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Para evitar bronca de Dilma, ministro estuda planilha na madrugada

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publicado em 15/12/2012 ás 14h20

Todo ministro que assume uma vaga na Esplanada passa por uma espécie de sabatina desde a primeira reunião com a presença da presidenta Dilma Rousseff. Os auxiliares sabem: a chefe é durona e não gosta de papo-furado.

Para ter certeza de que os ministros estão se dedicando à gestão das pastas, Dilma costuma submeter seus escolhidos a testes, como se aplicasse uma prova escolar. Muitas vezes na frente dos colegas. Se o ministro responde e demonstra domínio do assunto, ganha salvo-conduto até o surgimento de outra dúvida sobre a administração da pasta. Mas se vacila, gagueja e não demonstra segurança sobre as informações de seu ministério, passa a ser cobrado cada vez com mais rigor. Há casos até de ameaças de demissão. Ciente disso, nos últimos dois anos, alguns ministros passaram a se esforçar mais para evitar broncas.

Fazem serão e trabalham até nos fins de semana, ralando para permanecer no cargo. É o caso principalmente do ministro da Previdência, Garibaldi Alves. Depois de ser alvo de uma série de esculachos públicos, ele iniciou um supletivo para conseguir gabaritar as provas da presidenta. “Presidenta, eu quero apresentar uma ideia para um novo projeto”, tentava o ministro. “De onde você vai tirar o dinheiro?”, devolvia Dilma. “Podemos resolver o problema com uma estratégia alternativa”, arriscava Garibaldi, para logo ser rebatido pela presidenta: “Não vamos brincar à beira do precipício.” Diante de um muro intransponível para argumentos políticos, o ministro da Previdência reparou que os amantes das planilhas de Excel “apanhavam” menos. Convocou, então, um corpo técnico para auxiliá-lo nos estudos. Dedicou de 12 a 15 horas por dia para destrinchar gráficos.

O teste de fogo foi no início deste ano, quando o Congresso discutia a criação do fundo que vai custear a previdência complementar dos servidores públicos, o Funpresp. O governo queria se livrar dos custos dos benefícios especiais e transferir para as receitas do fundo as despesas com as aposentadorias para mulheres, professores e policiais, que se aposentam com menos tempo de contribuição.

O ministro da Previdência relatou a Dilma que os parlamentares rejeitariam o texto do governo. “Desse jeito não passa, presidenta”, tentou. “Não interessa”, ela respondeu ríspida. “Conversei com as bancadas, estão dispostos a aprovar rápido, com a ressalva das aposentadorias especiais. Desse jeito não passa, eles vão votar com a emenda”, continuou Garibaldi, com seu jeito manso. “Eu veto!”, disse Dilma, encerrando a conversa e levantando-se da cadeira de modo a deixar claro que o ministro deveria sair do gabinete.

IstoÉ

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