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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Um bilhete para Ângela

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publicado em 20/10/2020 às 06h47

Tudo na mulher é ímpar, porque nem toda ela é par. Nada se repete. Talvez, um bilhete amoroso. Ou, muitos bilhetes que chegam pelo WhatsApp. Nem toda pessoa é um par ímpar na vida. Ângela Bezerra é ímpar. Se eu quisesse escreveria todos os dias sobre Ângela e não me faltaria assunto, nem motivo. Nossos telefonemas demorados, entre risadas e aprendizados, me deixam mais ímpar.
Uma questão tem me acompanhado, do que outras tantas: qual é o nosso lugar no mundo? Os livros? Nosso lugar vai além do pensamento, embora sejamos livrescos. Qual o lugar da gente na outra pessoa? Meu pai dizia que eu morava no coração dele. Ângela mora no meu pensamento.
O que define realmente esse lugar? A sorte, as escolhas, a vontade? Ou estamos todos predestinados a procurar? Ângela Maria, “Você em minha vida”, “Babalú”. Ângela RoRo, o grande escândalo é ela só no palco. Ângela Bezerra é a mãe de Leãozinho.(foto)
O lugar de cada um é determinado pela profissão? É, pode ser. Ângela Bezerra é uma ensaísta brasileira, professora e agora presidente da Academia Paraibana de Letras. Normal. É a primeira a mulher a presidir a APL? É sim, mas outras virão. Ângela abriu o caminho.
E o nosso lugar, seria na cadeia produtiva cultural? É, deve ser. Sem cultura seriamos opacos, sem sentido, murchos. Idiotas não competem com a vida real. Ou esse lugar, algo que transcende e é definido por alguma força que tem outro nome? Ah! Sim, talento, competência. Ou pela revolução do espírito, da nossa alma ou algo similar?
Ângela já chegou ao topo e vai bem mais. Seu mundo, o começo dos degraus e as características que assumimos como nossas, é o que diz quem somos. Escreveu não leu, já sabe…
Integridade, justiça, coragem e verdade nos colocam num lugar diferente de quem escolhe outros faróis, que julgam mais luminosos. Puro engano. Ora, nada é mais relevante que o ser, seu posicionamento diante da vida. Ângela é a sua própria escolha.
A vida não é um lugar diferente de quem opta por características socialmente valorizadas. Nada de material nos eleva. Matemos a vaidade. E tem o lugar de gente que diz bobagens, enganam e mentem. Estamos longe.
Herdamos algo que nos especifica? Sim, herdamos da nossa família. Dos livros que lemos. Ou o lugar no mundo se relaciona com o atual, o meio em que vivemos ou com as pessoas com quem convivemos. Pode ser. O velho ditado “diga-me com quem andas…” Ângela Bezerra sabe onde pisa.
Diante de tantas perguntas, como encontramos nosso lugar, Ângela? Esse lugar vai nos reconhecer quando nos encontrarmos depois da pandemia?
Um lugar. Uma vez encontrado é igual a fé e não teóloga, mas como diria Adélia, “posso mudar de lugar quando quiser”. Já mudamos.
Caberemos nesse lugar? Sim, não é feito sob medida, mas do tamanho de nossa consciência.
Pois bem, dentro do meu livro de leitura eletrônico, encontrei um bilhete de Ângela, em que diz assim: “Concordo Chek, o amor nem precisa ser um livro. Um poema já seria tudo. Guardado eternamente”. Isso dela dizer eternamente, me fez fazer Um bilhete para Ângela. Só!

Kapetadas
1 – Eu li que Deus parou de escrever certo por linhas tortas. Resolveu se proteger com criptografia.
2 – (Faz sentido ler nos dois sentidos, entre parênteses?)
3 – Som na caixa: “Eu vejo em minha frente Ângela/ Misteriosamente Ângela/ Enquanto nos surpreende o amor/ Oh Ângela”, de Jobim

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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