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Médico. Psicoterapeuta. Doutor em Psiquiatria e Diretor do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba. Contato: [email protected]

Poluição sonora voluntária

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publicado em 01/09/2020 às 07h00
atualizado em 31/08/2020 às 16h37

Não tem arrodeios. Vou ser orgânico, reto e direto. Li que a Polícia Militar andou apreendendo algumas motos devido ao barulho que fazem. Quase todo dia, reclamo: como as autoridades deixam motos sair perturbando a todos em plena Capital? Eu não entendo. Começaram a tomar alguma providência. Ainda bem. Meu contentamento, no entanto, demorou pouco. Sábado à noite, foram muitas nos perturbando. Não moro em rua movimentada, não Senhor. . Moro a dois quarteirões do Shopping, ou seja, um pouquinho distante do Retão de Manaíra. Nem por isso, o barulho nos deixa em paz.

Eu sou tolerante. Também procuro entender os mais jovens. As extravagâncias. Os excessos. As teimosias. Como as fiz um dia. Porém, deve haver um limite claro entre o que diz respeito somente a mim, e o que invade o direito de todos. Bem sei que não temos direito ao silêncio. Faz tempo. Progresso. Aumento das cidades. Contudo, haveremos de ter comedimento, senão será insuportável. Não entendo é como o sujeito compra uma moto e altera, voluntariamente, as configurações de fábrica, provocando barulhos demasiados, sem levar em conta o que isso significa para todos. É demais, não?

Nem falo pela minha audição que reclama quando sons altos lhe invadem. Falta uma consulta. Uma audiometria. Mas, o que sei é que o barulho me tira do equilíbrio. Deixe-me de fora. Que tal pensarmos nos pets, nos idosos, nas crianças. Se não bastar, invoco em nome das pessoas com autismo, para quem o barulho se torna desesperador. Será que poderíamos ajudá-las a suportar a poluição sonora que já existe? Se não sabem, o ruído em excesso, o som indesejado, é considerado uma das formas graves de agressão ao homem e ao meio ambiente.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o limite tolerável ao ouvido humano é de 65 dB (A). Acima disso, há prejuízos para nossa saúde. Estresse, com todas as suas consequências e desarmonia orgânica, aumentando o risco de várias doenças; insônia, problemas mentais outros. Acima de 85 dB (A) aumenta bastante essas possibilidades; e aí, partirmos para o comprometimento auditivo, a depender da amplitude do barulho e do tempo de exposição. Diminuição da audição. Surdez.

Não vou invocar as leis que existem. Para mim, bastaria a boa educação, a urbanidade e a sociabilidade. Se o(a) cara quer passar avisando a todos que está numa moto, que exiba sua performance no Instagram. Demonstre respeito ao ambiente em que ele e sua família vivem. Até gostaria de lembrar à PM, e aos órgãos de trânsito ,que não precisa fazer blitz, gastando dinheiro público, para identificar esses fora da lei. Basta disponibilizar um telefone, e nos avisar, que denunciaremos todos eles. Fácil. Terão, em pouco tempo, todas as placas de motos e carros irregulares.. Usem-nos, enquanto cidadãos, para fazer cumprir a lei a quem a ignora. Autistas e o povo em geral agradecem.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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