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Magistrado, colaborador do Diário de Pernambuco, leitor semiótico, vivendo num mundo de discos, livros e livre pensar. E-mail: [email protected]

Conversa de cerca-lourenço

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publicado em 13/08/2020 às 06h28
atualizado em 13/08/2020 às 04h08

Sempre acreditei no poder do diálogo, na sensatez de uma conversa franca, olho no olho. Não há problema insolúvel diante da verdade exposta. O adagio popular vaticina que só não existe solução para a morte. Mas o que é a indesejada?

Quem responde é o músico, compositor e poeta Jayme Ovalle (1894 – 1955), na famosa entrevista que concedeu a Otto Lara Resende e Vinícius de Moraes ( foto de Julia Moraes)  para a revista Flan, publicada em maio de 1953:” É a única coisa completamente nossa (a morte). A única coisa que não é social na criatura. É a única coisa individual, própria, que a gente alimenta desde que nasce. A morte é nossa filhinha querida. Todo o resto não nos pertence. Nosso nascimento, por exemplo, é dos nossos pais”.

Mesmo diante dessa constatação tem gente que pensa diferente, que se apega com unhas, dentes e egoísmo às coisas materiais. Não lembra que só levará consigo para a sepultura a sua morte. Ou será ela que o levará? Tanto faz. Como já cantou Vinícius de Moraes “por cima uma laje, embaixo é a escuridão”.

Mas, enquanto estamos por aqui vamos pautar nossa vida com a conjugação dos verbos amar e viver; escolher sempre as palavras adequadas pra não ferir ninguém; não achar que somente a grama do vizinho é mais verde, e tome lugar-comum, e dá-lhe clichê, blá-blá-blá e mi-mi-mi, que o momento não está para brincadeira nem “conversa afiada”. Faça uma refeição balanceada, não se empanturre de coxinhas nem se alimente exclusivamente de pão com mortadela. Legumes e verduras darão ao seu prato cores alegres.

Não sei o porquê, mas lembrei de minha avó, que com a sabedoria dos antigos teria me dito: vá à baixa-da-égua com essa conversa de cerca-lourenço.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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