, e minhas colegas queridas, cantoras maravilhosas, Teresa Cristina e Rita Benedditto, com quem eu tive um prazer imenso de conviver e cantar. Vozes lindas, cada uma no seu estilo, cada uma com o seu sotaque. Eu acho o trabalho muito rico e sentia falta de tê-lo no digital, é um oásis, um descanso nessa confusão toda, você abrir uma plataforma digital e escutar as Três Meninas do Brasil.

Teresa Cristina

MaisPB – O CD que a Biscoito Fino lançou na plataformas, “Três Meninas do Brasil” agora está nas plataformas e chega a milhares de fãs. Vamos falar desse momento, desse show?

Teresa Cristina – Eu gostei muito, foi tão bom. No dia da gravação no Teatro Municipal de Niterói, foi emocionante. Foi um encontro bonito da gente cantado as três, só canções lindas. Eu gostei do disco digital ter saído agora, porque quem não tem o físico, poderá nos ouvir.

MaisPB – Vocês cantam Gonzaga, Caymmi, Antonio Vieira, Sérgio Sampaio. Tanta gente…

Teresa – A gente foi conversamos e cantando, ensaiando e nos descobrimos nessas canções maravilhosas brasileiras.

MaisPB – A interpretação de Mulher Nova Bonita e Carinhosa de Zé Ramalho é arrepiante…

Teresa Cristina – Essa canção é muito bonita, tem as citações da mitologia, fala em Lampião. Adoramos gravar.

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